Capítulo 71

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Bianca

— Eu não acredito que você fez isso — gritei — Você é o maior imbecil desse mundo, o que você ganha com isso?

— Eu falei que não era pra você levar essa conversa pra frente — falou simples.

Eu não conseguia acreditar que tudo isso aconteceu, era o fim pra mim. Aquela porra do Lucas não prestava pra nada e ainda atrapalhava os meus esquemas, contar pro idiota do Yan foi o fim!

Todos que saiam da igreja me olhavam com um olhar de reprovação, minha avó passou mal e foi embora com as minhas tias, meu pai só soube gritar que eu era uma decepção e saiu também. A mãe do Yan deu um tapa na minha cara e saiu atrás do pobrezinho, já o pai olhou pra minha mãe e falou que nós iríamos pagar tudo, cada mísero centavo.

— Isso tudo por um filho? — perguntei passando as mãos no rosto — Você ia se livrar disso e essa criança teria uma vida mil vezes melhor do que essa que você pode proporcionar.

— Tu é podre demais — ele riu — Ia casar com o mané por interesse?

— Pelo o que mais seria? — perguntei — Você sabe que eu nunca atirei ele mas isso não justifica a merda que você fez, tá ligado na enrascada que você me colocou?

— Eu te coloquei? — negou — Você se colocou, foi você que veio correndo atrás de mim mesmo sendo amiga da Vitória, tu só sabia se jogar pra mim e dar risada por a tua amiga ter engravidado — me olhou — O que é engraçado se você olhar as situações.

— E agora gênio? — perguntei — Você pensou em tudo antes de fuder com a minha vida? Já separou dinheiro pra pagar as fraldas e bancar a mãe do teu filho? — cruzei os braços.

— Não, amor — se aproximou — Eu acabei com esse casamentinho porque eu sempre tive outros planos — beijou o meu pescoço — Não aguentaria ver a mulher que eu mais amo casar com outro cara.

— Você me ama? — perguntei assustada e ele concordou.

— Esse bebê aí é nosso, você não faz ideia do quanto eu quero construir a nossa família e dar tudo de bom pra vocês, te dar a vida que você mais sonhou — beijou os meus lábios.

— Sério? — sorri.

— Claro que não, sua tapada — gargalhou e eu me afastei — Tu consegue ser mais trouxa que o teu noivinho, eu lá quero casar com uma falsa que nem tu?

— Seu filha da puta — bati no ombro dele mas ele segurou a minha mão.

— Sabe porque eu acabei com essa palhaçada? — perguntou — Você me enfrentou, me xingou de tudo o que é nome e falou como eu sou inofensivo, isso tudo não foi nada mais que uma prova do que eu sou. — soltou o meu braço — Manda o dia das consultas e se você tentar tirar essa criança eu acabo contigo, to ligado que você nunca quis ser mãe mas já vou avisando, quando o bebê nascer tu pode ir ser filha da puta aonde quiser mas meu filho não vai sair de perto de mim.

— Você vai se arrepender!

— Não mesmo, sabe porque? — me olhou — Você tá na merda e sabe muito bem que se fizer mais merda ainda você vai estar fudida da cabeça aos pés. — se virou indo embora.

— Você vai me deixar sozinha nessa igreja? — gritei vendo ele sair.

— Você tá sozinha no mundo, Bianca — gritou de volta acenando. Filho da puta!

Yan

Parei em um bar qualquer, me afundei no balcão e pedi a bebida mais forte do estabelecimento.

A ficha caiu, tudo o que todos tentaram me mostrar, tudo o que deu deixei passar era real. Me apeguei tanto em alguém que eu pensava me amar, alguém que eu sempre gostei e sempre senti aquele frio na barriga .

Abandonei os meus amigos, briguei com todos que tentaram abrir os meus olhos, minha mãe tentou me avisar mas eu estava cego. Sentia que era ela, era ela quem eu queria casar e já tinha montado o quarto do nosso bebê no apartamento novo, estava tão ansioso pra cada consulta. Era um sonho, meu sonho sempre foi ser pai.

— Outra — pedi terminado o meu sétimo copo de alguma coisa que eu nem sabia mais.

— Irmão, é melhor tu parar de tomar isso — um homem sentado no outro lado do balcão falou — Essa pinga mata até caminhoneiro.

— Não tenho mais nada a perder — respondi agradecendo com a cabeça assim que o barman colocou outro copo na minha frente.

Eu estava sozinho. E tudo o que vinha na minha cabeça eram as coisas que eu perdi, principalmente a merda que eu fiz perdendo alguém que com certeza me amava sendo idiota e magoando por outra que nunca valeu a pena.

Ter outra chance não era uma opção, sei que depois de tudo isso nunca iria acontecer e sei o quanto ela está apaixonada pelo o primo da Ayla.

— Pode ficar com o troco — tirei todas as notas de cem e cinquenta que eu tinha na carteira e joguei no balcão, levantei tentando não cair e me equilibro até a porta.

— O senhor não está bem pra dirigir — uma senhora falou assim que eu destravei o carro.

— Eu não to bem pra nada — respondi tacando no chão o meu celular que tocava sem parar com mil ligações da minha mãe.

Sai pelas ruas sem rumo, tudo estava embaçado, só conseguir ouvir o barulho do impacto e sentir o carro capotando, minha visão escurecendo.

O escuro foi tudo o que eu consegui enxergar antes que desmaiar.

Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora