Golden: O trovão

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Alguns passos vão em direção a ela, aquela barriga gorda não dá suspense. — Aparentemente a insônia é algo de família. — A voz roca acusa George. Seguidamente pai e filha ficam paralelos, observando os relâmpagos que iluminam aquele celeste cerrado, a cintilação que invade as janelas crescem as singelas sombras que se alargam até o diferente canto do corredor.

— Eu jamais queria isto para vocês... — O brado saiu melancólico.

— A guerra? — Ela vira seu rosto para olhá-lo.

— A mágoa... — George mira as bagunças das areias na tempestade dos raios. — ... Você e o Eric são dois opostos lindos! Ele é imperturbado e magnânimo, coisas que um monarca necessita ser para com seu poviléu. Tu és impiedosa, temida, coisas que um régio tem de ser com seus inimigos. Juntos são quiçá o melhor reinado que Angh'da poderia ter, mas cada ocasião os vejo mais afastados.

— Não é por mau pai, Eric tem passado demasiado tempo na biblioteca e estou tendo que treinar nosso exército dourado. — Um raio prende a atenção de Elizabeth.

— Sei muito bem que não é apenas por isso. — George ri de maneira curta. — A história da nossa linhagem e bem mais misteriosa do que imagina, Eric deve saber bem a respeito do que estou falando.

— É para isto que veio abafar meu tempo de descanso? — A entonação da moça sai sarcástica, um tanto quanto agressiva. — Para me comparar ao meu irmão!?

— Estou morrendo Elizabeth. — Mais um relâmpago bate nas nuvens, acompanhado de um trovão estrondoso. — O médico que veio aqui a três semanas atrás examinou um pesar que estou tendo no meu pomo. Descobriu que possuo algo que está sufocando meu coração. Ele não me deu muito tempo de vida.

Mais um relâmpago ilumina o céu, e nele George pode ver uma lágrima de desalento escorrendo sobre a bochecha de sua filha conforme a cara de assombro e perplexidade impedem-na de exprimir algo. O rei a abraça.

— Por que encobrir isso de nós? — Elizabeth aperta os braços de seu pai, suas mãos tremem de tristeza. — De mim!

— Proteja seu irmão Elizabeth, a sua mãe igualmente, e este reino. — George põe a palma no bestunto da garota. — E tome anteparo com todos que a rodeiam, nossa família tem mais inimigos do que possa imaginar.

George ultrapassa sua filha a passos lentos e sai do corredor sumindo em meio o abismo do palácio. A garota novamente encontra-se só, com sua mente infestada por questões sem respostas. O seu corpo inerte se vê numa condição onde o desespero beija o otimismo numa dança onde a ira faz sexo com a verdade.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora