Do hospital ao cartório

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Brian

Vejo Gio pensativa ao meu lado e ouço um suspiro enquanto ela olha pela janela.

Observo atentamente enquanto ela parece perdida em pensamentos.

Minha copeira é uma mulher muito atraente, lábios carnudos, pernas delineadas em um jeans, justo o suficiente para me deixar desconfortável ao seu lado, cabelo ruivo que me desperta a vontade de saber se ela pinta ou é natural.

De onde essa vontade e esse senso de proteção vêm, não sei. Tenho a sensação que o pouco que ela me deixou saber é apenas a ponta de um iceberg, mas não um que seja sinônimo para caos e destruição.

Acho que esse iceberg pode ser a solução de nossos problemas.

Pego meu telefone e disco para Mark no viva-voz.

- Hei, doutor. Estou estacionando.

O deixo saber que cheguei e desconecto a ligação antes que ele fale alguma bobagem.

Quando chegamos à recepção vejo meu amigo destilando seu charme para a atendente.

- Vamos para a sala de exames, Brian. Você deve ser a senhorita copeira - ele fala direcionando o olhar e estende a mão para cumprimentar Gio que fica novamente desconfortável.

- Hey, Mark, mãos longe e o nome dela é Gio.

Meu amigo me olha com surpresa e para ser sincero eu também estou. Não sei a razão de ver sua mão ao redor da mão dela me deixou irritado ao ponto de querer arrancar o braço dele.

- Oh, ok. Mãos para o alto aqui - ele diz e me dá uma piscadinha. É por aqui.

Nós o seguimos, ele direciona Gio para a ala de primeiros socorros e me leva com ele para atendimento a queimaduras.

Tiro minha calça para que ele examine, enquanto me interroga.

- O que foi aquilo de mãos lá fora?

Nossa amizade é longa, ele me conhece melhor que eu mesmo, não adianta nem tentar mentir que ele não compraria, mas tento mesmo assim.

- Não sei do que você está falando.

Meu amigo me olha desconfiado.

- Bom, sendo assim, acho que posso pedir um certo número de telefone e me divertir.

Cerro meu punho e maxilar mas não caio na provocação, pelo menos posso usar a desculpa da dor para minha reação. Mark termina de me examinar e eu me visto.

Gio nos encontra com as mãos com curativos simples e me olha triunfante.

- Não falei que não precisava de hospital? Desperdício de tempo de bons profissionais, poderia fazer isso com uma caixa de primeiros socorros bem abastecida.

- Mas é sempre bom olhar se não há cacos em qualquer corte - meu amigo responde por mim. De toda forma, hoje você não pode voltar ao trabalho e correr o risco de, apesar de simples, infeccionarem, vou prescrever um analgésico leve em caso de forte incômodo. Já você meu amigo, sua queimadura foi de segundo grau, vou prescrever antibiótico e uma pomada analgésica para passar de 6 em 6 horas. Por três dias evite atrito de roupa com a região. Não estoure as bolhas que aparecerem e lave com bastante água e sabão antes de aplicar a pomada. Em caso de ruptura da bolha lave com água e sabão e passe a pomada, não arranque as cascas e você ficará bem. Daqui a três dias volte para reavaliarmos.

- Três dias sem sair de casa? Você está louco Mark? Você sabe que não posso!

- É isso ou lhe interno! Se não fizer o que falei, essa queimadura vai infeccionar e ficará bem mais sério.

Gio me olha e diz.

- Seu amigo está certo, Sr Brian. E eu sinto muito por tudo que causei, se puder lhe ajudar de alguma forma é só me dizer.

- Na verdade, pode. Você tem namorado?

- Não.

- Noivo, amante?

- Não, mas não vejo como...

- Quer casar comigo? A interrompi não deixando terminar sua frase.

Mark começa a rir e eu olho feio para ele.

- Você nos daria um pouco de privacidade?

Mark sai e eu passo as mãos pelo cabelo. Tudo que eu pensei quando ouvi três dias em casa é que isso me daria 05 dias para conseguir uma esposa, quando Gio me perguntou se poderia fazer qualquer coisa para me ajudar, uma ideia acendeu em minha cabeça e a resposta "Sim, se casar comigo", foi a solução que encontrei.

Claro que antes precisava saber se ela tem alguém na vida dela que possa impedir meus planos, com suas negativas soltei a pergunta e agora preciso ser razoável para que ela não saia correndo querendo me internar na ala psiquiátrica do hospital.

- Você pode me explicar o que foi esse pedido de casamento? Qual remédio seu amigo te deu para estar alucinando assim?

- Não fui medicado, ainda. Sente-se precisamos conversar.

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora