[TRINTA E QUATRO: Companhia.]

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Esse é definitivamente o meu capítulo favorito dessa fic até agora. Eu simplesmente AMEI o jeito que ele ficou desenvolvido e a proposta que eu tentei passar... Por favor, mimem ele, votem e comentem o que acharem, tudo bem? 🥺 Obrigada e boa leitura! ✨

POV PARK JIMIN.

Eu não estava sozinho... Em nenhum momento me deixaram sozinho.

Dor, fome e medo. Foram as minhas companhias.

24 horas que se transformaram em dias ao parecer uma eternidade pra que eu conseguisse ver a luz do sol mais uma vez, mas 24 horas que se transformavam em segundos de uma ida a volta do senhor Hajoon pra me questionar sobre quem pediu pra que eu entrasse em sua sala.

Pra mim, tudo ia dar errado de qualquer forma e já que eu disse que tinha entrado porque eu quis em sua sala, eu mantive minha palavra até o último minuto, até o último segundo do momento que eu acreditava que seria os meus últimos segundos de vida. Eu sabia muito bem pra onde eu ia ser jogado caso eu fosse culpado... O senhor Hajoon fez questão de me falar. E até de me mostrar... Os ossos e órgãos que ele levou pra dentro da cela pra se fazer claro, de pessoas que eram extraditadas pra tal Área X e lá passavam a viver praticamente no inferno até morrerem, foi o mais perto de "comida" que eu cheguei nessas horas.

É claro que ele deixou esses restos mortais perto de mim dentro da cela, o suficiente pra que o cheiro de carniça podre se empregasse dentro das minhas narinas em questão de minutos. Em vários momentos eu me pego olhando pras minhas mãos encardidas ou pra algum lugar da minha roupa que possa ter encostado sem querer nesses tecidos humanos e ossos, já que o cheiro parecia estar em mim, grudado em mim, fazendo parte de mim... Do jeito que ele disse que aconteceria. Do jeito que ele disse que eu era.

"O cheiro podre é pra te fazer lembrar da sua casa... Da onde você veio, do seu lugar, Park Jimin."

A voz do senhor Hajoon ecoa pela minha cabeça em todos os momentos que eu fecho meus olhos na tentativa de dormir, de tentar pelo menos descansar minhas pálpebras que queimam por se manterem abertas por tanto tempo, sustentando meus olhos assustados, perdidos, junto com as lágrimas que definitivamente secaram depois de tanto tempo chorando com as minhas companheiras... Medo, dor e fome. A ordem definitivamente não importa. Até porque foram as minhas companhias e a forma com que apareciam corroer meu corpo em momentos diferentes ou até em momentos iguais, era o que me distraia lá dentro.

— Jimin? Tá tudo bem? Posso entrar?

A voz abafada pela madeira da porta fechada do banheiro me tira dos meus pensamentos. Eu parei de frente pra pia, olhando pra um ponto qualquer do espelho em minha frente quando não consegui manter o olhar por muito tempo no meu reflexo.

— E-eu tô bem, Tae...

— Deixa eu entrar e te ajudar, Jimin, por favor...

Eu não respondo de prontidão, apenas fecho meus olhos por alguns instantes, os mantendo fechados assim enquanto tento controlar a minha respiração que está chiando dentro do meu peito desde essa manhã.

"Eu te disse pra ir embora, não te disse, garoto? Aqui não é o seu lugar..."

Abro os olhos assustado, olhando ao redor como se ele estivesse falando em meus ouvidos mais uma vez.

Balanço a minha cabeça lentamente, tirando essas vozes de dentro dela enquanto dou os pequenos passos que me separam da porta do banheiro, a abrindo devagar como o Tae havia pedido. E são os simples movimentos que mais doem, na verdade. E eu percebi isso hoje. Quando estava andando com os guardas, mesmo sendo amparado por um deles pra me guiar pelo caminho e também pra me fazer acompanhar seus passos, eu não sentia tanta dor como quando eu movimentei meu braço agora pra abrir uma simples porta.

[2091] || pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora