Cap. 34

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- Oi Cordélia. Essa é a Ane.

De um rompante, a velha deu aconchegante abraço na ruiva, depois a soltou e fitando-a enfatizou com alegria:

- Ah! É ainda mais linda pessoalmente!

Ane corou com o elogio, mesmo sem entender o que a mulher quis dizer, afinal nunca haviam se visto. Mas Talita poderia ter comentado dela.

- Fique tranquila minha querida - Cordélia sugeriu  depois de uma breve telepatia.

Ane ruborizou ainda mais. A mulher parecia conseguir ler seus pensamentos e de fato podia.

- Vamos entrar. Acabei de cozinhar um alimento muito saboroso. É bom que me fazem companhia! Não sou muito de receber visitas. Por vezes prefiro a companhia dos animais e das plantas mas há exceções quando são almas bondosas como vocês e Adriano, ele é só uma criança perdida... - articula empurrando-as para dentro.

Talita dá de ombros. Tinham isso em comum e agora concordava com o novo ponto de vista sobre Adriano. Ane não entendeu nada mas viu veracidade em suas palavras.

Elas a obedeceram sem contestar porque estavam realmente famintas. Sentaram na mesa e Cordélia as serviu gentilmente. Havia preparado um assado de peixe com legumes.  Estava mesmo uma delícia. As jovens raparam o prato em poucos minutos. Cordélia as observou muito satisfeita. Como era de se prever, Talita repetiu umas duas vezes sem constrangimento algum, enquanto Ane revirava os olhos para sua atitude. A vaqueira ignorou despreocupadamente. Cordélia lhe fazia sentir como se fosse da família.

Depois de lavarem as louças, propositadamente, Talita interessou-se:

- Posso dar uma olhada nas seringueiras? Têm uma ótima sombra!

- Claro, vai lá - incentivou Cordélia.

Ane fez menção de acompanhar a namorada, mas a senhora pegou-a pela mão e educadamente pediu:

- Fique Ane.

Ela buscou o olhar de Talita, insegura.

- Tudo bem, eu já volto - Talita avisou transmitindo com um sorriso sem dentes que ela poderia confiar em Cordélia sem temores.

Mais serena, Ane concordou com um assentimento.

Uma vez sozinhas, a senhora encaminhou Ane até o jardim, onde sentaram-se confortavelmente sendo agraciadas pela visão magnífica da vívida natureza ao redor.

- Ane... Não tenha medo minha linda. Sei o que se passa por sua mente aflita e seu coração angustiado - aconselha com um tom de voz capaz de curar a alma mais desesperada.

- Sabe? - Ane surpreendeu-se sentindo-se abraçada pela energia benéfica do ambiente e da que vinha da mulher simples trajada num vestido colorido e os cabelos compridos quase totalmente brancos presos numa trança, com os traços que variavam levemente entre indígena e fortemente em negro.

- Sei. Sou como você.

- Não estou entendendo.

- O que você chama de maldição não é nada mais que um presente que deve ser imensamente valorizado, pois te possibilitará a progredir interiormente e ajudar aos outros. É portadora de uma faculdade mediúnica chamada vidência.

- Ah... Então Talita estava com a razão quando disse que você poderia me ajudar.

- Sim, quando chegou aqui notei que ficou receosa. Talita não me falou nada a seu respeito. Eu tive uma visão muito antes de conhecê-la, em que você vinha até mim pedir ajuda pra lidar com seu dom. Acho que ela só foi a ponte que te conduziu até mim.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora