Capítulo 35

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Rafael

É mancada atrás de mancada, não é possível. Eu tava tão cagão com a resposta dela que achei melhor fingir que nada aconteceu e seguir a minha vida, até porque a última vez que eu agi por impulso daquele jeito foi no final do ensino médio e ainda quebrei a cara com aquela garota. Tá ligado aquele trauma de sentir muito algo e depois quebrar a cara, aí nunca mais querer de novo? Eu tenho esse aí.

O foda é que eu fui impulsivo, babaca é um puta egoísta. Não lembrei do que aconteceu com ela é muito menos me importei na hora, agora cá estou eu esperando a bonita sair da faculdade pra ver se da pra bater um papo e no mínimo fingir que nada aconteceu do jeito certo.

— Tá me esperando, priminho? — Fernanda perguntou se aproximando e eu neguei — Entendi, ela foi embora assim que terminou a apresentação, falou que tinha que resolver uns b.o aí.

— Que merda — cocei a nunca e ela meu olhou estranho — Valeu Fê.

— Epa, volta aqui — me puxou quando eu virei — O bonito acha que eu não te conheço, pode abrir a boca e contar o que tu aprontou.

— Pisei na bola com a mina e agora to tentando me redimir com ela, mas tá complicado — bufei — Ela não recebe as minhas mensagens.

— Primeiro, não é "a mina" — me imitou e apertou as minhas bochechas — É meu amor, minha libido, razão do meu viver — me soltei dela e fiz careta — E segundo, ela passou a noite terminando o trabalho e o celular descarregou. Mas se você for inteligente vai brotar lá na casa dela, já sabe o endereço e o horário que ela chega, só fazer o gol.

Me despedi da boboca e fui trabalhar. Passei o dia todinho ajudando em um resgate de um cavalo que caiu em um buraco de quase 2 metros, fomos em duas equipes e só no final do dia conseguimos levar ele pro hospital.

Sai fedendo esterco e barro, só o pó de cansado e todo sujo. Mas o homem não foge à luta e nem fodendo eu iria correr o risco dela se sentir desconfortável perto de mim e ferrar tudo, Fernanda iria me picar todinho, Sarah tacar gasolina e o Leonardo me tacar no fogo. Já o Yan não tem local de fala, gado não pode se manifestar.

Segui pra casa dela e estacionei bem em frente, não tinha nenhum carro na garagem mas as luzes estavam acessas. Peguei toda a minha coragem e apertei a campainha, no mesmo momento escutei um berro o Túlio.

— Já vai — berrou e eu toquei de novo — Eu já disse já vai, porra. — colocou a cara pra fora da janela e me encontrou, acenei pra ele que entrou de novo. Uns segundos depois a Ayla aparece no corredor com uma chave na mão, mas quando me encontrou cruzou os braços e me encarou.

— O que você quer? — perguntou seca e logo atrás veio o Farofa correndo em direção ao portão latindo pra mim.

— Vim ver o farofa — agachei e fiz carinho nele entre os vãos do portão.

— Ele não quer te ver, tente outro dia — falou.

— Amigão, o que é essa mancha aqui na sua orelha? — passei a mão no pelo dele — Pode ser grave, tem certeza que ele não quer me ver e depois passar mal? — perguntei — A culpa vai ser toda sua.

— Eu ligo pro Will — deu de ombros e eu revirei os olhos.

— Isso, até ele chegar o Farofa já desenvolveu maiores problemas — olhei pra ela — Estágios avançados se multiplicam muito mais rápidos.

— Você tem um minuto pra olhar ele e ir embora — bufou — É rápido e nem um piu.

— Como você quiser, né amigão? — olhei pra ele que pulava enquanto ela abria o portão. Entrei e ele começou a correr pelo quintal de felicidade, fala se não é meu parceiro.

— Ele parece muito bem — resmungou.

— As aparências enganam, sabia? — perguntei debochado e ela revirou os olhos.

— Sei bem disso — respondeu.

— Aqui a luz tá péssima pra enxergar — tava nada, só precisava entrar antes que ela me chutasse.

— Usa a lanterna do celular — mina esperta demais, orra.

— Vai machucar ele, sabe com é né, a luz e tal — dei um migué.

— Vem logo — bufou e saiu andando, acompanhei ela com o farofa ainda pulando em mim. Entrei na sala, que era enorme e tinha vários quadros espalhados.

— Nossa, o tempo faz bem — apontei uma foto dela criança.

— Tu não ia cuidar do farofa? — perguntou e o Túlio desceu as escadas.

— Bofe loiro, aí está você — encarei ele o máximo pra ver se ele entendia o código "sai empata foda, ou conversa ou até mesmo discussão" — Depois eu janto, não queria mesmo — falou e subiu as escadas.

— Vem cá amigão — sentei no sofá e ele pulou tentando lamber a minha cara — Eu queria pedir desculpas pra sua dona, mas ela tá toda emburrada e nem quer me ouvir — falei e escutei ela resmungar. — Sabe como é né? Sempre tem um babaca que vai implorar o perdão da novinha..

— Não sabia que o farofa era psicólogo agora — falou e eu dei risada.

— Tem como fazer silêncio? — pedi — To tentando examinar ele aqui. — ela bufou e eu fiquei olhando o pelo dele, que não tinha nada. — como eu ia dizendo, eu não quis escutar ela por orgulho de ouvir um não na minha fuça, não liguei pros traumas dela e ainda fui xingado de babaca..

— Bem feito — falou baixinho.

— Assim não tem como eu continuar, vou ser obrigado a levar ele pra outro lugar, tipo o seu quarto..

— Se liga — jogou uma almofada em mim.

— É assim que você conversa com os veterinários do seu pet? — olhei sonso — Isso é anti ético.

— Só falo assim com os babacas, os legais eu dou beijinho de agradecimento — riu irônica — Aliás, vou ligar pro Will.

— Vai ligar porra nenhuma — corri em direção a ela e tirei o celular da mão dela.

— Me devolve — pediu alto.

— Não — deitei por cima dela no sofá e segurei os braços com uma mão e com outra fiz cócegas na barriga dela — Não antes de você me ouvir.

Não continuo por menos de 100 comentários, se virem 😇

Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora