Capítulo 60

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Guilherme

— Vai ficar com essa cara de bosta?

— Você não consegue me deixar em paz, Ana? — perguntei puto. Desde os últimos dias a mina fica colada em mim 24 horas, ela acha que eu não saquei as ideias dela mas eu saquei muito bem.

— O churrasco tá daora e só tem gente foda, não tem motivo pra você ficar aí no canto sentado sem querer falar com ninguém — cruzou os braços.

— Tu quer a real? — perguntei e ela concordou — Eu não quero ficar no meio de um povo Zé droguinha que só sabe cheirar e vive em função de maconha.

— Pensei que você gostava

— Gostava, mas viver na merda cansa — levantei — vou vazar.

— A gente pode ir pra um lugar mais calmo — se aproximou — aproveitando que nós dois estamos solteiros né..

— Ih vaza, fia — me desvencilhei — Posso tá solteiro mas to querendo a minha mina de volta.

— Tá me zoando? — bufou — O que tu quer fazer com uma louca igual ela, porque só doida resolve se matar assim..

— Cala a boca — segurei no braço dela — Você não é ninguém pra falar da Maria Eduarda, eu não sei ainda o que fez ela ficar daquele jeito mas quando eu descobrir não tem quem me seguro — soltei.

— Já vai irmão? — Lucas gritou da churrasqueira e eu fiz um joinha.

Tava cheio dessa vida, cansei de andar com moleque que só quer farra e na hora que o calo aperta não tem um centavo no bolso. O outro não ia pra casa pra ver o próprio filho, tava cheio de problema com a Vitória e só sabia correr atrás de buceta.

Tava morrendo de saudades da minha morena, do nada ela me mandou várias mensagens dizendo que não queria mais nada comigo e muito menos olhar pra minha cara, eu não entendi foi porra nenhuma mas respeitei. Até receber a notícia que ela não estava bem, fiquei nervosão mas não posso nem chegar perto. Tudo bem que era melhor desse jeito mesmo, ela vai ficar bem melhor longe de mim e é assim que tá sendo, eu fico sabendo como ela tá pela Ayla que só se limita em falar se ela tá bem ou não, de resto xô.

Fui na sorveteria da Tia Lu, ficava bem perto da pracinha então quase todo mundo desse lado cresceu lá dentro tomando picolé. — Tia, manda um picolé de maracujá aí.

— Tu é folgadão, vou te dar uma surra pra aprender.

— Teus puxões de orelha dói — resmunguei lembrando do dia que eu apanhei foi de tudo que é jeito dela. Menino atentando querendo beijar as novinhas no auge dos 14 anos bem no banheiro da Tia Lu.

Tava bem de boa sentado olhando o movimento da pracinha quando um furacão entrou com tudo, olhei bem e identifiquei nada hora, aquele ali sempre foi o refúgio na adolescência. — Ayla? Tá tudo bem?

— Tá tudo ótimo — encostou no balcão limpando as lágrimas do rosto.

— Não tá não, o que aconteceu? — me aproximei e ela negou com a cabeça.

— Nada não, pode ficar tranquilo.

— Tia Lu — gritei — Me vê dois picolés de uva, rapidão.

— Pega aí, garoto folgado — gritou da rua.

— Tó — estiquei pra ela que negou novamente. — Eu te conheço cara, não precisa falar nada não.

— Obrigada — sentou na mesa que eu estava.

— Quer desabafar? — perguntei — Eu não tenho nenhuma ligação contigo mais, daqui nada vai sair — tentei passar confiança — Então eu falo, tava querendo desabafar com alguém de confiança — continuou quieta — Eu to cansado dessa vida, tu sabe que eu nunca fui de ficar no meio dessas paradas erradas mas eu experimentei e vi que não quero mais..

— Então porque você não sai? — perguntou baixinho.

— Eu quero sair, mas não tenho ninguém, perdi todo mundo que era verdadeiro comigo e agora to na merda..

— A Madu tá bem — me olhou — Tá se recuperando cada vez mais e eu nunca vi ela tão radiante.

— Foi tão bom ela se afastar — amassei o papel do picolé — Eu não enxerguei antes, deu no que deu e eu nem entendi muito.

— Como assim não entendeu?

— A gente tava bem pô, mas do nada ela mandou eu me afastar e nunca mais olhar na cara dela..

— Porque homem é sempre assim? — riu — Porque sempre fala a mesma merda e faz as mulheres saírem como loucas.

— Tu tá dizendo isso pra mim ou aconteceu alguma coisa? — ergui as sobrancelhas.

— Fui corna pela segunda vez..

Volteeeeeeeei!!!
+200 e eu escrevo o próximo

Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora