Antes do galo cantar Talita foi embora sem fazer ruídos. Não queria acordar os moradores da casa principalmente Ane que dormia tranquilamente. Tião deveria estar imensamente preocupado com seu sumiço. A garota estava mais leve do que quando chegou ali durante a madrugada com o coração pesado de angústia e rancor. Ane conseguira mesmo consolá-la com sua sensibilidade, paciência e ternura. Sentia que estavam mais próximas depois de começar a desnudar sua alma já que Ane nunca tivera dificuldades de demonstrar seus sentimentos. Mesmo que seja complicado admitir, ainda gosta de Adriano como o bom amigo que ele fora até ela se interessar por sua irmã. Contudo, era praticamente impossível resgatarem essa amizade pura e desinteressada porque o rapaz não a via apenas como amiga e sobretudo não respeitava sua sexualidade. Assim sendo, fica difícil de se entenderem e se reconciliarem. Talita estava conformada com este fato.
Quando chegou no sítio, Sebastião já estava acordado preparando o café. Assim que a viu, lhe lançou um olhar de reprovação.
- Se ia dormir fora, custava avisar?
- Tive um problema. Desculpe.
- Sabe que gosto muito de ti menina. Vê se se cuida. Quero o seu bem.
- Eu sei. Foi mal.
- Não devia estar indo pro colégio? - investigou ele conferindo o relógio de pulso.
- Não estou com cabeça pra estudar hoje - foi o que se limitou a dizer porque queria dar o assunto de Adriano como encerrado. Nada mudaria a situação de ambos.
- Eita! - semicerra os olhos rígido. - Não quero saber de você faltando!
- É só por hoje.
- Certo, - resolve concordar porque sabia que Talita era uma excelente aluna. Ela deveria estar naqueles dias e ele preferiu atenuar já que isto quase nunca acontecia. - Senta aí - sugeriu apontando a cadeira.
Ela obedeceu. Ao movimentar-se num gesto de gentileza, servindo-a, Tião começou a tossir incontrolavelmente. A moça se levantou para ampará-lo imediatamente.
- O que você tem? - perguntou preocupada.
- Nada. Só engasguei.
Talita o olhou desconfiada. Só então percebeu o quanto ele estava pálido, mais magro e sentimental, e com a feição cansada.
- Tem certeza?
- Sim, vaso ruim não quebra fácil.
- Você precisa dar um tempo nas bebedeiras. Isto não vai trazer a Iolanda de volta. Devia pelo menos dar valor a Ane, pois é ela quem está aqui.
- Quem tu pensa que é pra falar assim comigo? - vociferou assassinando-a com o olhar severo.
Talita engoliu seco. O homem lhe fulminou com o olhar. Odiava vê-lo alterado. Ele mudava completamente. Parecia outra pessoa.
- Cuida da sua vida! - Tião arrematou largando a xícara e afastando-se em passos rápidos sem vontade de confrontá-la.
Talita ficou ali, anestesiada com a bronca, mas não se arrependeu de adverti-lo. Pensou até em voltar a morar com a mãe, mas não se daria por vencida, era mais forte, não seria aquilo que a derrubaria. Não era de desistir facilmente de quem gostava. Mais cedo ou mais tarde ele iria acordar pra realidade e parar de fugir de si mesmo. Tomou seu café como se nada tivesse acontecido e seguiu para o haras.
***
Liza estava na recepção do hospital quando Tiago chegou se sentando ao lado dela.
- Ei! Vim assim que me ligou, nem fui para o colégio. Como ele está?
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Teen Fiction+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...