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- Vou descer... - Clara diz.

- Obrigado?! - Victor diz a olhando.

- Cortou o clima, real. - começo a rir de nervoso. - É melhor a gente descer também.

- Tá se achando a meteorologista ela. - Disse rindo. - Vamo.

Descemos de novo, e eu estou morta de vergonha de colocar a cara no quintal. Certeza que a Clara já falou pra mãe dele, pro Jason e pro resto da galera toda. Vulgo outras cinco pessoas.

— A Tata dormiu? — Tia Helô nos pergunta.

— Sim, não quis me soltar. — respondo sorrindo.

— Ah, entendi. Vai comer, cê tá tão magrinha. — mandou sorrindo.

— Já estou indo. — vou indo em direção onde as comidas estão.

Coloco meu velho e prático prato de pedreiro. Estou comendo por mim e pela Bianca que não está aqui, e nem sei onde está.

Me sento perto do Marcelo, fico  comendo quietinha observando todas as coisas.

— Mulher, tu não se comporta. — Marcelo diz ao ver meu prato.

— Não quero passar impressão falsa. — dou de ombros.— Jason?

— Fala tu que eu tô cansado. — se sentou do meu lado.

— Quero te mostrar uma coisa que eu tô fazendo. — tiro meu celular do bolso, desbloqueio e coloco no bloco de notas.

— Hmm, o que é? — pegou meu celular, passou alguns minutinhos lendo. — Ta muito bom, mas precisa de alguns ajustes.

— Me ajuda? O Cesar não sabe guardar segredo dele....

— De quem? — Marcelo pergunta um pouco mais alto chamando atenção.

— Vou dar uma bicuda na sua cara, se feche. — digo séria, mas minha moral é falha, pois ele começa a rir.

— Eae, o que tá pegando? — Chris se senta perto de nós.

— Nada. — Xamã diz.

— Porque tá com o celular da Renata? — franziu o cenho. Olho para meus dedos anelar e não encontro nada, mas também não falo.

— Tu é namorado dela? — Xamã cutuca.

— Vou ver se a Tata acordou. — Se levantou e saiu.

— Pegou pesado, Jason. — Marcelo repreende.

— Muito. — confirmo.

— Desculpa, mas só veio isso na mente agora. — Deu de ombros.

Nego com a cabeça rindo. Volto a comer minha comida, faço um coque no cabelo pois ta muito calor.

— Nega, tá na nossa hora. — Marcelo me avisa.

— Vamo então, só vou pegar nossas coisas e me despedir das pessoas.

Me levanto indo em direção onde a Tia Helô estava junto com a Clara.

— Quando ce volta de novo? — Tia Helô pergunta assim que eu digo que vou embora.

— Não sei. — sorrio dando de ombros.

Eu realmente não sabia quando voltaria, e se eu voltaria.

— Não precisa vim com o Victor viu, pode vim sozinha. — Me abraçou.

— Então tudo certo, só me chamar que eu venho. — retribuir o abraço. — Vou pegar minhas coisas.

Falo com as outras pessoas que tavam ali, subo as escadas em direção ao quarto do Victor. Só hoje, minha alma saberia o caminho sozinha sem precisar ajuda do corpo, de tantas vezes que eu já subi aqui hoje.

— Ei... — me encosto na porta olhando ele deitado com a Catarina. — Eu já tô indo embora.

Ele faz sinal com a mão para eu esperar o mesmo, confirmo com a cabeça.

Victor se levanta vindo em direção a mim, saímos do quarto indo para pequena varanda que tem na parte de cima da casa. Eu só estou percebendo ela agora, não vou mentir.

— Tu acha que eu esqueci que a gente tem que bater aquele papo né? — ele diz rindo de encostando no parapeito.

— Que papo?

— Do show, Renata. — revirou os olhos.

— Ah, sim sim. — realmente havia esquecido.— Quando cê puder, cola lá em casa que a gente conversa.

— Não vai tentar me enrolar desse vez?

— Eu tava nervosa naqueles momentos, não sabia quais palavras usar. Pensei em muitas coisas e formas de dizer, sem que saia muito grosseiro, entende? — coloco uma parte do cabelo para trás da orelha.

— Então ce fez um roteiro para falar comigo? — cruzou os braços e me encarou.

— Não é roteiro, é palavras certas. — dou de ombros. — entenda como quiser.

— Teu mal é esse. — suspirou. — Tu não leva nada a sério, e o meu mal é achar que tu levaria nós a sério.

Opa, ta existindo um "nós"? Eu ouvi isso mesmo??

— Eu já te falei que quando ce puder brotar lá em casa pra conversar sobre isso, você vai. — Dou de costas saindo da varanda.— Não tô afim de discutir isso contigo.

Pego minhas coisas que tava dentro do quarto dele, dou um cheiro na testa da Catarina, que dormia serenamente sem preocupação nenhuma.

Inveja eu tenho.

— Que cara é essa, garota? — Marcelo me pergunta assim que eu entro no carro.

— O que ele falou contigo la em cima? — Jason me encara também.

— Não foi nada, gente. — suspiro.— Vamo pra casa que eu tô com sono.

Não respondo mas as perguntas deles, encosto minha cabeça na janela olhando a linda paisagem.

Nem chegou na metade do caminho, meus olhos já estão dando umas leves pescadas, me tendo ao sono já que não tá nem perto de casa ainda.

— Renata? — ouço uma voz distante me chamando. — Chegamo e eu não tô afim de te carregar não, pivete.

— Já acordei. — resmungo sem abrir os olhos.

— Ainda bem. — ouço a risada do xamã.

— Obrigada pela carona e pelo almoço, meu lobisomem favorito. — sorrio enfim abrindo os olhos, me inclino depositando no beijo na bochecha dele.

— Espero que ninguém veja isso, ou serei um homem sem melhor amigo. — rio.

Reviro os olhos também rindo, ajeito minha mochila nas costas e o meu grande livrinho nos braços. Deslizo para fora do carro esperando o Marcelo também sair.

Entramos no elevador, apertamos o botão do nosso andar.

— Tu ta um poço de preguiça hoje. — Marcelo diz ao me ver encostada na paredinha do elevador.

— Vai caçar o que fazer. — respondo saindo de dentro do elevador assim que as portas são abertas.

Abro a porta de casa, cumprimento o Pietro, Bianca e o meu filho.

A preguiça de tomar banho também vai sob mim, retiro as roupas da faculdade, deito assim mesmo de calcinha e sutiã.

Nós Dois |• Chris MC Onde histórias criam vida. Descubra agora