34. Sem destino, outra vez

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JULIE COOPER

Já fazem cinco meses desde que o Bob morreu. As coisas na igreja estão estáveis, colocamos tábuas nas janelas e saímos em grupos para buscar por mantimentos.

Não vamos ficar aqui para sempre. Combinamos com Noah que iríamos juntar uma boa quantidade de suprimentos, arrumar gasolina para o ônibus e depois iríamos ver se sobrou alguma coisa na sua cidade.

Por falar no garoto, ele e Beth se deram muito bem, já tem dois meses que eles começaram a namorar. Minha relação com a bravinha e com Daryl ficam cada dia mais fortes, e eu gosto disso.

一 Julie! - Lilie venho até mim e me abraçou 一 Tudo bem? Cadê a Judy?

一 E eu pensando que você veio falar comigo... - fiz um bico 一 Tá dormindo lá na sala do Gabriel, Carl está com ela.

一 Ah tá... mas eu vim falar com você, perguntei dela por que achei estranho ela não estar agarrada com você. - ela se sentou ao meu lado e abaixou a cabeça 一 Sabe... sinto falta da mamãe. Do jeito que ela me colocava para dormir, de como ela brigava com você. Sinto falta do papai também, se ele estivesse aqui, certeza que iria sempre implicar com o Carl. - soltei uma risada fraca.

一 Também sinto falta deles... Eles não fizeram seu baile de quinze, o papai não implicou com seu primeiro namorado... - repeti a frase dela de um jeito exagerado 一 Mas eles estão orgulhosos de você, seja lá onde estiverem. Você cresceu, aprendeu a conviver nesse novo mundo. Eu tenho orgulho de você! - olhei para ela e a abracei 一 Aliás, seu aniversário deve ter sido mês passado. - ela me olhou arqueando a sobrancelha.

一 Você contava?! - ela perguntou surpresa e eu dei de ombros. Tirei do meu bolso a corrente com um pingente de flor, que achei semana passada e lhe entreguei. 一 Você contava! - ela pegou o presente e repetiu a frase, confirmando.

一 São seus quinze anos. Contava desde o dia que soube que teria uma irmã! - sorri e abracei ela 一 Parabéns... atrasado, pirralha! - dei um beijo em sua bochecha.

(...)


À noite, estávamos em volta da fogueira, como sempre.

一 Pessoal... - Rick chamou nossa atenção 一 Amanhã eu, Julie, Michonne, Tyresse e Daryl vamos com Noah até sua cidade. Dante vai ficar aqui cuidando das coisas. - confirmamos e voltamos a comer.

Daryl estava sentado ao meu lado, com a mão em volta do meu ombro.

一 'Cê não imagina a vontade que eu tô de você! - ele sussurrou no meu ouvido e eu arrepiei.

一 Eu também... - virei e dei um beijo rápido nele 一 Mas até a gente encontrar um lugar, não tem como né? - ele suspirou fundo, decepcionado e eu ri. Fomos dormir logo depois.

Judy dormia comigo no pequeno sofá da sala de Gabriel, com isso Daryl também vinha pra cá, só que ficava no chão.

(...)

Acordamos cedo no outro dia, deixei minha filha com Carol e Lilie, e fui até o ônibus, para irmos. O caminho até a cidade de Noah, na Virgínia, era longo.

Chegamos lá e vimos os muros caídos, as ruas "reviradas" e ninguém vivo por lá. Rick disse para olharmos as casas e ver se tinha algo para se aproveitar.

Fui com Daryl por um lado, Michonne e Tyresse em outra direção e Rick foi atrás de Noah, que tinha corrido até uma casa no fim da rua, que provavelmente era a sua.

Entramos em uma casa, que aparentemente não tinha sido atacada, ela estava organizada na parte de baixo. Encontramos alguns enlatados nos armários da cozinha e nos quartos tinham alguns remédios.

Entrei em um quarto e vi que era de criança, uma menina. Tudo parecia que estava certo, quando ouvi um barulho vindo do guarda roupas.

一 O que foi isso?! - nem percebi quando Daryl tinha entrado no quarto.

一 Veio dali. - apontei para o armário.

Abrimos de vagar e um zumbi saiu de lá, no mesmo instante Daryl atirou uma flexa. Era uma garota, aparentava ter seus nove anos. Vi que tinha um papel do lado de dentro da porta.

"Se você me encontrou, obrigado por me matar. Minha mamãe ficou doente e me mordeu. Deixei ela lá na rua e me tranquei aqui. Assinado, Sammy." - li o bilhete e deixei algumas lágrimas escorrer, mas sequei rapidamente. 一 Vamos enterrar ela? - Daryl me olhou surpreso, mas afirmou.

Afastamos o pequeno corpo até o quintal e enterramos ele ali. Coloquei o bilhete dentro do buraco e juntei algumas pedras formando um "S" em cima da cova.

Quando voltávamos para a frente, uma outra zumbi nos surpreendeu. Matei ela e vi um colar em seu pescoço, igual ao que Lilie me deu, com uma foto dela e de uma garota. Era a mãe de Sammy.

一 Vamos colocar ela junto com a filha. - Daryl quem disse dessa vez. Fizemos uma outra cova e colocamos a ex-mulher lá.

Quando acabamos e voltamos a rua principal, ouvimos um grito vindo da casa que Noah tinha ido. Corremos até lá e entramos em um quarto, onde Rick e Michonne cortavam o braço de Tyresse, que havia sido mordido.

Colocamos ele no carro e corremos de volta para a igreja. No meio do percurso, Tyresse acabou não resistindo e morreu. Chegamos lá com o corpo e Sasha começou a chorar. Enterramos ele ao lado de Bob.

(...)

Já era tarde do outro dia. Sasha não saiu do lado da cova do irmão, desde que enterramos ele. Fui até lá para tentar conversar com ela. Sentei ao seu lado e fiquei em silêncio.

一 Os dois eram bons homens... Não mereciam morrer assim. Não mereciam morrer para aquelas coisas! - ela quebrou o silêncio e disse com um pouco de raiva na voz. Puxei ela pelo ombro e a abracei, enquanto chorava em meu ombro.

一 Eu sei... Ninguém merece morrer para os zumbis. Mas se no antigo mundo não tinhamos como escolher nossa morte, agora nesse novo menos ainda. Vai ser os bichos ou alguém ruim que aparecer em nosso caminho. Temos que sobreviver! Eles iriam querer isso de você. - disse e ela me olhou 一 Vamos, você não come desde ontem. - a puxei para dentro da igreja. Ela está abalada, perdeu o irmão e o namorado. Espero que isso não atrapalhe ela, e nem a nós.

A noite já tinha caído. Rick e eu estamos conversando um pouco afastados do grupo.

一 O que vamos fazer agora xerife? A cidade de Noah não tem nada, Ty morreu... Vamos ficar aqui para sempre ou vamos tentar a sorte na estrada? - questionei ele.

一 Vamos tentar a sorte na estrada. - ele respondeu - Temos gasolina para pelo menos um ou dois meses. Podemos ir e seguir a estrada de Virgínia, tentar Washington. Mesmo não tendo a cura, lá pode ter alguma coisa. Uma cidade talvez.

一 E quando vamos?

一 Podemos esperar alguns dias, para juntar mais suprimentos e até mesmo armas.

Contamos para os outros e eles concordaram com nossa decisão. Temos um ônibus e combustível, isso talvez seja fácil.

Revisado. ✔

𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗺𝗲𝗶𝗼 𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 ↯ d. dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora