Ayla
Meu mantra é: uma pessoa com o cabelo hidratado, estômago cheio e um fone de ouvido tocando uma música bem de boinhas não quer guerra com ninguém.
Essa sou eu nessa segunda-feira, sentada no banco do passageiro no carro da minha prima indo em rumo à Universidade de São Paulo, uma coisa que eu aprendi passando algumas semanas no Rio foi observar a cidade, não há nada mais incrível que ver cada um vivendo a sua vida sem perceber. E foi só pensar nisso que o meu aplicativo de mensagem do dia apitou.
" Para a paz é necessário todo o tipo de luta"
Não deu nem tempo de resmungar da mensagem de hoje, o carro parou e a minha querida prima virou para mim com se fosse começar a fazer o discurso mais importante da vida.
— Vamos lá — suspirou — Vai ser horrível, péssimo, cansativo, irritante...- bufei — Mas você consegue lidar, eu to com você e se alguém disser alguma merda eu vou voar na cara dessa pessoa. Beleza? Então tá bom, agora vamos — terminou rápido e saiu do carro sem dar um tempo de resposta.
E foi só eu sair do carro que já senti os olhares me queimando, se toda atenção fosse convertida em dinheiro eu estaria riquíssima. Caminhei em direção ao prédio principal sendo acompanhada pela Duda, que já encarava com sangue nos olhos aqueles que me encaravam, quando finalmente entrei no prédio ja ouvi algumas vozes bem conhecidas para mim.
— Caralho porra, você veio! — Gustavo gritou. Ele é um dos meus amigos e do traste, já que a gente frequentava o mesmo grupinho todos são amigos em comum.
— Gustavo disfarça carai — Ana bateu na sua cabeça — Amiga que saudade! — me abraçou.
— Olá olá pessoas — abracei os dois.— Onde você estava senhorita Ayla? —me assustei com a voz bem atrás de mim — Ei, eu não sou tão feio assim.
— Oi guigui — o abracei — Eu tava por aí.
— Ele tá se fazendo, sabia muito bem que você tinha ido pro Rio — Duda respondeu e o Guilherme mostrou a língua — Quem da a língua pede beijo, tá querendo guigui?
— Eu to querendo sim — levantou e foi em direção da Duda que fugiu igual diabo foge da cruz.
— To vazando, tchau galeris — Fui para a minha sala, entrei e escolhi um lugar no canto mesmo.
— E aí sumida — Fernandinha colocou suas coisas do lado — Tá foda né?
— Você nem sabe o quanto — suspirei — Mas to levando.
— Amiga, o melhor que você faz é continuar a sua vida, caga pra esse Zé povinho aí e vai beijar na boca — dei risada, já disse que eu amo essa garota? — Agora vou te levar pra todos os meus rolês.
— Vai bosta, não inventa não — resmunguei. A Nanda é de outro grupinho, um que não não se da bem com o meu, então eu sempre evitei sair com ela e a sua trupe ou daria merda.
— Tu vai perder o que? Aquele lixo não tá mais na sua cola, segue o baile — respondeu.
A manhã passou voando, fiz tudo o que eu tinha que fazer na faculdade, peguei o ônibus e fui pra clínica onde eu trabalho. Cheguei e fui direto a minha mesa, a doutora ainda não tinha chegado então dava tempo pra organizar tudo e ver o que a substituta fez. Quando estava terminando de guardar alguns papéis a minha chefe chegou, miss simpatia e uma segunda mãe para mim.
— Olha só quem voltou — me abraçou — Tá tudo bem? — ela sabia de tudo, até porque foi a primeira pessoa que eu encontrei pra surtar. Concordei com a cabeça — Então tá ótimo, já arrumou tudo?
— Já sim, é só começar com esses — entreguei os primeiros prontuários.
— Bem vinda de volta, não desista — sussurrou e saiu. Olha eu to quase, mas ninguém precisa saber também.
Eu sou encantada pela a minha profissão, adoro o jeito que a fonoaudiologia ajuda as crianças e como elas adoram a atenção que recebem. Passei o meu dia recepcionando os pacientes e brincando com algumas crianças na sala de espera, já disse que amo crianças?
Arrumei tudo, me despedi da Doutora Dani e fui para casa. Voltar para rotina depois de um tempo sem fazer bosta nenhuma é horrível, eu tava mortinha com farofa quando cheguei em casa, uma fome do dragão que aumentou quando senti o cheiro de batata frita.— Que cheirinho bom — abracei o meu pai e depois fui em direção a minha mãe —Bife e batata frita? Eu amo você!
— Menina interesseira, vou devolver — ela resmungou — Vai tomar banho pra jantar, sua fedida!
— Eu não ia falar nada mas como você já disse — meu pai tampou o nariz.
— Vocês são péssimos — respondi e fui para o banheiro.
Depois de jantar e conversar um pouco com os meus pais eu pulei na cama, fiquei na mesma posição e com o celular na minha cara vendo as mensagens de hoje. Uma fez o meu sangue ferver, como pode existir tanta cara de pau no mundo?
— Mensagem (2)
(11)xxxxx-xxxx: To sabendo que vc voltou, quero bater um papo cntg.
(11)xxxxx-xxxx: Para de fugir e vamo resolver a nossa situação.
Ayla: Block.Era a primeira vez que ele me procurava depois de todo o escândalo, aposto que ele pensou que quando a poeira abaixasse eu voltaria com ele e faria o papel de madrasta do ano. Só o amor constrói o caralho.
— Mensagem (8)
Aninha adicionou você em grupo "O ousado voltou".
Guga: agora tá bom o negócio
Guigui: só não pode sair desse
Duda: se ela quiser sair ela sai e pronto
Guigui: garota ignorante pra caralho.
Duda: chupa o meu pau
Guigui: vem cá que a gente desenrola isso
Aninha: guigui eu sempre desconfiei
Guga: ele tá com essas ideia pra mim faz tempo, eu falo que não quer mas ele insiste.
Ayla: sempre soube...
Guigui: me descobriram, o que será de mim?Tudo parecia estar voltando ao normal, só não sei se isso é algo bom...
"Para a paz é necessário todo o tipo de luta"
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Não vejo outra saída [EM REVISÃO]
RomanceApós descobrir que seu namorado espera um filho de outra garota, a vida de Ayla Müller muda da cabeça aos pés. Decepcionada e sem rumo, recomeça a sua vida conhecendo outras fronteiras e em uma dessas conhece alguém que é capaz de reconstruí-la, mos...