Avisando a família

23K 2K 89
                                    

Gio

Suas palavras me convenceram e me emocionaram.
Esse homem que pode ter qualquer mulher que desejar aos seus pés em um estalar de dedos, falar todas essas coisas e melhor ainda, acreditar nelas ao meu respeito me atordoa.
Nem percebi a lágrima que desceu clandestinamente pelo meu rosto até que ele a limpou.
Brian desceu sua boca sobre a minha e perdi a capacidade de pensar que ele tanto admira.
Uma fome atravessa meu corpo e a única certeza que tenho é que preciso sentir o corpo dele junto ao meu.
O puxo para mais perto com um gemido faminto, afastando seu terno do seu peito. Ele me estreita em seus braços e me sinto exultante.
Amo o jeito que ele devora a minha boca com sofreguidão e suavidade, um contraste que me excita e me faz querer responder aos seus beijos com o mesmo ímpeto.
Brian se afasta de mim com um gemido de dor e percebo que na necessidade de ter seu corpo colado ao meu, acabei esbarrando em sua ferida.
- Você está bem?
Ele me fita com a respiração tão alterada quanto à minha.
- Sim, foi apenas um desconforto.
- Quer ir para casa? Posso providenciar que Tim venha buscá-lo.
- Não vou ficar muito tempo no escritório, vim resolver algumas questões administrativas e algumas pessoais com você, para definir os últimos ajustes na viagem que faremos amanhã a noite.
- Ajustes?
- Você tem um local para ficar em Jackson?
Abaixo minha cabeça constrangida.
- Não mais.
- Ficaremos com seus pais, ou devo procurar por um hotel?
- Não havia pensado nisso.
- Você não os avisou da visita?
- Não, nem me lembrei na verdade.
- Acho melhor avisá-los do que surpreender sua família com um noivo a tira colo. Já será assombro suficiente que a razão da viagem seja a apresentação de uma pessoa que eles nunca ouviram falar.
- Você tem razão. Vou ligar para eles e depois te falo onde ficaremos.
Ele me beija brevemente e vai em direção à porta.
- Me deixe saber o quanto antes o que foi resolvido, te vejo em casa.
Ele sai e respiro fundo enquanto ouço o telefone chamar, será uma ligação difícil, mas como Brian bem me lembrou, indispensável.
- Filha?
- Oi mãe.
- Está tudo bem?
- Sim, o papai está com você?
- Não, ele foi na loja receber a entrega dos fornecedores.
- Amanhã a noite irei para Jackson.
- O que houve?
- Quero que conheçam uma pessoa.
- Conhecer quem?
- Meu noivo, podemos ficar em sua casa?
Algum tempo atrás Simon e Harper se mudaram com os meninos da casa dos meus pais.
- Seu no noivo? - minha mãe gagueja do outro lado.
- Sim, mamãe, noivo.
- Claro que podem ficar aqui. Não será confortável para você e ele entretanto. Sua irmã e o marido estão passando uns tempos aqui para me ajudar com a casa e seu pai.
- Ajudá-la com papai?
- Seu pai sofreu um pequeno infarto há alguns meses, ainda está se recuperando.
- E por que só agora estou sabendo disso?
- Não queria lhe preocupar e nem atrapalhar sua vida perfeita minha filha. Não era uma data comemorativa para ligar para você.
Percebo a mágoa na voz da minha mãe, fecho meus olhos e respiro fundo.
- Mamãe não houve quem não saísse machucado dessa história. Nem certos, acho que no fundo todos erramos e nos magoamos. Nunca desejei o mal a nenhum de vocês, se acham que me importo menos porque precisei de um tempo para entender e aceitar tudo que me aconteceu, saibam que não conhecem a filha que criaram.
- Exatamente por saber quem eu criei que me dói sua distância. Esperava mais de você.
- E eu mais de vocês. Será que já conseguem ver que eu fui a vítima e não a causa da situação? Que quando precisei de apoio o que encontrei foi uma cidade virada contra mim?
- Sua irmã estava grávida, o que queria que fizéssemos.
- Que não tivessem escolhido um lado a defender, que dessem apoio incondicional para os dois sentidos dessa história. Ela foi a amparada e eu a abandonada.
- Não percebemos que agimos assim até que fosse tarde, minha filha, me perdoe.
- Bom, amanhã estarei aí, avise ao papai para que ele não tenha um surpresa desagradável e aos demais, não ficaremos em sua casa, mãe. Provavelmente meu noivo nos hospedará em algum hotel.
- Acho melhor, minha filha.
- Até amanhã.
Desligo e só percebo que estou chorando quando sinto braços me rodeando.
- Brian?
- Esqueci minha pasta e não pude deixar de ouvir a sua chamada, não queria lhe atrapalhar. Você está bem?
- Não, mas vou ficar.
- Por que você se sente abandonada?
Respiro profundamente e me preparo para uma conversa difícil.
Está na hora de abrir armários e deixar que esqueletos saiam, está na hora de Brian saber os motivos que me trouxeram à Seattle.
- Sente-se não será uma conversa fácil.


Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora