Cap. 31

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Adriano ajudou Talita chegar até o carro de Francisco. A vaqueira ainda tinha os vestígios da droga fluindo por seu organismo portanto estava zonza. No entanto, detalhista do jeito que é, notou que o automóvel pertencia ao amigo de Tiago. Sentindo-se cansada não só fisicamente mas também mentalmente, dispensou qualquer julgamento, imaginando que não deveria ter sido fácil para Adriano chegar até ali. Ele ajudou-a com cuidado a se sentar no banco do passageiro como se quisesse se redimir pelas burradas dos últimos meses e desde que descobriu que a vaqueira estava interessada em sua irmã e não nele. Talita o observou de soslaio sentar no banco do motorista e colocar o cinto. Ele estava bastante machucado porém não demonstrava que estava sentindo dor, pelo menos não as físicas. A verdade é que, Adriano se segurava para não derramar-se em prantos. O rapaz estava tão arrependido que mal conseguia encarar Talita e foi assim que dirigiu, completamente concentrado na estrada, não porque não conhecia a região e sim para fugir dos olhares recriminantes de Talita.

Também em silêncio, Talita desviava somente o olhar para estrada envolta pela natureza peculiar da cidade e o luar magnífico da madrugada, para ele tentando ler seus pensamentos. Refletia se o melhor não seria mesmo ir até a delegacia denunciar Tiago que era filho do delegado Moacir. Teria que enfrentar a mãe que com certeza iria prendê-la debaixo das suas asas novamente e consequentemente a vergonha por ter se deixado quase ser estuprada. Ela se achava culpada porque conhecia Tiago o suficiente para não confiar no garoto jamais. Além disso, com certeza Adriano seria responsabilizado já que é o delinquente juvenil mais temido do território. Como acusar o cara que acabou de te salvar de um estupro? Ela havia feito sua escolha. Muitas vezes não é a justiça limitada do homem quem condena os outros mas as pessoas mesmo.

De repente Adriano estaciona na estrada deserta assustando Talita que fica em modo de alerta e defesa devido ao trauma recente. O garoto retira o cinto e respira fundo. Dá dois socos no volante e passa as mãos nervosamente pelo rosto, extravasando a raiva e a frustração.

- Desculpa Talita. Isso está me sufocando!

- Do que você está falando? - investiga atônita.

- Eu tenho que pagar pelo que te fiz. O Tiago também. Vamos voltar e ir até o delegado Moacir.

- Para de ser trouxa! Tu acha mesmo que o senhor Moacir vai acreditar nas palavras de um bandido? - Adriano a fita com os olhos esbugalhados sentindo-se levemente ofendido. - Não me olha assim, é isso o que você é; um marginal! Eu fui sua amiga Adriano. Quando todos se afastaram de você! Quando todos tinham medo de ser acusados de comer farelo porque estavam andando com um porco! Perdi a conta das vezes que te defendi, que entrei em brigas por sua causa! Poxa! Qual é seu problema?

- Meu problema? Meu problema Talita? - vocifera. - É você ser lésbica!

- Ok. O que você quer que eu faça? Que eu seja uma dessas milhares de lésbicas que namoram, que se casam com homens só para agradar a família, as pessoas? Você quer me tocar contra a minha vontade? - ela puxa a mão dele e começa a passar em seus seios - Vamos me toca! Faça o que você quer!

- Para! Tu está maluca! - Adriano sai do carro estupefato.

Talita também sai, porém se encosta na porta e no teto para não cair sentindo ainda suas pernas fracas, grita:

- Você não pode me forçar a sentir algo que eu definitivamente não sinto!

Adriano anda de um lado para o outro desnorteado:

- Isso não tem nada a ver com sexo! - rebate enchendo os tênis da terra vermelha da estrada. - Eu te amo porra! Eu amo você! E eu só queria que você sentisse o mesmo!

Talita meneia a cabeça e respira fundo:

- Eu também te amo Adriano, mas é do mesmo jeito que eu amo o Teo. Você é um irmão pra mim. Por que é tão difícil pra você entender isso?

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora