02. Despedidas e Vida Nova

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JULIE COOPER

Hoje é o dia que vou para o exército. Para ser sincera eu estou nervosa, sinto que algo estranho está para acontecer. Mas é assim que tem que ser e, três anos passam rápido afinal.

Estava no quarto terminando de me equipar. Já estava de farda, colete, meu coturno, minhas armas nos coldres, quando meu pai entra no quarto e fica encostado no batente da porta me olhando com orgulho.

一 E então? - Me virei para ele e apontei para meu corpo. 一 Como estou?

Ele me deu um sorriso sincero, caminhou até mim e colocou suas mãos em meu ombro.

一 Tá linda! - sorri 一 Minha menininha cresceu, virou uma mulher guerreira e vai vencer essa guerra com unhas e dentes. Vai lutar até quando não conseguir mais e, quando isso acabar... ela vai chegar em casa gritando pelo pai dela, pular no pescoço do velho e mostrar orgulhosa sua medalha. E ele vai estar sentado na poltrona, esperando a sua menininha de braços abertos! - senti meus olhos se encherem de água 一 Por isso eu te digo minha filha, não tenha medo de nada, tenha raiva! A raiva sempre vence o medo. Mas também tenha esperança, se algo não deu certo hoje, tente de novo amanhã e depois, tente até você conseguir! Eu amo você de mais minha filha. - Ele me deu um beijo na testa e me abraçou apertado.

Descemos as escadas juntos. Meu pai trazia minha mala, enquanto eu me despedia da minha mãe e irmã.

一 Minha filha... - minha mãe me abraçou e já estava chorando 一 Minha menininha vai para guerra. Oh meu Deus! - ela disse me olhando 一 Vai em paz minha filha. Volte para nós, estaremos te esperando. E lute! - disse com firmeza, me olhando e soltando algumas lágrimas. 一 Lute por nós, lute pelo seu país! Você consegue. Eu te amo minha filha, nunca se esqueça disso. - ela me abraçou de novo, mais forte dessa vez.

Só falta uma pessoa, Lilie.

一 Olha... - ela parecia não saber o que falar 一 Só... volta para mim, tá bom? Sei que a gente briga, mas eu te amo de mais. Eu não aguentaria te perder! - ela começou a chorar e eu lhe abracei chorando também.

一 Escuta pirralha... - fiz ela me olhar 一 Você não vai se livrar de mim tão fácil assim não, tá me escutando? - ela me deu um sorrisinho murcho 一 Ainda temos muita coisa para fazer juntas; ir para festas, tenho que ficar brava com seus "amiguinhos" - ela riu quando fiz aspas 一 E você sempre vai estar comigo... aqui, - mostrei o colar - e principalmente, aqui! - apontei meu coracão e abracei ela 一 Olha... tenho um presente para você, não que você vá usar ele... Mas, é só para você se lembrar de mim. - peguei uma faca da mochila 一 Se for usar, que seja para descascar laranja - pisquei para ela e todos já estávamos rindo juntos.

Mas, tudo que é bom, dura pouco. Ouvi uma buzina na porta de casa e sabia que era minha hora

一 Bom... eu tenho que ir, se cuidem, eu amo vocês!

Meu pai colocou as coisas no ônibus e comprimentou o Sargento Kilier. Me despedi novamente da minha irmã e dei um abraço forte em meus pais.

Por que tenho a sensação desse abraço ser o último?

Falei que amava eles e entrei no ônibus, o grupo todo já estava por lá. Sentei ao lado de Dante e acenei para minha família. Logo já entramos na estrada, rumo ao nosso "acampamento".

𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗺𝗲𝗶𝗼 𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 ↯ d. dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora