Capítulo 78

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Rafael

— Como você se sente com tudo isso?

— Não sei — respondi.

— É normal você ficar com raiva de tudo isso, amor — apertou a minha mão — É normal você querer brigar com tudo e com todos agora, é uma grande surpresa essa volta.

— Sabe, eu sonhei com isso por tantos anos — suspirei — Sonhava com ele indo me buscar na escola, indo nos eventos de pai e filho. Depois eu parei, cai na real e percebi que não podia ficar alimentando algo que não iria acontecer.

— Só que aconteceu...

— Sim — concordei — Aconteceu vinte anos depois. Agora que eu não preciso dele, não quero a presença dele e estou bem com a minha vida. — passei a mão no meu rosto — O que ele quer com tudo isso? Fazer o papel de pai do ano? O que ele quer comigo, pedindo pra me encontrar depois de passar a porra da minha vida inteira longe?

— Não sei, amor — me olhou — E só ele tem a resposta, eu acho que você deveria encontrar com ele pra ouvir tudo e colocar um ponto final nisso.

— Você vem comigo?

— É claro que eu vou, bebezão — me beijou.

FlashBack

— Eu tô tão orgulhosa de você, vida — Ayla me abraçou — Oficialmente um Doutor Dolittle!

— Sai pra lá — minha mãe empurrou ela — Depois que entrou na vida dele roubou o meu bebê de mim — gargalhei — Eu tenho que ser a primeira a parabenizar ele.

— Eu já parabenizei — Ayla respondeu rindo.

— Essa garota tá me afrontando, termina com ela — dona Andreia fingiu estar brava — Parabéns orgulho da mamãe, você finalmente terminou uma etapa da sua vida e eu to tão feliz com isso.

— Da licença — Rai ficou entre nós — Agora você pode me dar vários presentes — falou.

— Ué, porque?

— O papai falou que quando as pessoas se formam elas tendem a ter mais dinheiro — respondeu — Então agora eu quero mais presentes.

— O seu pai tem dinheiro demais pra eu não ter que ficar te dando presente, pirralha — respondi.

— Me coloca fora disso — ele deu risada — Parabéns Rafa, orgulho da sua mãe — me abraçou.

— Desculpa atrapalhar o momento família — um homem se aproximou.

— Eu já tirei as fotos com outro fotógrafo — respondi.

— Vamos Rafael — minha mãe me puxou.

— Você não vai deixar eu dar os meus parabéns pra ele, Andreia? — perguntou e eu franzina testa.

— Ué, você conhece ele mãe?

— Querido — tentou responder mas o cara interrompeu.

— Deixa que eu me apresento — esticou a mão — Sou o Marcos, o seu pai.

Fim de FlashBack

Sempre invejei todos os meus amigos que saiam com os pais pra jogarem bola ou apenas fazer um passeio. Nunca tive isso, muito menos vi a oportunidade. Até uns 12 anos eu sonhei com momentos juntos, acreditava que ele iria voltar e brincava com todos que diziam o contrário.

Mas ele nunca apareceu, e eu passei a aceitar isso.

Passei a dizer que não precisava de um pai, tive uma mãe que fez os dois papéis muito bem com um padrasto que era bom pra mim, mesmo não sendo o mesmo.

— Fico feliz que você veio — sorriu assim que nós nos aproximamos da mesa em que ele estava sentado — Você deve ser a minha norinha — sorriu pra Ayla — Você tem um bom gosto, filho.

— Para com isso — falei de saco cheio — Não sou seu filho então ela não é a sua nora, eu só estou aqui pra saber qual vai ser a merda da sua desculpa.

— Eu não sabia que você era tão mal educado assim, Rafael — respondeu brincando.

— Ele é educado com quem merece — Ayla respondeu — Se ele não foi com você então acho que já tem uma resposta.

— Afiada — deu risada.

— Já chega — falei puto — Se você vai ficar com essa palhaçada eu vou embora.

— Parei — levantou as mãos — Você deve estar pensando o porquê de tudo isso depois de tantos anos, não é? — fiquei quieto — Eu não poderia perder a formatura do meu filho.

— Mas perder a vida inteira pode? — Ayla perguntou — Perder os primeiros passos, primeiras palavras, primeiro dia na escola?

— Eu não podia perder um futuro brilhante e dar uma vida ruim pra ele — Marcos respondeu — Eu sou um médico renomado, tenho condições de dar o que você quiser agora.

— Que desculpa mais idiota — ela riu — O que faz você pensar que ele precisa de algo que vem de você?

— Você não podia perder um futuro e não queria dar uma vida ruim pra mim — falei — Mas a minha mãe sim poderia perder tudo e ter que lutar pra me dar uma vida boa sozinha?

— Ela conseguiu — respondeu simples — Ela fez a escolha dela e eu fiz a minha, agora que estou bem eu vim fazer como o planejado — falou — Te acompanhar por perto.

— Quem disse que eu te quero por perto — perguntei cruzando os braços — Eu precisei de você há muitos anos atrás, precisei de um pai pra me ensinar a jogar ou sair comigo. Eu só precisava de um pai, não queria um palácio — bati na mesa — Nunca me faltou nada, tenho uma mãe foda e que é uma médica muito melhor que você, isso eu aposto. Fico feliz por você ter conseguido tudo como planejado mas eu não vou fazer parte dos seus planos, pode desistir disso.

— Você tem uma família — falou — Irmãos e avós.

— Não — respondi — Não tenho porque você nunca fez parte da minha vida, isso só te faz um estranho e eles mais estranhos ainda. Não quero ter contato, estou bem o suficiente aqui é muito melhor sem um pai na minha certidão de nascimento — suspirei — Eu estou pouco me fudendo pro que você tem a me oferecer, posso parecer o egoísta que for mas nada me interessa.

— Você deveria pensar melhor, agora você tem uma figura paterna...

— Não — o interrompi — Não preciso pensar, eu tenho tudo o que eu preciso aqui — entrelacei a minha mão com a da Ayla — E eu já tenho uma figura paterna, tenho um sogro que significa muito mais do que você sonha em ser pra mim é um padrasto que sempre esteve presente — levantei — De você eu não quero nada então faz o favor de sumir da minha vida, igual você sempre fez.

— Espero que você não se arrependa — deu de ombros.

— Ele não vai — Ayla respondeu brava — Eu dou a minha palavra que ele não vai se arrepender de ter se afastado do lixo que você é, espero que você seja um pai bom para os seus outros filhos, aqui ninguém precisa de você — levantou — Vamos amor.

— Te amo — beijei ela.

(...)

— Fala peixe!

— E aí, sogrão — abracei ele — Já te falei que você é foda?

— Ih o que deu nele? — perguntou pra Ayla.

— Ele tá só mostrando o quanto você significa pra ele — ela respondeu.

— Eu significo algo pra essa catraia? — perguntou rindo — Pega uma lata pra gente — bateu no meu ombro, e eu sorri.

Faltam só duas narrações pra próxima parte do livro, vocês querem qual no próximo capítulo: Ana ou Guilherme?

Ps: a da Ayla vai ser a última gente

Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora