Cuida bem dele

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    Minha mãe liga mais uma vez para a escola informando que não vou poder ir por estar doente, seu pesar na voz me deixa um pouco triste.

    Passo o dia ajudando a minha mãe e meu pai sequer apareceu desde ontem, eu ia até o Patty me despedir dele mas não quero deixar minha mãe sozinha com ele de novo. 

    Coloco o CD do primeiro álbum versão demo, escolhendo por Love Demon, a canção que Gerard escutava. Parando pra pensar ela é um pouco explícita demais pra um pai escutar, não que os pais não possam escutar o que quiserem, mas sei lá.

     “This white skin corrupting my mind, I want to purplish this body”

    “ It makes my heart bleed for you”

  

    Será que ele tem noção de que foi pra ele? Ele com certeza deve saber que eu sou apaixonado por ele, por isso estava escutando o CD da banda.

    Passo um tempo no quarto e mando uma mensagem ao Patty pedindo que ele passe aqui depois da escola, já que amanhã cedo ele vai viajar para a casa da mãe.

    Acabo adormecendo e apago.

      …

    — Caralho, seu olho tá roxo. — Patty grita no meu ouvido me assustando e acordo num pulo. 

    — Puta que pariu, que susto. — Eu digo ainda sonolento e olho em volta.

    — O que aconteceu? 

     É claro que eu não gosto de mentir para o meu melhor amigo, mas dizer que meu pai me deu soco porque eu defendi minha mãe não é algo muito legal de se dizer. 

     Eu me odeio por mentir pra ele sobre grande parte da minha vida, não posso dizer que meu pai fez isso, nem que provavelmente toxic dopamine acabe se eu não encontrar uma gravadora. A pior parte é estar apaixonado por seu pai, o que eu fiz pra merecer isso?

     — Uns caras haters de Toxic, parece que eu não tenho só cinco fãs, mas também haters. — Dou de ombros e ele ainda me olha boquiaberto.

    — Você precisa processar os caras, devem ter comentado em alguma coisa sobre. 

     — Acha que só apanhei? Eles devem estar pernetas agora. — Digo e ele ri exageradamente, logo deitando nas minha pernas. — É sério.

    — Eu acredito, mas bom, infelizmente eu não posso ficar rindo disso por muito tempo. — Ele olho pro teto. — Vim me despedir.

    — Credo, parece até que vai morrer. É só uma semana, e além disso você ainda tem celular. — Tiro minhas pernas debaixo de seu corpo e cruzo as pernas.

    — Eu sei, mas sei lá. — Ficamos olhando para o nada por algum tempo, mas ele estraga o bom silêncio. — Você não vai dizer que eu sou o amor da sua vida e que não vai conseguir ficar uma semana inteira se mim? — Ele pergunta e logo ri, jogo meu travesseiro em na sua cara rindo.

     — Idiota. 

     — Mas sério, eu queria pedir que passe lá em casa sempre que puder e dê um oi pro meu velho. — Ele segura o travesseiro apertando contra o peito. 

     Eu travo por alguns segundos, ele está me pedindo pra fazer companhia pro seu pai? Como vou agir depois de ter feito… Aquilo?

     — Ah, você tem coração. — Brinco ainda nervoso. 

Handsome Father - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora