Um contratempo na procura

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Brian

Sinto a temperatura da banheira mudar e ao contrário do que fui informado a fazer começo o processo de mudança da água.

Enquanto eu tirava minha roupa, minha copeira se distraiu observando meu corpo. Sei que sou atraente, mas que homem não gosta de ver uma mulher bonita observando-o. Apesar da dor não pude deixar de sorrir para ela e perguntei se iria me tratar ou me admirar.

O rubor na sua bochecha foi encantador. Há muito e muito tempo não vejo uma mulher envergonhada, a provoquei um pouco mais para ver se o rubor voltaria. Ela parecia muito nervosa com o acidente, mas totalmente natural ao me dar comandos quanto ao tratamento. Eu deveria ir ao hospital, mas sua segurança me fez seguir o que falava, e para ser sincero, de fato está aliviando o ardor.

Continuo me perguntando os motivos de uma estudante de medicina aceitar um emprego de copeira. Eu sei que muitos estudantes passam por períodos difíceis para conseguirem concluir o curso, mas empréstimos estudantis são comuns no nosso país.

Ela é muito bonita, mesmo de uniforme seu corpo chama a atenção.

Saio da banheira e começo a me secar. Ela tem razão quando afirmou que eu preciso de roupas folgadas, fora da água a ferida volta a arder. Droga! Esse é um problema que não tenho tempo e nem energia para resolver agora, preciso buscar uma solução para a outra tribulação que tenho em mente.

Aliás, solução não, preciso encontrar uma esposa.

Alguns dias durante a semana frequento uma academia ao sair do trabalho, por isso, mantenho aqui no escritório algumas roupas confortáveis. Coloco um dos meus moletons de ginástica e vou para minha sala. Encontro minha funcionária recolhendo os cacos dos recipientes que quebraram.

- Você deveria deixar a equipe de limpeza cuidar disso.

- Ai!

Ela tomou um susto quando ouviu minha voz, se desequilibrou e acabou com as mãos abertas nos cacos. Essa menina é um desastre em forma de gente, como pretende ser médica assim?

- Agora seremos dois atendidos no pronto socorro, acho melhor repensar sua carreira de médica.

- Eu não preciso de um pronto socorro, foram cortes superficiais.

- Precisa sim, podem ter cacos de vidro nas suas feridas rasas, vamos.

Arrumo os papéis da minha mesa na pasta, recolho da gaveta as chaves do carro e a carteira e a aguardo próximo da porta aberta.

- Judy estou saindo com a copeira. Providencie uma pessoa que a substitua enquanto estivermos fora.

- Sim. Brian, a senhorita Gio está bem?

Ela percebeu minha nada sutil troca de roupa e como informei que levarei a copeira, com minha fama, ela quer a garantia que a menina ficará bem.

Judy me conhece desde que eu engatinhava, estive nessa sala várias vezes com meu avô. Enquanto ele trabalhava, eu ficava ao lado dela com meus brinquedos. Ela é o mais próximo de uma mãe que eu tenho.

- Sim, aconteceu um acidente na minha sala e ambos precisamos de socorro médico.

Não forneço maiores explicações, no momento é suficiente, principalmente porque a ferida na minha perna me incomoda muito. Olho para trás e pergunto.

- Você está pronta? Vamos!

Pegamos o elevador e descemos para a garagem.

- Precisamos pegar seus documentos.

- Não sinto necessidade de ir a um hospital, um curativo simples resolveria o problema.

- Esperarei por você na garagem - contínuo como se não tivesse me interrompido e sem dar margem para discussão.

- Em qual andar estão?

- Estão no meu armário no primeiro andar.

Ela me responde contrariada e cruzando os braços. Gio, bonito nome, graças a Sra Judy não preciso mais a chamar de copeira. Gio contrariada é tão bonita quanto envergonhada.

Paramos no andar da recepção principal, ela sai do elevador e reafirmo que aguardarei na garagem. O elevador continua sua descida e eu coloco no GPS o endereço do Seattle Medical Center. Mark, meu melhor amigo trabalha lá, faço uma chamada rápida para ele.

- Hei, bundão. E aí, já está casado?

Mark sabe dos meus problemas. Ia ligar para ele quando me choquei com Gio.

- Ainda não, padrinho. Estou ligando porque vou para o pronto socorro, você pode me atender?

- Sempre, mas o que houve?

Ele percebe que não estou em pânico, então sua voz é calma. Faço um resumo dos últimos acontecimentos e informo que serão dois atendimentos.

- Cara, mal posso esperar para ver sua copeira, me diz entre risos, conseguir te ferir e se ferir em poucos minutos de diferença é um feito que nenhuma mulher em sua vida conseguiu.

- Cala a boca, você é médico e não deveria rir dos seus pacientes.

- Vocês ainda não são meus pacientes, me avisa quando chegarem, que vou ao seu encontro.

Ele desliga rindo ainda. Aquele filho de uma mãe me conhece desde o jardim de infância e é uma situação engraçada mesmo.

Apesar da dor, começo a gargalhar só ao lado do meu carro, é assim que Gio me encontra.

Ela deve pensar que estou maluco. Dane-se, eu acho que estou maluco. Todos os acontecimentos recentes da minha vida parecem tirados de uma peça de comédia de algum teatro bem barato.

Só espero que o responsável pelo insano roteiro da minha vida pare por aí as surpresas. Sinto que estou lidando com muito mais do que aguento.Entramos no carro e nos dirigimos para o hospital.

Hoje é um dia que promete!

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora