Gaillard: Passado de dores

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— Quando os soldados invadiram o castelo, Margaret deu o machado de nosso pai para Aloramir e pediu para que levasse Zyra por um latíbulo confidencial que dava para fora do reino. Meu irmão desesperado pedia para que eu fosse com ele, mas Margaret me impedia de prosseguir viagem junto, Aloramir ameaçou a mãe dele para que pudesse me arrebatar. Após isto nós somente ouvimos o brado de dor dela enquanto corríamos o mais acelerado factível para fora da montanha.

— Inacreditável como permaneceram vivos. — Mundi vira seu rosto para o flanco.

— Tudo graças ao meu irmão, ele era o que caçava, que fazia a fogueira e o que repartia a comida, aquele que procurava os pontos mais quentes para dormimos nas noites mais frias e era ele que permanecia acordado para que nenhum animal nos atacasse de surpresa.

— Sinto essa aura vinda dele, essa falta de inocência e o estado de alerta.

— Aloramir se mataria para nos defender, ele é o único vínculo autêntico que tenho sobre família.

— E a mulher dele? Aquela tal de... — Mundi não se recorda do nome.

— Zyra? Ela vivia conosco, chegou quando criança também, mas eu nunca consegui me abeirar totalmente dela como amigo, tem algo que constantemente me deixa com um pé atrás. — Son respira. — E você, qual a sua história?

— Minha história... Só me recordo de algumas coisas... — A jovem coça o cabelo. — Eu estava deitada no chão conforme meu irmão me protegia de um bruxo que estava incendiando tudo ao nosso redor. Nessa época eu tinha uns dez anos. Por fim um soldado me salvou e me jogou em uma carroça cheia de feno fugindo de alguma guerra que ocorria e vim parar aqui. — Após terminar de coçar o cabelo ela puxa a mão de Son para que faça carinho em sua nuca. — Após chegar aqui Gilga me acolheu e me treinou, me atirou contra vários lutadores diferentes dentro do coliseu, mas por sorte ou aptidão, sobrevivi.

— Aos dez anos... Quantos você matou? Gilgamesh não me parece um homem que aceita uma pessoa por pena.

— Trinta e três homens, e dois tigres. — A resposta de Mundi deixa o garoto abismado. — Mas dava para enxergar que aqueles homens nunca seguraram uma espada.

— E do que você mais tem saudade? — Son pergunta de maneira inocente.

— Da minha família...

Após a fala de Mundi explosões saem em referto ar, fogos de artifício espalham barulhos e cores entrementes uma longa comemoração. Se ouve aplausos e gritos de felicidade. Coisas que ambos não presenciam há muito tempo. É o momento de voltar para o palácio. O casal se ergue e andeja de mãos dadas.

Quando entram no palácio se despedem com um aperto de mão, ele vai para o quarto e ela em direção a biblioteca. Dado que Mundi entra vê Gilgamesh e seu irmão, Cil Gaillard, conversando enquanto tomam um chá. A última coisa que ela consegue entender são umas palavras e risos soltos do irmão mais novo do líder:

— Se aproximou dele? — Pergunta Cil a imperatriz.

— Sim, ele me disse sobre o ataque ao reino dele, nada mais do que isso. — Mundi responde com desgosto a Cil.

— Continue a fazer o seu trabalho. — Diz o líder. — Não se aproxime demais, há coisas que não conseguimos controlar, como piedade, por exemplo.

— Não senhor... — Mundi andeja para saída da biblioteca, mas ao encostar na maçaneta da porta seus movimentos recuam. — Tirando sobre a conversa que tive com o estrangeiro, um dos meus informantes me mandou uma mensagem por um pombo que chegou hoje. Dizendo que as tensões sobre lá estão aumentando e que uma guerra entre eles irá estourar a qualquer momento.

— Obrigado pelas informações, imperatriz. — Gilgamesh fala como uma autorização para que ela possa partir, e assim ela fez.

Mundi caminha até seu dormitório, sua cabeça permanece confusa. A gladiadora não para de pensar na noite que teve com o estrangeiro.

Será que ele entende minha dor? O rosto dele fica muito charmoso na luz do luar.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora