No buraco da Alice

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Gio

Acordo assustada com toque insistente do meu celular, a princípio não reconheço o lugar que estou. Leva um tempo para que os acontecimentos do dia anterior voltem à minha lembrança.
- Alô
- Gio, onde você está?
- Em casa, respondo atordoada de sono ainda, são 05:00 da manhã Anabelle onde mais estaria?
- Que casa? O Sr Jhon me ligou ontem a tarde preocupado com você, falando que foi arrastada porta afora por um homem e logo em seguida o apartamento foi desocupado e seus aluguéis atrasados quitados. Estou desde ontem te ligando.
- Desculpe meu celular desligou sem bateria e não acordei ainda para responder as mensagens e ligações perdidas.
- Pois acorde e me conte tudo agora. Já estava me arrumando e convencendo o Sam a ir comigo em uma delegacia.
- E eu falando para ela parar de surtar e dar importância para aquele velho tarado - ouço Sam dizer ao fundo.
- Shhhh você não opina aqui, quieto. Então vai me dizer o que houve ou não?
- Quando você parar o monólogo e deixar espaço suficiente para uma resposta, talvez.
- Fala logo.
- Ontem foi meu primeiro dia no emprego.
- Nossa é mesmo, como fui esquecer? Como foi?
- Você quer a verdade ou uma versão sutil dos fatos?
- Você sutil? Desde quando Gio? - minha melhor amiga me pergunta rindo. Já esqueceu que ainda tenho marcas da sutileza do seu discurso de madrinha no meu vestido de noiva?
- Eu falei que não gosto de falar em público e foi você que insistiu que me sentasse ao seu lado e fizesse o brinde.
- E não me arrependo, foi o discurso mais sincero que ouvi depois dos meus pais e do meu marido, e o banho de champanhe faz parte de quem você é, já estava preparada para algum acidente - ela ri de novo.
- Ok, a verdade será. Eu cheguei no horário como sempre e já tinha realizado a primeira parte da tarefa do dia. A secretária do Ceo me chamou pedindo que reabastecesse seu escritório para uma reunião.
- Ah meu Deus, no primeiro dia? Como ele é, lindo como as fotos?
- Ei que história é essa de lindo hein - ouço ao fundo.
- Quieto Sam, a conversa é com a Gio.
- Como eu estava dizendo, não estava preparada para encontrar o Ceo na primeira parte da manhã e acredito que nem ele estava preparado para o furacão Gio que entrou em sua vida.
- Como assim?
- Ele estava perdido em pensamentos, não me ouviu entrar e nem quando eu limpei a garganta tentando chamar sua atenção. Resolvi reabastecer o aparador ao mesmo tempo que ele se virava para sua mesa. Derramei toda a água fervente do chá nele.
- Nossa! Bem a sua cara amiga, ele ficou muito irritado?
- Na verdade ele lidou muito melhor do que eu imaginava com tudo, estou tentando absorver tudo o que aconteceu na minha vida desde que acordei ontem. Parece que em algum momento entre o acordar e chegar no trabalho eu caí no buraco da Alice do País das Maravilhas sem perceber.
- Como assim?
- Eu e ele estamos noivos, estou na casa dele.
- Oi??! Pensei ter ouvido você dizer que ficou noiva.
- Foi exatamente o que eu disse.
Contei para minha amiga o que aconteceu desde que queimei Brian no escritório, deixando de fora a questão da herança e do contrato, são coisas que não estou preparada para admitir ainda.
- Que loucura, Gio. Agora entendo porque aquele homem nojento está a sua procura. Morar com ele??? Eca!
- Preferiria a ponte.
- Eu jamais permitiria que você fosse para debaixo de uma ponte e o Sam também não.
- E eu jamais incomodaria recém casados.
- Bom, quando vou conhecer seu noivo.
- Vou conversar com ele a respeito e lhe falo.
- Pedir permissão? Quem é você e o que fez com a minha amiga?
- Não pedir permissão, Belle. Mas a casa é dele e querendo ou não está machucado por minha causa, pode não ser um bom momento. Quando ele melhorar vamos à Jackson.
- Também não entendi o motivo de sua insistência em fazer essa viagem. Seus pais não se importaram com você desde o seu rompimento com Simon não deve satisfação do que faz o deixa de fazer.
- A garota sai do campo, mas o campo não sai da garota. Não ficaria bem em casar sem a benção deles.
- Tudo bem, tudo bem. Eu aceito isso se for para o seu bem e nada mais. Fale com o noivo e me deixe saber quando poderei vê-la. Estou feliz que você está bem.
- Estou melhor que bem em muito tempo.
Conversamos ainda durante um tempo, Anabelle me contando coisas da lua de mel e da rotina de casada, depois nos despedimos.
- Preciso me arrumar para ir trabalhar.
- Trabalhar? Você é a noiva do dono, não precisa trabalhar.
- Brian vai gostar de saber que vocês pensam igual. Você me conhece, sabe a resposta.
- Independência.
- Exatamente, nunca mais depositarei minha vida nas mãos de ninguém. Paguei um preço muito alto da última vez.
- Não rotule todos os homens como babaca do Simon, acho que na escala evolutiva ele sequer está classificado como homem.
- Concordo com você, mas realmente preciso ir.
Levanto, arrumo o quarto e me preparo pra o trabalho. Sei que ele deve ter empregados para arrumar tudo que um hóspede desarrume, mas como disse à Anabelle a garota sai do campo mas o campo não sai da garota.
Desço para sala, encontro Brian em roupas casuais me esperando para tomar café.

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora