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Pâmella

Maratona 2/?

Não, não foi ele.

Eu não sei o que sentir, é um misto de combinações, é uma dor imensa.

João Victor Meireles não foi executado, João Victor Gonçalves com o vulgo de Bi, Gay, Mapoa foi executado.

Gay, negrA, LGBT, contra o nosso atual prefeito.

Ninguém sabe como foi, ninguém se quer imagina como aconteceu.

Eles mataram o meu xodó, a minha gay, a minha melhor amiga!

Não foi confundido com bandido, pois bandido não anda de short curto e cropped, bandido não anda de Guarda Chuva florido, bandido não pinta as unhas.

MATARAM ELA POR QUE O ESTADO É ASSIM, ELE TIRA VIDA, ACABA COM SONHOS POR PRECONCEITO, POR ÓDIO DE TED ALGUÉM COM OUTRA OPÇÃO SEXUAL, ALGUÉM DIFERENTE!

Eu estou arrasada, no mesmo dia em que chegou a mim a notícia de que o Dibala havia falecido, horas após o mesmo chegou lá em casa inteiro.

Lembro até hoje de como ele falava.

"Eu bem cara, vivo! Não era eu. Mas você precisa ser forte... Eu não consigo te contar isso, liga ai pra tua prima"

Depois disso a Sarah chegou chorando muito.

Eu já estava agoniada não sabia o que tava acontecendo, minha mente voava por qualquer outra pessoa menos na minha Gay, na minha Bi.

Foi aí que a Sarah gritou.

"MATARAM A JOÃO, MATARAM MINHA IRMÃ"

Dói muito, o peito arde, a dor da perda é incurável.

A ferida tá aberta, e sem previsão de cura.

Só quem já perdeu alguém muito querido sabe do que eu estou falando, sabe a dor que eu estou sentindo.

(...)

Hoje é o enterro, não tive forças pra ajudar a família dele a organizar.

Botei minha calça jeans, minha havaiana, e coloquei a blusa que fiz pra ele.

Toda branca com todas as nossas fotos espalhadas, e atrás um texto que eu mesma fiz.

"Não consigo entender os planos de Deus, sei que você jamais será esquecida mirmã, eu te amo eternamente! Brilha minha linda"

(...)

Entrei na capela e logo adentrei a sala junto da minha prima que chorava no meu ombro.

O padre fez a oração, a mãe dele chorava, gritava.

Eu queria me manter forte e consolar ela, mas eu mesma não conseguia.

Sai da sala e sentei em um dos bancos e ali me permiti chorar.

Meu corpo doía, eu sentia meu peito subindo e descendo, as nossas lembranças rodavam na minha mente, todos os nossos incríveis momentos, desde novinha.

- Vem cá, por favor, da o último Adeus pra ele, vocês eram muito amigos, eu achava tão linda, pura a amizade de vocês, esse laço. - a mãe dele me chamou, era a hora de levar o caixão pro cemitério.

- Até um dia minha linda, minha Bi, eu te amo muito! Eu jamais vou te esquecer. - beijei a testa dele e me debulhei em lágrimas, lágrimas de dor.

(...)

- 5 minutos. - o coveiro avisou.

Coloquei cuidadosamente a coroa com rosas vermelhas e brancas e deixei junto dele o nosso anel de Coco, que ele cismou de me fazer usar.

- Eu te amoooooooo! - gritei - Linda, maravilhosa!!!!!

Pamella (Recomeçar)Onde histórias criam vida. Descubra agora