3º capitulo

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Susan Clark

As cortinas de linho branco não são o suficiente para escurecer o quarto e, para piorar, eu deixei uma pequena fresta na porta de correr que dava acesso à varanda, o que faz com que o vento frio entrasse e o som das sirenes e buzinas me acordem às 7h43min da manhã fria, mas ensolarada de quinta-feira.

Com a pouca força que me resta, vou tomar uma ducha para terminar de acordar. A água quente ainda me arrepia pela quebra de temperatura, mas meus pensamentos me levam ao homem da noite passada, que foi o protagonista da minha noite mal dormida. Não apenas ele, mas também a maneira estranha como papai falou comigo ontem à noite.

Escovei os dentes, coloquei um roupão quentinho e fui para a cozinha. As meninas andam de um lado para o outro no preparo do café da manhã.

— Bom dia!

— Bom dia, Srta. Clark! Acordou cedo. — Dorota me entrega uma caneca de chocolate quente. A agradeço com um sorriso. — A Senhorita teve sorte, seus pais ainda não saíram.

Agradeço e passo, com a caneca ainda em mãos, pela porta da sala de jantar, onde papai se encontra sentado na cadeira direita da mesa enquanto lê seu New York Times vestido em seu suéter de natal.

— Bom dia, papai! Feliz Natal! — chego por trás dele e lhe dou um beijo.

— Bom dia, querida, porque acordada tão cedo? — fecha seu jornal.

Me sento na cadeira à sua frente.

— Fuso horário, eu acho — minto e pego uma torrada.

— Bom dia, querida! — mamãe entra na sala, já com seu sobretudo preto e sua bolsa clássica da Channel, seguida por sua assistente, Lily — Desculpe não perder tomar café com vocês, sabem que o Natal é uma época importante e que esse ano sou eu quem vou organizar o baile de arrecadação, então me perdoem. — Sentimos consertados no café. — Susan?

— Sim? — respondo dando uma mordida na torrada

— Já providenciou seu vestido, não é?

Por um momento eu me esqueci que fiquei longe por quatro anos, e durante esse tempo eu não participava dessas festas. O baile de Natal acontece todo ano e tem como intuito arrecadar doações para famílias desabrigadas e refugiados. Todo ano é escolhida uma família da sociedade para representar a organização, e esse ano é a nossa.

— Eu dou um jeito — dou uma piscadela colocando a caneca ainda quente na mesa de centro, e ela solta o ar, mas com a devida classe de uma senhora da sociedade. Ela sabe que sempre deixo essas coisas para última hora.

— Assim espero. Nos vemos à noite. — Ela sai sem dirigir a palavra a papai, que também não diz nada. Provavelmente tem a ver com a discussão da noite passada.

Olho para a janela. A neve deu uma amenizada e eu já posso dar uma saída e ver o que ainda posso encontrar em plena manhã de véspera de natal, agradecendo pelas lojas ficarem abertas até tarde.
Me despeço de papai após ele dizer que esperaria alguém importante antes de decretar sua folga. Volto para o quarto e vou direto para o closet à procura de minhas roupas de inverno. Encontrei um sobretudo branco e algumas calças que ainda me servem. Preciso fazer compras urgentemente! Pego uma bota preta de salto, bagunço um pouco o cabelo, ponho um batom nude e pego uma bolsa marrom da Fendi.

Sr. e Sra. MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora