As desventuras de uma noite

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Brian

Chegamos ao apartamento Gio foi em direção à cozinha e vim ao escritório finalizar os planos das viagens.
Reti um quarto de hotel em Jackson, em Vegas reservei toda a área da cobertura de um dos famosos hotéis perto da Capela do Amor para onde Cole enviou a documentação do nosso casamento hoje pela manhã.
A tarde passa rápido e quando desço para o jantar os primeiros convidados estão chegando.
Encontro Mark novamente com as mãos em minha mulher e isso me desagrada, terei que ter uma conversa bem séria com meu amigo ou ele ficará sem profissão rapidamente quando eu arrancar suas mãos por colocá-las em local indevido.
Lia fica sabendo do meu noivado e fica pálida como se tivesse visto um fantasma. Ela tem uma paixão não correspondida por mim desde que saiu da puberdade.
Gio é uma perfeita anfitriã fingindo não perceber o mal estar que ficou em Lia e recebendo os demais convidados, ela deixou-os à vontade e entrosados e foi para a cozinha conferir o trabalho do buffet.
- Então pessoal, preciso ser rápido antes que Gio volte, me ouçam com atenção.
- O que foi Brian? - Belle me pergunta.
- Meu casamento e de Gio acontecerá em Vegas daqui a dois dias, será uma cerimônia surpresa para ela. Preciso que todos passem seus números de telefone para Cole que providenciará a presença de vocês no nosso momento especial. Quero que a mulher linda que vai se casar comigo tenha um dia incrível ao lado das suas amigas.
- Ahhh - as amigas de Gio ecoam juntas.
Eu percebo com a visão periférica que Gio está retornado limpo a garganta e faço um gesto sutil com a cabeça, a conversa na sala é retomada como se não houvesse tido uma interrupção.
- Está tudo bem por aqui? Gio me pergunta.
- Sim, bela donzela, apenas conhecendo suas amigas. Vou buscar mais vinho e já volto. Beijo sua testa e saio.
Não percebo que estou sendo seguido até que ouço a porta da adega sendo trancada.
- O que você quer aqui Lia?
- Você não pode se casar com aquela mulher, Brian.
- Posso e vou.
- E como fica nós dois.
- Acorda Lia, não existe nós dois, nunca houve.
- Eu perdi minha virgindade com você seu canalha, para agora ouvir que nunca houve um nós dois.
- Foi uma noite Lia, que já me arrependi por muitos anos. Quase perdi meu melhor amigo por causa desse erro.
- Erro? É isso que sou para você?
- Não, você é a irmã do meu melhor amigo. Mas a noite de um jovem bêbado, inconsequente e a jovem irmã de Mark foi um erro.
- Você vai se arrepender por me tratar assim, vou descobrir a verdadeira razão desse casamento e acabar com a sua vida.
- Não faça ameaças que não tem o poder de cumprir Lia. Saia das fraldas e vá importunar alguém da sua idade.
- Você acha que ela te ama, Brian. Está cego para o que está na sua cara, ela quer o seu dinheiro e mais nada. Vou provar e você ainda virá de joelhos a mim me implorando perdão pelo jeito que me tratou essa noite.
Lia sai da adega e eu fico um tempo a mais para me acalmar. Detesto ser relembrado dos meus erros. Cometi muitos no período em que vivi, como tenho certeza de que até a minha morte cometerei muitos outros.
Mas a única coisa que me arrependo de verdade na vida é da noite que passei com Lia. Ela foi a única mulher para quem não deixei claro que o que faríamos era casual.
Não seduzo virgens e muito menos quando estou bêbado. Eu tinha tido a briga com meu pai, o desentendimento que pôs a pedra na lápide do nosso relacionamento, depois desse dia nunca mais nos falamos, foi depois desse dia que ele incluiu as cláusulas que hoje me obrigam a casar em seu testamento.
Descobri que ele tentou me colocar duas vezes no processo de adoção e fui conversar com ele, meus avós e seus advogados esconderam isso de mim, nós tivemos uma discussão feia e ele externou que nunca foi meu pai porque não se sentia assim.
Fui para a casa de Mark que na época fazia residência hospitalar e bebi como nunca mais bebi. Nunca gostei de perder o controle da razão, principalmente por ter um genitor que abusava da bebida. Até então não tinha colocado uma gota de álcool na boca. Mark foi chamado às pressas ao hospital para participar de uma cirurgia rara, todos os residentes deveriam assistir, insistiu que eu não tinha condições de voltar só para minha residência. Não teria tempo de me deixar lá antes de ir ao hospital, assim passei a noite na sua casa.
Lia veio ao quarto do seu irmão e tudo aconteceu. Não me lembro de nada daquela noite, tudo é um borrão e fragmentos de memória até hoje. Na manhã seguinte Mark nos pegou em sua cama e me deu uma surra, só não acabou comigo por completo porque sua irmã disse a verdade de como tudo aconteceu. Ela me seduziu, não estava em condições de agir.
Com muita dificuldade meu amigo me perdoou e deixei bem claro para Lia que aquela noite jamais se repetiria.
Pelo visto ela não levou a sério o que eu disse.
Retorno para a sala e percebo que Lia se foi, Mark me pede desculpas pela atitude da irmã que alegou estar se sentindo mal para ir embora.
Vejo Gio a vontade entre nossos convidados e as palavras da discussão na adega me voltam à mente. Claro que ela não me ama, mas Lia está errada ela não quer meu dinheiro. Mas e se eu estiver equivocado e Cole e Lia corretos? E se for uma máscara para disfarçar seus interesses.
Sacudo minha cabeça com esses pensamentos ridículos, minha gatinha selvagem nem queria se casar. O contrato inicial era muito vantajoso para ela e o contrato assinado não tinha nada a mais do que o Cole a convenceu a aceitar. Chega a ser uma piada que uma mulher teve que ser convencida a aceitar dinheiro para se casar comigo.
Nossos amigos vão embora e Gio menciona a saída repentina de Lia.
Eu fico tenso com as recordações que a menção me traz, dessa e da noite do nosso passado.
Pela primeira vez desde que nos chocamos em minha sala meus pensamentos não estão em levar Gio à loucura com meus beijos e mãos.
Dou um boa noite, frio e vou ao escritório encontrar uma boa dose de uísque.
Lia não sabe, mas atingiu no meu ponto mais fraco, no fato de que, tirando meus avós e poucos amigos, ninguém mais me quer pelo que sou. Até a mulher com quem me casarei precisou ser convencida por no mínimo três pessoas que estavam aqui hoje que nosso casamento é possível.
Termino o uísque e vou para o quarto, amanhã será um longo e difícil dia, dormir embriagado e acordar de ressaca não ajudará em nada, aprendi cedo essa lição e com a própria Lia.
Acordo cedo e vou para o hospital, ontem Mark ficou preocupado com algumas das bolhas que estouraram e me pediu para ir antes de viajar em seu consultório.
- Bom dia, Mark por favor.
- Bom dia, Sr Brian. O doutor Mark o aguarda, pode entrar.
- Bom dia Mark.
- Me desculpe por ontem à noite meu amigo, não sabia como Lia ainda se sentia a seu respeito.
- Ela falou com você?
- Cheguei em casa e ela estava aos prantos, queria saber porque não pensamos nela para sua noiva.
- Você contou para ela do testamento?
- Não. Ela jogou verde, mas colheu estragado. Que lhe disse que seu casamento é por amor. Ela gritou um pouco comigo e voltou para casa.
- Obrigado meu amigo. Mas quero suas mãos bem longe da minha noiva ou ficará sem profissão depois que lhe arrancar os dedos.
Mark ri muito e se controlando diz.
- Venha, vamos resolver o problema da sua queimadura pra você poder ter uma lua de mel de verdade e deixar de vez esse comportamento de urso recém hibernado.
Ele me examina e fica satisfeito que a queimadura está praticamente cicatrizada.
- Amanhã você estará novo em folha e pronto para outra, então guarde essa vontade de rasgar roupas por mais um dia ou voltará para estaca zero.
- Eu dispenso a outra, quer dizer então que amanhã posso parar com os cuidados médicos e ter vida normal?
- Se você não abusar hoje, o antibiótico e pomada resolverão a área que ainda demanda um pouco de cuidado. Amanhã estará bem o suficiente para que não precise mais de cuidados tão extremos, já passamos da zona de risco de infecção. Mudando de assunto, Cole já criou o grupo conosco. Parece que todos confirmaram presença em Vegas depois de amanhã.
- Ainda não olhei as mensagens no meu celular, mas que bom. Vou indo então porque tenho muitas coisas para organizar.
- Boa sorte em Jackson.
- Obrigado.
Volto para casa e encontro Gio tomando o café.
- Bom dia baby, dormiu bem?
- Bom dia, sim e vc?
- Também. Meu bem viajaremos assim que você tomar o café da manhã.
- Não era à noite?
- A viagem vai levar 5 horas, quero que você tenha tempo de se preparar para o encontro com a sua família.
- Tudo bem, vou subir e terminar de preparar minhas coisas então.
- Estarei no escritório quando terminar.
Vou para o escritório finalizar os detalhes das duas viagens e aviso Tim para nos encontrar no aeroporto. Em Jackson quero estar com minha atenção focada totalmente em Gio, para isso não quero me distrair descobrindo caminhos pelo GPS.

Um CEO em minha vida (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora