Não preciso de esmolas

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Gio

- Ele fez o que? - Anabelle me pergunta.
- Isso mesmo que você ouviu. Se eu voltasse para aquele apartamento o enforcaria. Ele deve ter vergonha de ser noivo da copeira e, se é assim, ele que enfie essa vergonha onde bem entender e lide com isso, sou copeira.
Anabelle está vermelha de rir da minha cara, desde o momento que cheguei aqui e comecei a contar tudo o que ele fez. A ligação no meio da reunião do conselho para me perguntar sobre o meu dia, a promoção no fim do meu segundo dia no emprego.
- Olha, vou dizer como sua amiga e que está vendo de fora a situação. Ele está dando uma promoção para um cargo de confiança. Ele é um executivo de alto escalão na empresa. Ele é neto do fundador amiga. Duvido que um homem da importância dele tome atitudes baseadas em vergonha.
- Se eu não fosse "a noiva" ele não se incomodaria a sequer saber da minha existência.
- Mas você é e ele já sabe. Me desculpe amiga, mas se ele tem que lidar com a vida real, você precisa tirar sua cabeça do buraco em que se esconde e parar de se vitimizar. Você é uma pessoa muito incrível e capaz. Ele deve ter percebido que daria uma excelente assistente de secretária executiva. Agarre essa oportunidade enquanto não volta para a medicina e atenda esse telefone, ele tem direito de saber onde você está pelo menos.
- Não quero atender, mas vou mandar mensagem para ele saber que estou bem e com você.
- Tudo bem teimosa, uma noite de sono faz milagres.
Nem bem eu termino de enviar a mensagem para Brian o telefone de Belle toca.
- Número desconhecido - ela me olha. Alô?
Ela escuta o que a outra pessoa diz e passa o telefone para mim dando de ombros e revirando os olhos.
- ...
- Gio?
- Brian?
Minha amiga sai do quarto e me deixa com seu celular.
- Como conseguiu esse número?
- Por que não veio para casa com o Tim?
Nós dois perguntamos ao mesmo tempo.
Eu respiro fundo.
- Eu precisava de uma distância de você. Se voltasse para o seu apartamento havia uma grande chance de sair daí presa por assassinato. Precisava esfriar minha cabeça, mas não queria lhe preocupar, por isso disse onde estava.
- Continuo sem entender, se precisamos conversar sobre algo é mais um motivo para você ter voltado para casa.
- Brian se eu tivesse voltado para casa com a raiva que eu estava, não teríamos conversado. Eu teria colocado seu apartamento abaixo e em cima de você.
- Com o que você não concordou dessa vez, Gio?
- Deixe-me ver. A ligação no meio de uma reunião só para perguntar como estava meu dia, uma promoção no meu segundo dia de emprego, toda a empresa no fim do dia saber que sou sua noiva.
- Eu vi seu currículo, você deveria ser a minha secretária e não a copeira.
- E eu adoraria ser a sua secretária se tivesse sido promovida seguindo todas as etapas de promoção da empresa, não por ser a noiva do Ceo e não no segundo dia. Isso é nepotismo.
Ele precisa ver a razão.
- Venha para casa e vamos conversar.
- Vou ficar aqui essa noite e você amanhã vai ligar para Mary e desfazer a promoção ou vou pedir demissão.
- Gio...
- Não, sem Gio dessa vez Brian. Você sabe que isso não se faz. As pessoas vão começar a questionar suas decisões de negócios se agir assim. Você não passaria pelos processos que lutou tanto para manter a empresa funcionando por ninguém e não quero que faça isso por mim. Minha função não me faz menos digna. Se um dia vir a ser a sua secretária executiva quero que seja pelos meu méritos e não por seu anel enfeitar meu dedo.
Desligo o telefone sem me despedir.
Sei que o deixei frustrado, mas Brian vai ter que aprender a dosar o que ele acha que deve fazer na vida das pessoas.

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora