Gaillard: O corvo Branco e a Ave vermelha

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— Eu me recordo pouco sobre a minha vida no forte, ao lado da minha casta, meus amigos, não consigo me relembrar de nada. — Aloramir cerra o punho. — Sempre que tento me recordar só me vêm à carola a cidadela sendo invadida e minha mãe escondendo... — Seu anseio faz com que lágrimas caiam — ... Escondendo a mim e a Zyra, e eu brigando contra ela para trazer meu irmão... Não consigo me evocar mais do rostro de meu pai, queria entender porque ele me deu seu machado, por que ele foi traído? Por favor, me conte tudo que você sabe!

— Nunca pensei que o encontraria novamente, mas estou feliz que esteja aqui. Posto que meu pai ainda era vivo ele tinha a convicção de que mesmo que ensinasse tudo sobre as artes de batalha para seus filhos isso não os daria o apoio genuíno sobre as dores que o autêntico pavor de morrer causam.

Eu tinha conquistado meus treze anos, me recordo que no mesmo dia em que meu pai decidiu que eu teria de sair de casa, os meus irmãos nasceram, Cil e Norimu. Não pude ceder um único contato de mimo neles. 

Escoltado por soldados, unicamente travestido com uma cota de malha e uma lança, tive de sair do império para servir seu pai.

Me recordo até hoje que passei a viagem inteira ambicionando matá-lo, lá fui acometido pelo emocional novamente, no dia em que cheguei, foi o dia em que você nasceu. 

Blaze Lawrence ao perceber que eu era o eleito para ser o seu atual símbolo de guerra pôs você em meu colo no instante em que eu pus os pés naquele castelo, "você é o patrono do nosso futuro, cuide dele como se fosse seu irmão", foi o que ele me disse.

Daquele dia em avante entrementes quatro anos eu me deixei aberto a aprender sobre vocês, Blaze me ensinou tudo que conheci sobre batalha. Me dando treinos e me colocando em guerras. 

Nas mãos de seu pai, fui a cinco guerras, matei mais de quatrocentos homens, mulheres, e crianças da minha idade. 

Tudo aquilo que pudesse segurar uma arma eu tinha o dever de atravessar com a minha lança, fiquei afamado pelas montanhas como "Ave vermelha", mas dentro dos domínios do clã Lawrence eu era o corvo branco.

Travestido de uma armadura toda branca, não somente o símbolo da força daquela casta, mas também o da paz daquele reino. Contudo, ganhar não traz silêncio a nós, eu e o seu pai só percebemos os erros que estávamos cometendo quando era tarde demais. 

Com as vitórias em domínio, Evron Halk e Aquim Yorochi criaram uma escritura de aliança cedendo suas tropas a quaisquer guerras que os Lawrence desejassem travar, seu pai desgraçadamente era obcecado em tentar derrotar Cronus Avalon.

O exército do lacaio caído era incrivelmente poderoso, ainda é até os dias atuais. Blaze gastou soldados, dinheiro e sua sanidade para confrontar Cronus. Posto que estava com seu império debilitado não havia mais retorno. 

Evron e Aquim julgaram que a melhor saída para que a calma existisse no Norte era não só o enfraquecimento de Blaze, como também o aniquilamento da existência de toda a história dos corvos.

Ao flanco dele eu assisti destruírem tudo, matarem todos. Quando olhei para Blaze presenciei em seu mirar o mesmo que eu via nas pessoas que executava. O desalento de perder tudo para quem tampouco se conhecia

Ele evacuou vocês, dando a Impura para você, pois, sabia que uma arma não salvaria nada dali, em seguida me deu a última ordem.

"Volte para casa". 

Eu me lembro de relutar falando que podia matá-los, mas ele nunca deixou. 

"Você prometeu cuidar dele como se fosse seu irmão! Ele precisa de você agora! Eles precisam! Você me assegurou!".

Fugi. Tentei encontrá-los pelas redondezas, todavia nunca consegui, e como tudo ficava mais perigoso minhas únicas opções foram deveras regressar para casa. 

Sempre que tinha tempo livre ficava cuidando de você, aos treze anos massacrar pessoas destruiria a sanidade mental de qualquer criança, mas eu conseguia mantê-la graças a você.

— Então é isso... — Aloramir sem conseguir moderar as lágrimas, abaixa o bestunto. — Conforme o tempo foi passando, cuidar do meu irmão e da minha esposa tornou-se cada vez mais uma prioridade maior. A ira do que ocorrera da minha puerícia aos poucos se esvaiu e comecei a altercar os motivos de não progredir, porque sempre que eu me recordava do norte me vinha um ardor no úbere? — Ele põe a mão em seu peito. — É esse rancor que nunca sai do meu torso.

Gilgamesh estende as mãos ao jovem.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora