Sebastian Miller
— Bom dia, bonitão! — olhei seu reflexo no espelho panorâmico de meu quarto. Bárbara está nua por debaixo do emaranhado de lençóis que deixamos na noite passada.
— Bom dia — ajeito o colarinho com a gravata e pego o blazer em cima da poltrona — Se troque e desça para a cozinha! — ela está prestes a continuar sua fala, mas não a deixo terminar e já estou atravessando a porta para corredor. Eu gosto de privacidade, e isso também reflete nas pessoas que trabalham comigo ou para mim. Eu não me meto na vida deles e eles não se metem na minha, por isso a governanta havia vindo antes e deixado a mesa posta.
Desde a noite de ano novo eu não consigo me manter concentrado em algo por muito tempo, e o sexo casual caiu com uma luva: consigo ficar relaxado e disposto.
— Andei lendo alguns tabloides e descobri e você está aparecendo muito com uma suposta Susan. Quem é ela? Você nunca foi de aparecer com garota por aí.
— Minha futura esposa. — digo convencido enquanto pego meu café.
— Não brinca! Sebastian Miller está planejado se casar? — ela se senta ao meu lado na mesa — Como se conheceram?
— É uma longa história...
— Eu tenho tempo e curiosidade de sobra! — junta os pernas sobre a cadeira.
— Mas eu não tenho. E você tem que ir. — puxo minha carteira e coloco seu dinheiro sobre a mesa. Ela revira os olhos e bebe seu suco. Levanta da cadeira e sobe no meu colo.
— Só não me esquece na despedida de solteiro, está bem? — Senta no meu colo e me beija — Até mais! — Pega o dinheiro e sai batendo seu salto agulha pelo piso de mármore.
Bárbara não era uma má pessoa, eu a chamada de vez enquanto. Ela sabia me agradar e não era faladeira por aí. Terminado meu café, pego minha pasta e desço para o estacionamento onde Taylor já se encontra ao lado da Mercedes preta.
— Sr. Miller. — ele abre a porta de trás do carro para que eu entre e segue o caminho até a empresa.
Assim que chegamos, vou direto para minha sala, a qual ficaria pelas próximas cinco horas.
Enquanto participo de uma videoconferência com o diretor de nossa afiliar no Canadá, sou interrompido com uma batida na porta.— Desculpe incomodá-lo, Sr. Miller, mas a Srta. Clark está aqui. — Concordo um um aceno.
— Mande-a entrar.
Encerro a ligação por vídeo e desligo o computador enquanto ouço o barulho de saltos virem em direção à minha sala.
— Que surpresa, Srta. Clark! A que devo sua visita? — pergunto, direcionando minha atenção para ela, quando entra no escritório. Está com um sobretudo preto, vestido preto, meia calça preta e botas pretas da Louboutin. Seu cabelo está solto com algumas ondas, ela também usa óculos escuros e uma bolsa Hermes a tiracolo. — Vai para algum enterro?
— O seu se não calar a boca. — Não pude contar um sorriso. — E como assim a que deve minha visita? Sua mãe não avisou que almoçaríamos juntos hoje? — junto minha sobrancelhas. — Claro que não...
— E por que almoçaríamos juntos? — cruzo as mão em cima da mesa.
Ela senta de frente para mim, cruza as pernas e tira os óculos. — Madah achou que seria bom que as pessoas nos vissem juntos fazendo coisas de casal, assim o anúncio do noivado parece mais convincente. — sinto ironia em suas palavras e percebo seus olhos correndo pela sala.
— E você concordou, pensando que eu estaria sentado esperando você chegar e não trabalhando para pagar as contas de sua família? — talvez eu esteja sendo um pouco duro, mas não deixa de ser verdade
— Olha, Sebastian, eu não faria a mínima questão de ter vindo aqui, mas nós dois assinamos aquela porcaria de contrato e eu não tenho outra saída a não ser fazer com que ele ocorra como o combinado para que isso acabe logo. Você poderia, por favor, levantar a bunda dessa cadeira e me levar para almoçar ou prefere que eu acabe com essa palhaçada?
— Já acabou o show? — pergunto calmamente enquanto ela me encara com raiva, pronta para me direcionar outra ofensa. — Conheço um restaurante muito bom, podemos almoçar lá e... — levanto, mas ela interfere.
— Espera. — Ela me para. — Você vai realmente fazer isso?
— Está tendo problemas de bipolaridade, Srta. Clark? — brinco, segurando o riso.
— Puff! Sebastian, está realmente disposto a trocar sua liberdade por um simples status na presidência? Por que não escolheu uma mulher que conhecesse? Em algum momento pensou em mim? No que eu pensaria dessa palhaçada toda? Você...
— Susan, vamos! — interrompo. Não nem um pouco a fim de ficar para ouvir seu discurso.
— Você é um fraco, Sebastian! Um fraco por aceitar esse circo e...
— Já chega, Susan! — grito e respiro fundo — Desculpe, mas não, eu não gostei do rumo que nossa vidas tomaram, mas já está feito e não tem como voltar atrás. Aceite isso de uma vez por todas! — passo por ela e abro a porta. — Vamos acabar logo com isso.
Se seus olhos fossem fuzis eu com certeza estaria morto. Susan tem um gênio forte e com certeza será difícil de lidar morando debaixo do mesmo teto, mas isso não me preocupa. Muito pelo contrário: sua teimosia me atrai ainda mais.
Ainda me encarando, ela coloca novamente os óculos Dior e ajeita a bolsa em seu ombro. Levanta o queixo e passa por mim batendo o salto no piso de mármore. Mulheres...
***
Não muito longe do trabalho, a aproximadamente doze quarteirões da empresa, estávamos em um dos restaurantes que eu mais costumo frequentar. O Eleven Madison é o local ideal para que as pessoas nos vejam juntos. É amplo e sofisticado.
Já fizemos nossos pedidos e nossa em mesa reina um completo silêncio. Assim eu posso estudar Susan, que olha de um lado para outro ou mexe em algo qualquer em seu celular. Ela não está confortável. Minha presença não a deixa confortável, e venho notando isso desde o primeiro dia em que a vi em seu apartamento.— Como andam os preparativos para o noivado? — decido quebrar o gelo.
Ela levanta o olhar, sem saber muito bem o que dizer.
— Sua mãe parece bem empolgada com tudo isso, quase não tenho trabalho. — sorri de canto.
— Ela sempre quis ver eu me casando, então isso já era de se esperar.
Ela fica ereta na cadeira.
— Então você nunca pensou em se casar? Digo, casar por amor. Se apaixonar por alguém.
— Amor? O amor não é real. O amor nunca passou de uma boa jogada de marketing criada para inflar o ego daqueles que não conseguiram alcançar uma estabilidade emocional consigo mesmo. As pessoas dizem "eu te amo" apenas para que seus parceiros os deixem em paz e para manter a imagem de vida feliz na frente dos outros e, assim, não transparecer seu desgosto. São todos iguais. — ela me fita, intrigada.
O garçom traz nossos pratos.
— Não acho que seja assim. As pessoas mudam o tempo todo. — reviro os olhos — Ou talvez você ainda não tenha tido a oportunidade de senti-lo de verdade. — diz convencida.
— E você, já? — Ela olha para o chão,
parecendo desconfortável. — Sou um homem que não confia no amor, Susan — Levanto a taça de vinho em sua direção — E que ele nunca se atreva a vir de encontro comigo.Votem e comentem o que acharam!!😉
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Sr. e Sra. Miller
RomanceSusan Clark, uma jovem que ama a liberdade, curiosa e um tanto provocadora, ela passou quatro anos estudando na Europa. Sem cobranças ou responsabilidades de terceiros, ela era livre para seguir uma vida longe dos holofotes que faziam parte de sua v...