Cap. 9

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Talita e Ane atravessaram a sala em total silêncio, com a maldosa intenção de burlar a rigidez de Matilda. A saga foi interrompida a um passo da saída pela voz severa da mulher num eco amedrontador.

- Aonde pensam que vão??

Ane e Talita cessaram e antes de virarem se entreolharam decepcionadas por terem gastado tanto energia no vão esforço de não fazer nenhum ruído sequer.

Matilda estava de braços cruzados as encarando com autoridade.

- Vamos dar uma volta - Talita arriscou.

- Ora essa! Se esqueceu que está de castigo por TEMPO INDETERMINADO?

- Ah!!! Qual é mãe! Não pode me prender para sempre! - revirava os olhos.

- Pensando bem não é uma má ideia! Só Deus sabe o que faz longe das minhas vistas!! - suspeita estreitando seus olhos escuros.

Ane esboçou um olhar de piedade e juntando as mãos as sacudindo, interferiu:

- Por favor!!! Tilda! Libera só por hoje, preciso me distrair um pouco, ficar em casa o tempo todo me sufoca. E eu não sei andar por aí sozinha - poderia aprender a se virar, mas era uma bela desculpa para ficar mais tempo com Talita.

Fundo suspiro escapou do peito de Matilda, tinha esperança de que Talita passasse a se comportar mais na presença de Ane, e não impediria delas se reaproximarem novamente, após angustiosos segundos de reflexão, concordou:

- Está bem!! Mas voltem antes do anoitecer.

Ane deu dois pulinhos com um sorriso de ponta a ponta e correu até Matilda lhe dando beijo carinhoso na face.

- Pode deixar!!!

- Vão logo antes que eu mude de ideia!!

Ane saiu depressa atrás de Talita que já estava com um pé do outro lado da porta, com medo da mãe desistir.

Talita nem se dera o trabalho de agradecê-la, mas Ane não deixou por menos, quando estavam pegando suas bicicletas na garagem falou:

- Me deve um muito obrigada!

Talita a fitou de forma indiferente e provocou:

- Se for pra jogar na minha cara, prefiro voltar voluntariamente pro castigo. Já que se acha a maioral vai sozinha! Não sobra espaço pra mim, não dá pra competir com seu ego.

Ane sentiu suas bochechas arderem de raiva, Talita não baixava a guarda em nenhum momento, montou na sua bike em silêncio como uma forma de demonstrar que não queria mais brigas e Talita a ultrapassou na sua; de guidão alto sem garupa, pedalando tranquilamente, entendendo o recado.

Depois de adentrarem a estrada, quando estavam metros longe da fazenda, Talita acelerou e sumiu na esquina. Ane a gritou várias vezes, tinha medo de ficar sozinha e aparecer algum animal feroz. Estava fora de forma e não conseguiu alcançá-la.

Quando por fim a acompanhou, a viu abandonando a bike e subindo em uma árvore que se fundia com o muro de uma residência.

Ane largou a bicicleta e se aproximou.

- O que está fazendo?? Desce daí!!

Talita que já estava no topo se preparando para atravessar o muro, sugeriu:

- Vem, sobe aí!

- Eu não!!! Ficou maluca??

Talita bufou:

- Af... Como tu é fresca meu! Então fica aí, e cuidado porque tem um tarado que anda por aqui essa hora! Há há...

Ane arregalou os olhos espantada. Olhou para trás e para os lados tremendo de medo, quando deu por si, Talita tinha sumido.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora