Mar de indecisões

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Gio

Quase não dormi essa noite depois de discutir mais uma vez com Brian.
Eu e Belle ficamos por horas conversando e tomando vinho, Sam teve que viajar a negócios e ficamos só nós duas como nos velhos tempos.
Contei para minha amiga a ligação e ela me pediu para não tomar nenhuma decisão por impulso, dar o benefício da dúvida ao Brian e ouvir o que tem a dizer.
- Se você quer que o seu casamento dê certo amiga, vocês precisam aprender a se comunicar. Casar não é concordar com o outro o tempo todo, mas sim, aprender a se falar para que a relação tenha sucesso, ambos encontrando um ponto em que possam concordar, cada um cedendo de sua maneira.
- Olha só minha amiga, tão sábia, mas não sei até que ponto posso concordar com o Brian sem me sentir comprada.
Assim eu contei para Belle que acabei noiva de um homem controlador, bilhionário como um acordo de negócios.
- O que você sente pelo seu chefe?
- Vontade de matar?
- Sério, Gio. O que você sente? Te conheço, você não concordaria com tudo que concordou apenas por pena ou porque está sem saída.
- Eu perco a minha capacidade de raciocinar perto dele. Nunca senti o que sinto quando ele me toca. Não sei o que fazer com a vontade de matar e beijar que tenho quando o vejo.
- Entre nesse casamento de coração aberto amiga, não deixe que suas experiências passadas lhe impeçam de viver um amor.
- Um amor com data e hora para acabar e com avisos em letras gigantes para manter meu coração longe.
Contei dos conselhos que Judy me deu mais cedo, Belle estava muito cansada mas me disse uma frase, antes de ir se deitar, que me deixou acordada a noite toda.
- Não deixe mais que esteriótipos criados por outras pessoas a impeçam de viver a sua vida como acha que deve ser vivida.
Fui pensando nessa frase dentro do metrô para o trabalho.
Foi o que mais fiz na minha existência. Deixar que julgamentos exteriores moldassem meu jeito de viver a vida. Sempre agi do jeito que achava que os outros queriam e esqueci de ser quem eu queria.
Meu noivado acabou e com ele a pessoa que julgava ser se foi também. Fiquei um tempo à deriva em um mar de indecisões. Não sei se alguma vez eu me perguntei o que realmente queria ser e fazer.
Sempre sonhei ser médica. Passar algum tempo na faculdade e, depois ter que trancar para sobreviver, trouxe outro conflito aos meus pensamentos.
Nem sempre somos as pessoas que irão realizar os sonhos, alguns não devem passar disso. Mais de uma vez durante o curso eu me perguntei se realmente sairia dali uma médica.
Não bastam boas notas e esforço. Tenho certeza do chamado da medicina em mim, mas não sei se estou apta a exercer esse chamado.
Vou para a sala do RH ao chegar na empresa.
- Bom dia, Gio. Vou explicar seu novo contrato com a Richard's Tech. Ao sair daqui deverá procurar pela Sra Judy.
- Bom dia, gostaria de conversar com Sr Brian antes de assinar a mudança no contrato.
- Tem certeza?
- Sim, Sra Mary. Quero ouvir os motivos dele para me dar essa promoção antes de aceitá-la.
- Ele já está na sala dele, você deseja que a acompanhe até lá.
- Não será necessário, obrigada.
- Você não precisará retornar imediatamente, mas me procure antes do fim do dia para atualizarmos as informações.
- Tudo bem, até breve.
Sigo para o andar executivo e entro na sala de Brian sem bater. A Sra Judy não estava em sua mesa. Ao entrar na sala a escuto dizer ao meu noivo que ela iria em minha busca.
- Bom dia, não será necessário Sra Judy, já estou aqui.
- Bom sendo assim, deixarei vocês a sós. Quando estiver pronta me procure.
Aceno para ela e me aproximo da mesa do meu noivo, enquanto sua secretária sai pela porta.
- Agora somos você e eu.

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora