Aviões nas alturas

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     Aula de física, mensagens do Patty chegando a todo instante e uma garota que sequer sei o nome me perguntando a resposta dos exercícios. Eu só quero morrer mesmo, só isso.

     Gerard ficou fumando e eu fui embora, eu e a minha pós coragem fracassada, eu sou uma vergonha pra humanidade. Ainda terei que ir ver o Patty depois da escola, e porra, eu não poderia só ir ver o meu melhor amigo e não ter que fazer Gerard olhar na minha cara?

       O fim da última aula chega, eu caminho com lentidão até o bicicletário e destravo a minha bike. Meu dia claramente vai ser um saco, como eu vou cumprimentar o pai do Patty? "Oi", "e aí?" ou talvez "Como vai?". Não sei, não sei de nada, com sorte eu sou atropelado por um caminhão no caminho.

     ...

       No final eu não fui atropelado e agora estou enrolando pra bater na porta, mesmo querendo esmurrar ela e gritar toda a verdade. Bato e espero, não por muito tempo, pois Patty abre e sorrio o vendo novamente.

      — Frank! — Ele me abraça e retribuo, eu estava com saudades dele. — Sobreviveu sem mim, que orgulho.

     — Eu chamo de férias. — Brinco e ele finge indignação. — Mas sério, eu senti saudades de tentar te ensinar matemática e falar sobre teorias idiotas toda noite. 

    — Que fofo, entra. — Ele me arrasta pra entrar e fico com o total de zero opções. — Tem uns doces que meu pai fez, aliás, ele me contou o que você fez.

     — O-o que eu fiz? — Perco alguns sentidos, então eu vou morrer agora?

    — Sim, você veio todos os dias e ele não se sentiu tão sozinho. — Patty me traz até a cozinha e não vejo ninguém, agradeço mentalmente por Gerard não estar e respiro normalmente.

     — Ah, sim. Ele é legal, não foi um problema. — Respondo atento em tudo.

    Comemos algumas sobremesas maravilhosas enquanto Patrick me conta sobre Nova Iorque, nada é parado por lá e todos estão sempre ocupados, novidade nenhuma. Depois contou das garotas que ele conheceu, porém nenhuma lhe deu bola, todas modelos amigas de sua mãe.

    Ele diz que precisa me contar várias coisas e subimos para o seu quarto, minha língua coçando pra não perguntar sobre seu pai. Quando chegamos ele fecha a porta e me jogo em sua cama, lembrando do esquilo que morava aqui.

     — Cara, eu só devo ter visto ela umas cinco vezes. — Patty diz em tom cansado e vem até a cama. — Eu sou filho dela e ela sequer me deu atenção.

     — Modelos são ocupadas. — Digo me sentando ao seu lado, seus olhos direcionados na janela.

     — Eu não duvido do amor dela, mas meu pai está sempre tão presente, por que ela não?

     Infelizmente é óbvio que sua mãe nunca quis ser uma. Patty uma vez escutou uma história da sua avó materna, ela disse que ele foi um erro, já que Taylor nunca quis ser mãe. 

     Me dói não poder fazer nada, eu tento colocar isso na cabeça dele com as palavras certas mas obviamente ele vai ficar bravo comigo e ainda chateado, não quero que ele se sinta mal por minha causa.

     — Você deveria dar mais valor ao seu pai, ele faz tanto por você. — Digo dando de ombros e ele ainda brisa na janela. — Mas então, tenho uma coisa pra você. 

Handsome Father - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora