Nanda
— Cadê o Guto? — perguntei pro Rafael assim que entrei na sala de espera do hospital.
— Ele saiu por aí, não deu pra ir atrás porque a Ayla não tava bem — concordei.
— Vou ver se eu acho ele, já volto — sai de lá e passei em todos os corredores procurando ele, fui em todas as salas e nada. Caminhei até o estacionamento e encontrei ele sentado na calçada com as mãos no rosto, era horrível ver aquele menino alegre e idiota nessa situação. — Oi — falei assim que me aproximei.
— Eu não quero ouvir nada — falou seco e eu me sentei ao lado e segurei a mão dele.
— Ela vai ficar bem — apertei a mesma — Vocês a salvaram, vai ser complicado agora mas ela vai se recuperar.
— Foi por pouco — falou baixinho e com lágrimas caindo em seu rosto — Tudo me lembrou ao Vítor, ele era meu irmão pra tudo e eu... — suspirou — eu perdi ele e quase perdi outra pessoa importante do mesmo jeito, eu devia ter ido atrás pra saber se ela estava melhor.
— Ei meu amor — deitei a cabeça dele no meu peito — Você não perdeu ela, tudo vai ficar bem — acariciei o cabelo dele — Mas no momento você precisar ser forte, sua família precisa de apoio. Sua vó passou mal e não pôde vir, a Ayla tá lá dentro aos cacos e o Túlio vai demorar pra chegar, você precisa ser forte agora. — limpei as lágrimas do rosto dele e levantei esticando a minha mão para ele.
Voltamos pra sala de espera, que estava lotada de parentes e amigos da família, sentei ao lado do Rafael que estava com a Ayla deitada em seu colo. Ele me contou que ela ficou tão nervosa que não tinha forças pra ficar em pé então assim que se acalmou acabou capotando, o que era melhor já que ela não queria ir embora.
O médico voltou e contou que a Maria Eduarda ficaria em observação, ela tomou altas quantidades de remédios fortes que provavelmente facilitou o surto. Eu quando fiquei sabendo de toda a história não acreditei, as aparências enganam tanto que ninguém nunca desconfiaria que a família Müller já teve tantos problemas e tristezas na vida.
Ayla e o Guto não queriam ir embora por nada, então eu e o Rafa resolvemos ficar pra apoiar ambos. Algumas horas depois o Túlio chegou às pressas, foi um chororô lascado e ele finalmente convenceu os dois a irem embora, falando que iria ficar e qualquer coisa ligaria.
Os pais da Ayla pediram pra nos dormimos lá porque não dava conta de cuidar dos dois e do resto da família. A tia separou o quarto de visitas e uma troca de roupa pra nós, perguntei pro Rafa se ele queria ajuda com a Ayla mas ele negou dizendo que era bom eu ajudar o Guto. Esperei ele tomar banho e fui logo em seguida, deitei locadinha e fiz um carinho maroto pra ver se ele pegava no sono rápido.
Rafael
— Querido, nós vamos voltar lá pro hospital com a minha mãe — sogrinha entrou na cozinha — Aqui tá as chaves de todas as portas e do portão, qualquer coisa pega o meu número com a Ayla e me liga. Cuida deles, viu?
— Pode deixar — me deu um beijo e saiu. Voltei pro quarto e encontrei a Ayla sentada na cama com um olhar vago — Lavou o cabelo?
— Foi sem querer — respondeu baixinho e eu concordei.
— Deixa que penteio — peguei a escova da mão dela e comecei a pentear, já tive que fazer isso várias vezes por ter uma irmã mas nova. Ajeitei tudo pra gente deitar, já tinha amanhecido mas estava chovendo pra caramba então dava pra dormir suave, puxei ela pra perto de mim e fiquei a acariciando até a respiração ficar leve.
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Não vejo outra saída [EM REVISÃO]
RomanceApós descobrir que seu namorado espera um filho de outra garota, a vida de Ayla Müller muda da cabeça aos pés. Decepcionada e sem rumo, recomeça a sua vida conhecendo outras fronteiras e em uma dessas conhece alguém que é capaz de reconstruí-la, mos...