Cap. 8

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Ane sentiu imensa vontade de cavar um buraco e se enterrar nele. Entrou no colégio, cujo era o maior e mais completo da cidade, sob os olhares curiosos de todos os alunos.

No entanto, ter Talita ao seu lado lhe dava uma espécie de segurança, qual por mais que tentasse, não conseguia precisar. Talvez, por esse motivo, estaria fazendo tanto sucesso. Ela parecia ser bem popular. Cumprimentava um após o outro, abrindo aquele lindo sorriso que Ane conhecia bem. Mas tinha que admitir, que também era a atração principal, a “ carne nova no pedaço”. Elas formavam um tipo de dupla dinâmica. Era muito tímida para se envaidecer.

Seguiu Talita até a sala do segundo ano, depois de atravessar vários corredores enormes e ir parar no andar de cima.

Assim que adentraram a sala, Talita se sentou no seu lugar de costume e apontando uma terceira carteira na primeira fileira avisou:

- Está vazio.

Ane suspirou aborrecida, analisou a distância que ficaria dela, mas procurou disfarçar a frustração, esbravejou indo em direção do assento:

- Ótimo, assim fico longe de você!!!

Talita riu, se acomodou na sua mesa, que ficava do outro lado da sala perto da janela. Não ficava com raiva. Achava tudo uma grande e deliciosa brincadeira.

Logo, a sala foi tomada pelos outros alunos e a campainha soou.

Uma senhora de óculos entrou e descansou seus objetos sobre a mesa. Observou os alunos retirando seus materiais da mochila e se preparando para a aula. Viu Ane sentada encolhida no canto e pediu:

- Antes de começarmos, peço que se apresente para a turma senhorita... - pausou conferindo um papel. - senhorita Medrado.

Ane enrubesceu. Não tinha muita facilidade de adaptação e interação em ambiente desconhecido. Se habituava aos poucos. Se levantou envergonhada e falou quase gaguejando:

- Sou Liliane, acabei de me mudar de Curitiba. Mas TODOS ME CHAMAM DE ANE - isto meio que soou como uma exigência indireta e Talita abre um sorrisinho de canto a achando tolamente engraçada e acaba recebendo um olhar fulminante da professora que é extremamente rígida. Dá com os ombros e ganha uma revirada de olhos de Ane que acaba percebendo que ela não deseja facilitar sua estadia naquele fim de mundo.

Talita enciumou ao perceber os olhares de cobiça dos rapazes. Não gostou nada daquilo. Porém não tirava a razão deles, Ane era realmente linda.

- Muito bem, meu nome é Hilda e sou a professora de português. Seja bem-vinda, qualquer dúvida me pergunte.

Ane assentiu sussurrando um obrigada e se sentou novamente, bastante aliviada por ter deixado de ser o foco principal dali.

Hilda começou a explicar uma matéria que ela já tinha visto na antiga escola, e quando deu por si estava cochilando, com o queixo apoiado no punho.

Quando abriu os olhos, a sala estava vazia, e as paredes tinham uma cor branca, as janelas haviam sumido. Sentiu como se estivesse num quarto de manicômio.

Seu coração descompassou. Aquilo era assustador. De repente, sua mãe surgiu chorando, tomou o lápis dela bruscamente e escreveu sótão com força até rasgar o papel.

Iolanda tinha a face dura e parecia irritada. Muito diferente da mãe carinhosa e amável que conhecia e estava acostumada.

- Senhorita Ane!!! - Hilda gritou sendo irônica com o apelido da garota se aproximando dela.

Ane despertou de um susto. A sala inteira olhava para ela, alguns riam e cochichavam.

- Quer um travesseiro para ficar mais confortável? - completou Hilda num tom ainda mais debochado e Ane sentiu vontade de responder que sim, porém seria muito atrevimento e receberia uma punição por isso. - Está achando minha aula chata, ou é tão inteligente que não precisa assisti-la? - dispara com rispidez.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora