Cap. 41

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Ane sentia que o destino estava brincando cruelmente com ela. Não suportaria perder mais alguém que amava.

No quarto, dona Cleuza tinha a tez pálida e as mãos frias. A ruiva sentou eufórica ao lado dela na beira da cama.

- Vó! Por favor, não me assuste... - pediu chorando beijando-a amorosamente na testa.

A velha não respondeu. As palavras pareciam engasgadas e suas forças esvaídas.

Liliane deitou a cabeça em seu peito dando livre curso às lágrimas.

- Por favor vó, não me deixe...

Matilda e Talita chegaram uns dez minutos depois, acompanhadas do médico. Enquanto esperavam, a mulher colocava a filha a par da situação da idosa tão querida.

A vaqueira pegou a namorada educadamente pelos braços para afastá-la de dona Cleuza, no intuito de que o médico tivesse espaço para fazer seu trabalho.

- Vem Ane, ela precisa ser examinada.

A ruiva relutou por alguns instantes, até que racionalmente, decidiu obedecer. Porque quanto antes sua vó fosse devidamente atendida mais chances teria de se recuperar.

As duas saíram do quarto deixando Matilda com doutor Júlio, porque como cuidadora, só ela poderia discorrer eficientemente sobre o estado da mulher de cabelos brancos.

- Por que isto está acontecendo Talita? Parece que estou numa novela mexicana! Isso não acaba nunca? Quando terei paz? Por que a vida é tão difícil, não merecemos um final digno?

- Calma Ane. Dona Cleuza vai ficar bem - Talita garante beijando-a na testa enquanto a mantém protegida em seus braços. Por fora mostrava força para não abalar Ane ainda mais, porém, por dentro estava aos frangalhos desde a tentativa de estupro. Depois disso, veio a doença de Tião e sua morte, e agora dona Cleuza também parecia querer partir desta, pra melhor, quem sabe.

Ane não respondeu, apenas a abraçou forte, como se fosse um animal indefeso sendo caçado impiedosamente num círculo vicioso de circunstâncias doridas.

Longos minutos depois, a mestiça saiu do quarto.

- O que ela tem? - Ane dispara desvencilhando-se da noiva.

- Está com dificuldade de respirar. Doutor Júlio pediu uma ambulância, vou ligar para o hospital.

Ane se pôs a chorar de novo com mais desespero.

- Calma sardentinha. Vai dar tudo certo.

- Talita tem razão Ane. Já volto.

Matilda ligou pedindo o socorro, e eles ficaram aguardando por um pouco mais de meia hora, até que finalmente a ambulância chegou.

Dona Cleuza foi acomodada no carro e foi levada para o hospital, Matilda foi com ela.

Ane e Talita foram na caminhonete.

Uma vez que chegaram lá, ficaram aguardando na recepção por quase uma hora.

Quando enfim Matilda surgiu, Ane e Talita levantaram apreensivas, esperando com ansiedade pelo prontuário.

- É pneumonia. Ela teve uma gripe recentemente e não foi completamente curada. Vai ter que ficar internada para o tratamento.

- Mas ela vai ficar bem? - insistiu Ane.

- Esperemos e confiemos que sim. Afinal das contas, a idade pesa complicando a situação, temos que ser realistas. Mas se Deus permitir vai dar tudo certo.

- Tem razão - Ane concordou cabisbaixa.

- Talita, pode me levar em casa pra pegar umas roupas? Vou fazer companhia pra ela.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora