Nós Dois |• Chris MC

5

— Não sei não, Cesar... — limpo meus dedos no guardando.— Eu tenho que estudar.

— Tu vai com a gente pô, se pá eu vou te buscar. — disse.

— Aí, tudo certo então. Que horas que vai ser? — confirmo o fazendo rir.

— E seu estudo?

— No domingo eu estudo. — dou de ombros.

— O que ce faz?

— Psicologia. — coloco mais batatas na minha boca.

— Tu é muito grossa, como que tu quer ser psicóloga?

— Eu não sou grossa, você que escuta assim. — Olho a Bia vindo na nossa direção.— Frend, vamos pra um show sexta.

— Eba, de quem? — sorrio se sentando.

— Cesar. — digo olhando para o mesmo.

— Tu ta dando em cima da Renata chamando ela pro teu show? Interessante. — Bianca diz rindo.

— Acha que eu achei minha dignidade no lixo, foi? — Cesar retruca.

— Ei. — dou um tapa de leves no braço dele.— Da pra me respeitar pelo menos na minha frente?

— Desculpa aí pô. — disse rindo.

— Eae, Zé. — Xamã diz se sentando na última cadeira vaga. — Por que não disse que chamou as mina?

— Queria fazer surpresa, ó. — Respondeu fazendo toque com o mesmo.

— E eu fico onde? — Chris para na nossa frente com a Catarina nos braços procurando cadeira.

— Na cadeira de Renata, ela tava se bronzeando mesmo. — Cesar diz, olho pra ele  — Pode ficar aqui.

Volto para minha canga, coloco protetor no meu rosto, ajeito o boné na minha cabeça e deito com o rosto pro sol.

Ouço a música que colocaram, já sinto a maior vontade de começar a chorar. É como se ele tivesse feito essa canção se baseando na minha vida.

— Eu nunca quis que você fosse embora, mas todo filme foda têm que ter um fim. — cantarolo baixo no ritmo da melodia.

Percebo que os meninos se levantam para jogar quadrado (ou controle). Apoio meus cotovelos na areia para ter a visão deles jogando. Ou só para ter a visão do Xamã sem camisa mesmo.

Depende do ponto de vista de vocês.

Vejo quando o César joga a bola na minha direção, tento me desviar mas ainda bate no meu ombro.

— Joga a mãe pra ver se quica. — grito para ele fazendo o mesmo rir.

Jogo a bola de volta para eles, que continuam a jogar. Me sento do lado da Catarina que tá fazendo castelo de areia.

— Cê bebeu água, tia? — pergunto pra ela que nega. Compro água para a mesma, coloco a garrafa na boca dela e fico segurando até ela beber.— Pronto?

— Xim. — confirma e balança a cabeça.

Fico brincando com ela na areia, depois a Bianca também vem, mas como nem tudo são flores. Os meninos jogaram o balde de areia todo no meu cabelo.

— Vou comer teu cu com essa areia, VICTOR. — saio correndo atrás do Chris.

— Vai amiga, você consegue. CORRE. — Bianca grita rindo em forma de incentivo.

Chris para poucos metros de mim, fica me olhando com uma cara de quem quer fazer alguma coisa comigo.

Tomara que seja o que minha mente sempre quis.  Se for isso, tua filha tá pronta.

Ele vem correndo na minha direção, me fazendo correr dele, meus pés se movem na velocidade do desespero. Victor me alcança em dois passos, pega na minha cintura e com uma rapidez incrível, me vira de cabeça para baixo.

— Quem vai comer o cu de quem agora hein? — ele pergunta e logo começa a rir.

— Isso saiu estranho, viu? — tento inclinar minha cabeça pra olhar ele. — Agora me coloca no chão.

— Com todo prazer. — disse isso indo andando em direção ao mar.

Metade do meu cabelo já tá dentro da água, na primeira onda formada ele me solta. Volto pra superfície depois de embolar até areia.

— Tá tudo bem? — Victor vem rindo até mim.

— Quer que eu responda ou foi retórica? — passo por ele, vou me sentar na cadeira.

— Foi retórica mesmo. — se sentou na cadeira que ele pediu.

— Deu a hora, Rê. — Bianca levanta. — Bora?

— Bora. — pego a camisa do meu amigo César e coloco. — Sexta eu te devolvo.

— Quem mente vai pro inferno, sua mãe nunca te disse isso? — ele pergunta.

— Claro, por isso que ela tá lá. Experiência própria. — prendo meu cabelo em um rabo de cavalo.

Eles estão me olhando com uma cara espantada pelo o que eu acabei de falar.

— Eu levo vocês. — Xamã se levanta.

— E eu? Fico como? — Chris pergunta olhando ele.

— O Cesar tá aí. — Jason o responde. — Vamo.

— Tchau neném da tia. — abaixo pra beijar a bochecha da Catarina. — Da água pra menina, seu desnaturado. — falo virada para o Chris.

Coloco minha bolsa no ombro, pego minha sandália na areia e vou seguindo o Jason que já tá lá na frente.

A cada passo que a gente dava, eu ou a Bianca tirava uma foto dele com um fã. Xamã até soltava umas piadinhas para as pessoas, alguns perguntavam de qual das duas eram namorada dele, eu dizia que éramos primos.

Já no carro, mando Bianca ir na frente, porque ele não é Uber pra tá as duas atrás e eu não gosto de ir na frente. Bia conectou seu celular no som, ainda bem que todos presentes ali gostava do mesmo estilo de música.

— Amor, quando nosso vinho amargar ou perder o sabor
Quando a maquiagem borrar e as fotos perderem a cor
Tu ainda vai querer me aquecer
Quando não me testar nem calor?
E quando o cigarro apagar, vai ter valido a pena as cinzas e o frescor?

Todos nós cantávamos em sintonia a música. Temos que concordar que essa é um das melhores músicas do Luiz Lins.

— Entregues. — Xamã diz parando na porta da nossa casa.

— Cê vai querer entrar? — Bianca pergunta.

— Não, não. Tenho que resolver umas coisas. — ele responde sorrindo.

— Tu não vem, Renata? — Bianca me chama já fora do carro. Percebo que fiquei tempo demais olhando para o sorriso.

Também, que sorriso de rasgar a alma toda. Minha santa Lupita Nyong'o. 

— Tchau, Jason. — sorrio saindo do carro.

Bia abriu a porta de casa me dando espaço para entrar. Minha bolinha de pêlos veio correndo para meus pés, pego ele no colo o enchendo de beijos.

— Também tava com saudades, cutcut. — faço voz fininha de bebê.

— Tá fazendo o que aqui, Lúcifer? — ouço a Bianca falar já na sala.