Halk : Santuário

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O santuário dos sábios possui um arcabouço esférico em seu teto matizado. Não se encontra tão distanciado do palácio, é diminuto mais do que uma pequena rua, e Silver foi até lá. Chegando no portão retira as botas de aço e as coloca no flanco da entrada diminuindo o estrondo que aquele conjunto de metal faz.

Entrementes sua entrada conforme olha para os lados, vê diversos monges rezando, com velas postas em suas frentes. Enquanto seus dedos alcançam seus pulsos. 

Mesmo o fragor do soldado, não atrapalha a fé daqueles senhores. No final daquele saguão um senhor de idade ajoelhado e com seu quimono níveo, aguarda o jovem soldado com xícaras e chá preparado.

Silver caminha até ele e ajoelha-se na sua frente, e sobre aquele piso de madeira, o idoso pega uma xícara, e a desliza sobre a superfície chegando nas mãos do visitante. Em seguida apanha a jarra e juntamente ao braço estendido, oferece chá. 

O líquido desce apressadamente na garganta visitante, e sua quentura é representada pelo vapor que dança sobre o recipiente. Aquela fina camada de ar quente é soprada pela boca de Silver. O velho observa os movimentos educados do soldado, e esboça um sorriso carinhoso:

— B-bom dia sábio Maerzo... — Sua voz se mostra tímida perante o erudito.

— Conheço esta cara, algo lhe perturba Silver? Não seria o tratado de paz, ou seria? — O sábio coloca chá em sua xícara.

— A tempos não precisando me incomodar com a guerra, e agora ela voltou, como uma maldição. — Silver olha para o canto da sala com raiva em sua feição.

— Mas você não está sozinho meu filho, eu em meus oitenta anos posso guerrear ao seu lado! — A sentença cômica de Maerzo tira uma risada curta e tímida de Silver.

— Adoraria combater convosco ao meu lado senhor, mas me sentiria detestável se o único homem que me ensinou a viver falecesse-se na minha frente.

— Morremos em carne, mas nunca em espírito. — Por fim Maerzo completa — É por isto que você é um Símbolo de Guerra, e símbolos nunca morrem. — O senhor dá um leve sorriso e continua a discursar. — Eu me recordo dos rumores de uma das guerras antes do perecimento de Evron e até mesmo do tratado de paz. Onde uma criança no prado de guerra eliminou o comandante do clã Yorochi e fez com que conseguíssemos proteger as montanhas até hoje.

— O senhor conta a respeito da minha história para que eu me sinta inabalável? — Silver franze o cenho, o olhando com uma careta de sarcasmo.

— Não para que se sinta inabalável meu filho. — Ambos se encaram. — Mas sim para que jamais esqueça quem você é. — Finaliza Maerzo.

Os dois continuam a contemplar aquela deliciosa bebida quente, que em meio aquela longa conversa, há ficado morna.

No meio daquela cena, entre homens que rezam para seus deuses, e às duas pessoas que conversam sobre seres humanos, uma incerteza surge através de um gole e outro. Silver olha para o sábio e pensa em falar a respeito daquilo que há vindo a sua mente, entretanto, a fisionomia calma de seu amigo mais velho o faz reconsiderar, e então acaba ficando calado.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora