- Nada. Me deixa sozinho - falou com muita dificuldade.
- Ficou doido Tião? Tem sangue por todo quarto! Eu te ajudo a se levantar, vamos agora mesmo pro hospital! - Talita o agarrou pelos braços. Estava tremendo de nervoso.
- Não! - ele gritou se desvencilhando das mãos dela. - Não toque em mim. Quero ficar aqui. Entendeu?
- Mas o que é isso? Quer se matar? - ela se alterou, levantando-se.
- Sim, quero. Não suporto mais carregar essa dor dentro de mim, que está me consumindo pouco a pouco.
- Não fala assim, meu! Isso é suicídio! Se está doente precisa se tratar.
- Deixe-me morrer em paz Talita. Não vou fazer falta. Não tenho ninguém mesmo.
Talita arregalou os olhos. Nunca vira Tião daquele jeito. A situação era mesmo séria, e fugia de seu controle. Ela começou a chorar desesperada.
- Você tem à mim... Eu preciso de ti! Não faz isso comigo! Eu te tenho como um pai, um irmão, o amigo que nunca tive! Tu é meu único amigo porra!
- Virão outros peoa. Você é jovem, está começando a vida agora. Eu sou imprestável, não tenho nada de bom pra oferecer, as pessoas tem razão.
- Não, elas não têm! As pessoas só sabem julgar, falar do que não sabem! Por favor, não faz isso comigo, Tião. Vamos pro hospital.
- Eu só quero que essa dor no meu peito termine.
- E acha que morrendo isso vai se resolver? Nunca ouviu falar em vida após vida? Minha mãe vive me dizendo que só fazemos uma passagem, que as coisas continuam do outro lado. Pelo amor de Deus Tião! Paz e alegria é trabalho árduo de cada um. Tem que preservar sua saúde, a vida é dom divino, que não pode ser desperdiçada inutilmente.
- Se isso for mesmo verdade, vou reencontrar Iolanda, e poderei pedi-la perdão.
- Acha mesmo que vai encontrar com ela no estado em que está deixando o corpo? Vão estar em lugares diferentes, pois está cometendo um erro, atentando contra sua existência. Me deixa te ajudar - finalizou numa súplica.
- Eu preciso te contar o que houve.
- Não, não precisa. Chega dessa palhaçada, vamos agora mesmo procurar um médico! Não quero ouvir seu lixo! Se não me obedecer, eu vou embora pra nunca mais voltar.
Ele a fitou sem entusiasmo. Suas esperanças haviam findado, como as flores depois da primavera. Não queria mais sobreviver. Apenas ignorou-a e virou para o lado.
Observou Talita deixar o quarto, em passos concentrados, se esforçando para conter o pranto.
A moça apanhou a chave da caminhonete, e assim que entrou no automóvel suspirou com extrema profundidade. Não poderia simplesmente escapar do que se tornara de sua responsabilidade. Tião era uma criança rebelde, e o papel de mãe dedicada cabia à ela. Um verdadeiro amigo jamais abandonava o outro ainda mais naquela situação. Tentou se acalmar. O desespero de nada adiantaria. Não podia registrar Iolanda ali presente em espírito, sentada ao seu lado no banco do carona, lhe transmitindo a sabedoria necessária para o momento.
Dirigiu apressada, pela primeira vez ignorando o limite de velocidade, e estacionou na fazenda de dona Cleuza, chamando a mãe euforicamente.
Matilda que varria o quintal, se assustou. Levou a mão ao peito já pressentindo que algo não estava certo.
- O que aconteceu minha filha?
- Preciso da sua ajuda. É o Tião.
- O que ele arrumou?
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Teen Fiction+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...