Prólogo

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Susan Clark

Pela janela do táxi, aquele em tom de amarelo que faz com que até os dias mais cinzentos pareçam alegres, eu observo os grandes arranha-céus da cidade que nunca dorme. Está nevando, o que já é evidente. Amanhã será o baile de natal que a propósito, ninguém sabe que eu comparecerei.

Os quatro anos que passei estudando na Itália me fizeram acostumar a acordar todos os dias com vista para apartamentos históricos e cheios de vida. Em quatro anos mudei bastante e hoje me considero uma outra pessoa.
Papai achava que seria melhor me manter longe do que ele dizia ser a "má índole dos Nova-Iorquinos". Às vezes meus pais iam me visitar, mas eu nunca podia vir visitá-los. Papai sempre dava uma desculpa para que eu ficasse onde estava, mas depois do que Pietro fez, não tive muito tempo para pensar. Tratei logo de fazer as malas e resolvi vir sem avisar, a fim de fazer uma surpresa a eles.
Nunca esqueci da minha verdadeira casa. Nova York não parece ter mudado muito. Não além dos prédios, que parecem ter triplicado em quantidade e em tamanho.

O taxista para o carro de frente para o grande arranha-céu, que fica a uma quadra do Central Park e de frente para uma loja da Burberry. Minha casa.

— Está entregue, moça. Bem-vinda a Nova York! — diz o taxista ao pegar minhas malas e colocá-las na calçada.

— Obrigada, tenha um bom dia! — Entrego o dinheiro e ele se vai. 

Fico parada de frete para o grande prédio da 5th Avenida, n° 1136.
O porteiro, que já me conhece dos anos passados, lembra de mim e com um sorriso simpático pega minhas malas e as leva para dentro.
Adentro o edifício finalmente me sentindo aquecida depois daquele frio lá de fora. O carpete roxo continua o mesmo, não parece ter mudado muita coisa, mas não posso deixar de notar o novo quadro de cores frias no hall da recepção. Vou em direção ao elevador.

— Senhorita, não pode entrar aí... — não consigo conter um sorriso.

— Olá, Sr. Bart! Não lembra de mim?— Viro-me para ele, que está atrás do balcão de mármore preto, próximo aos elevadores.

— Oh, Srta. Clark, perdão! A senhorita está diferente. — diz risonho — Seja bem vinda de volta a Nova York! — abaixa os óculos.

— Obrigada, Sr. Bart! É bom estar de volta. — adentro no elevador e aperto o botão que leva ao andar do apartamento 402, cobertura.
Quando as portas se abrem, ponho novamente os pés no apartamento que passei boa parte de minha infância e adolescência. Está diferente. Com certeza mamãe fez várias reformas, mas ainda assim eu me sinto em casa. As flores continuam as mesmas de todo natal. Rosas vermelhas decoram a mesa do hall.

— Oh... Srta. Clark! Não sabia que tinha voltado. — Diz Dorota, nossa secretária.

— Oi, Dorota... — envolvo-a num abraço apertado — É isso, eu voltei. A propósito, onde estão meus pais?

— O Sr. Clark foi para a empresa e a Sra. Clark foi a um coquetel na casa dos Ross, logo estará em casa. Deseja alguma coisa? Um sanduíche, talvez?

— Nossa, sim! Eu estou morrendo de saudades do seu sanduíche. Obrigada, Dorota! — Ela assente sorridente e segue para a cozinha.

Vou para o meu quarto, que continua exatamente do jeito que deixei, mesmo depois de quatro anos. Paredes cinza, cama com almofadas cor de rosa, um lustre de cristal ao lado da cama e a minha escrivaninha de desenho de frente para a janela, que era minha parte favorita. Sua vista dá para o Central Park. Ao fundo eu tenho uma visão privilegiada do Empire State, que dava um toque especial ao anoitecer.
Eu estou de volta. Recomecei minha vida na Itália, mas eu estava abalada demais. Já está mesmo na hora de um novo recomeço em Nova York.

Votem nos capítulos e comentem! :)

Sr. e Sra. MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora