Yorochi: Fome

2 1 0
                                    

No saguão principal do palácio, uma enorme mesa é posta pelos criados do clã Yorochi. De madeira rústica, com enormes panos brancos. Variadas comidas sobre bandejas de prata e ouro que diversificam de frutas pequenas, doces, carnes suculentas, além de grãos de arroz trazidos do exterior e cozidos pelos melhores cozinheiros do império.

Pessoas ricas e importantes almoçam com a dinastia Yorochi. A casta dos lordes das planícies estão agrupados no canto da mesa que dá para o interno do palácio. Aquele enorme arcabouço possui um portão que só era aberto correndo-o para a lateral. 

Adentrando o ferro sobre a massa de pedras que compõem as paredes, na beira da sua entrada duas escadarias, uma em cada canto, aparecem e fazem uma pequena curva dando no fim ao segundo andar.

Um enorme tapete vermelho liga a entrada até o trono, que fica no fundo da sala. Terminado de ferro, envolto por uma colossal cobra de aço, e o encosto com almofadas verdes macias. 

Abaixo dos pisos do segundo andar, pilastras de pedra clara os sustentam, e em cada uma delas presas a prego tinha estendida o estandarte da dinastia, com seu fundo verde e uma cobra vermelha, com seu corpo enrolado e seu olho em esmeralda.

No meio de todas aquelas cadeiras contadas, uma está vazia, justamente a do príncipe Edgar.

No momento em que o rei furioso olha para a cadeira os portões se abrem e o seu filho aparece, esbanjando sua beleza e falta de cortesia. O rapaz senta-se do lado de sua esposa, uma mulher loira de cabelos cacheados, faceta magricela, boca rosada e pescoço alongado, além seios fartos que pulam no decote do seu enroupado níveo.

No distinto flanco, um homem de cabelo preto e barba grossa que ele nem sequer faz questão de saber quem é.

Na sua frente, o seu irmão caçula brinca com a asa de frango. Ele utiliza a coroa de seu pai. Seu cabelo encaracolado se enrola naquele ouro como se fossem as raízes de uma árvore.

O seu rosto sujo de molho é abarrotado de sardas, e os seus olhos, iguais aos do mais velho, padroniza os homens do clã. Veste um quimono azul com desenho de dragões e utiliza sandálias de madeira.

Seu pai que observa Edgar com um mirar embravecido, possui um cabelo ruivo longo trançado, parecendo cobras que engolem e desaparecem umas nas outras, até bastar nas pontas separadas. 

Sua boca larga e carnuda beija suas mãos grossas cheias de calo condigno as antigas guerras. Veste uma blusa virente de algodão com um ombreio marrom e uma saia de guerra.

Sua mãe e esposa do rei está arrumada assim como sua nora, e como um gosto familiar, ela também possui um cabelo loiro. Só que curto. Olhos esverdeados. Estava sentada ao flanco de seu filho mais novo.

Edgar assentado naquele encosto que o incomoda, faz um aceno com a mão direita pedindo para que um dos servos ponha vinho em sua taça de ouro. Enquanto o encarregado faz seu serviço, ele, sem nenhuma educação ataca um peito de frango que pegou com a mão, deixando-a melosa. 

Ao constatar que escorre molho em seu membro, ele começa a haurir seus dedos, deixando toda a mesa em total silêncio. Uma cena que dá desgosto a quase todos, exceto a seu irmão que o imita. Ao notar que todos o olham, Edgar tira os dedos da boca:

— O que foi? — Olha a todos com o rosto sujo e olhar inocente.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora