Avalon: Carne rasgada

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Os ventos batem vigorosamente nos vasos de plantas postos naquele descomedido pátio. A composição daquele prado cinza das rochas se estende até seus vasos, cada um deles localizados nas partes extremas do plaino. À terra marrom e almofadada preenche-os e suporta a vida de plantas brilhosas e atraentes. 

Uma delas é regada por um senhor de idade bem avançada, vestido por sua túnica azul juntamente a vários desenhos de rosas prateadas. O seu cabelo alvo e calvo suaviza aquela faceta de tartaruga.

Enquanto a água escorre da vasilha de fluido para os folículos da planta, o choque de ambos faz aquele vegetal luciluzir em um verde-claro intenso.

Um garoto sentado na quina do campo, ao flanco daquele vaso, observa aquela alumiação possuinte duma intensa luxúria que escapa de vosso fitar, desejando que aquele feito nunca termine. Do tanto ambicionar, a água para de escoar, e àquela luz se apaga.

O garoto volta a olhar para suas mãos ensanguentadas, seus pulsos estão cobertos pelas mangas rasgadas de sua camisa preta, e a calça de couro marrom, abarrotado de cortes, onde aparecem as pernas do guri, também com feridas grossas que não param de sangrar.

O senhoril dá destino ao labor de regar as plantas e coloca a vasilha de água no chão, indo sentar-se ao lado do jovem ferido. Ele o olha da ponta de suas botas desamarradas, a calça rasgada e sua carne exposta, até sua camisa cheia de furos e gotas de sangue que acumulam nas abas e caem na rocha cinza.

O cabelo preto e resumido, contém poeira nas suas pontas encaracoladas que voam nas batidas do vento. A sua pele negra retém manchas roxas, provavelmente vindas de cacetadas, e seus olhos despencam lágrimas que trilham sobre suas bochechas, enquanto seus dentes trincam de cólera e angústia:

— Por que tinha que ser ela Sábio Maestrie? — O garoto mantém seu mirar inabalável ao nada. — Era para ser uma missão de reconhecimento, nada mais que isso.

— Quer me narrar o que houve lá Isaac? — O sábio põe a mão no ombro do jovem choroso.

— Fui o único a perdurar Maestrie, eu! O general! Não fui apto de proteger sequer minha equipe! — O abismo de seus olhos penetra no mirar de Maestrie de um modo que a dor possa ser compartilhada pela sua feição de desespero.

— Não se culpe pelos acontecimentos que estão fora de seu alcance. — Maestrie limpa o cabelo do garoto. — Missões são assim.

— Houve um momento em que parei de lutar, quando ouvi o gemer de dor de Isabelle que havia levado um corte no meio do estômago.

— Filho se você não quiser... — Maestrie é descontinuado pelo garoto.

— Posteriormente não me lembro de muita coisa, posto que voltei a mim todos estavam mortos e Isabelle em meus braços. Essas feridas — Isaac olha para o corpo ensanguentado. — Vão sarar, é espontâneo para um Avalon se recuperar até desses cortes. O equívoco que cometi... Nunca sairá de minha mente. Jamais me perdoarei.

— Eram seus aliados, não se culpe pela morte deles, pois, sabiam das consequências.

— Eles sim... — Isaac olha para a límia, a planta regada pelo sábio — porventura eu só não queira admitir. — Suas lágrimas continuam a cair.

O sábio deixa com que as águas infiltradas na terra apropriem-se das dores do garoto ali sentado.

Desafiantes - A queda AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora