Como perder Seokjin

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Capítulo muito tenso...

Boa leitura.

Os cascos de Bela trovejavam na noite chuvosa. Eu estava congelando na sela. Era o fim do inverno e a noite continuava gelada, a chuva misturada com neve batia no meu rosto, derretendo através da blusa fina. Não tive tempo de pegar um casaco.

–Anda, Bela – instiguei, batendo os calcanhares nos flancos, desejando que a égua seguisse mais depressa. Parecia que ela entendia minha urgência, porque voava pelo campo congelado. Rezei para que não caísse na toca de um bicho e quebrasse uma pata, porque a noite estava escura demais e nós corríamos de maneira imprudente pelo terreno irregular.

Salvar Jin... Salvar Jin. .. Era o que martelava nos meus ouvidos a cada batida de cascos.

À minha frente, o celeiro dos Park surgiu, cinza-claro e em arco, como uma lápide contra o céu. Um gritinho escapou dos meus lábios. Já havia carros ali. Mas não posso estar atrasada demais. Não posso. Quando saltei de cima de Bela antes mesmo de ela parar, escutei vozes dentro do celeiro. Vozes raivosas, masculinas, e um ruído de briga. Corri até o celeiro e abri a porta pesada, puxando-a para trás em seu trilho enferrujado.

Lá dentro, um pandemônio. A briga já estava acontecendo. A turba estava solta.

– Chanyeol, não – gritei, vendo meu ex-namorado no meio da balbúrdia. Mas ele não prestou atenção. Ninguém sequer me notou quando corri para o meio da confusão, tentando tirar os garotos de cima do Seokjin. Havia sangue por toda parte e punhos voando enquanto Seokjin lutava sozinho contra eles. Ele era muito forte, mas não o bastante para aguentar aquilo...

–Vou matar você pelo que fez com ele – gritava o Mark, o namorado ridículo de Jackson, socar Jin. Tentei agarrar os punhos dele, mas alguém me puxou para longe, lançando-me contra uma parede. Voltei gritando para eles pararem, mas ninguém prestou atenção. Estavam embriagados de vingança, medo e ódio, ódio de alguém diferente deles.

–Parem – implorei. – Deixem ele em paz!

Seokjin deve ter ouvido minha voz, porque se virou para mim, só por um segundo, e vi surpresa em seus olhos. Surpresa e resignação.

–Seokjin , não – gritei, sabendo o que ele iria fazer.

Iria se destruir.

E então ele fez um movimento fatal. Virou-se para os garotos já furiosos e mostrou as presas.

A bravata de machão foi abandonada pelos agressores.

–Vampiro! – gritou Mark, com terror e choque se misturando na voz.

–Filho da mãe... – xingou Shindong recuando, parecendo petrificado, como se derepente tivesse percebido que aquilo não era mais apenas um jogo. Ele havia liberado um poder que jamais esperara realmente, apesar de todas as suas histórias de vampiros, sites e estacas.

Mark também se afastou cambaleando pelo piso coberto de feno, mas ainda tentando pegar algo atrás, às cegas.

Eu vi antes que ele a localizasse. A estaca. Feita em casa. Grosseira, porém fatal. Parcialmente enterrada no feno. Mergulhei para pegá-la, mas Chanyeol também a viu e foi mais rápido. Agarrou-a e foi na direção de Seokjin, que lutava para ficar de pé, pronto para se defender do lutador mais baixo, mas mesmo assim muito forte.

–Não, Chan ! – gemi, me ajoelhando com dificuldade, e tentei agarrar as pernas dele, sem conseguir. Seokjin rosnou e avançou também.

E então, como se fosse em câmera lenta, vi meu ex-namorado levantar o braço, saltar para a frente e enfiar a estaca no peito de Seokjin.

– Filho da puta. Eu vou matar você com minhas próprias mãos, Chanyeol! – gritei. Ou pensei ter gritado. Não me lembro de ter ouvido as palavras saírem de minha boca.

E numa fração de segundo tudo estava acabado.

Chanyeol – o garoto legal – estava junto ao corpo de Seokjin. O corpo totalmente imóvel de Lucius.

–O que você fez? Seu animal! – esbravejei no silêncio súbito.

Chanyeol recuou, com o pedaço de madeira pesado, afiado e sangrento na mão.

–Tinha que ser eu – disse ele, me olhando com expressão arrasada. – Desculpa.

Eu não sabia o que ele queria dizer. Não me importava.

– Meu amor – gemi, cambaleando pelo feno. Desmoronei ao lado dele, tentando sentir sua pulsação. Ela estava lá, porém mais fraca do que o normal. O sangue escorria por um buraco na sua camisa. Um buraco enorme. Olhei para o círculo de rostos. Rostos familiares. Garotos que eu conhecia da escola. Agora a raiva havia sumido e a consciência do que tinham feito parecia se assentar. Como puderam ter feito isso? – Chamem alguém para ajudar – implorei.

–Não, meu príncipe – disse Seokjin, baixinho.

Eu me curvei sobre ele, apertando gentilmente a mão no buraco em seu peito, como se pudesse parar o sangramento.

– Meu Jin...

–Acabou, Yoongi– ele conseguiu dizer, com a voz suave. – Deixe para lá.

- Por favor, por favor fica comigo, Jin! Me deixa cuidar de você, vamos construir uma família juntos longe de tudo, só não me deixa Jin!

Uma voz forte e poderosa veio do canto mais escuro do celeiro.

–Saiam. Todos vocês. E nunca falem sobre isso. Nunca. Nada aconteceu aqui.

Dorin. Meu tio havia abandonado sua postura alegre e falava com uma autoridade inesperada enquanto emergia das sombras, caminhando com passos firmes, assumindo o controle.

Pés se arrastaram depressa no feno enquanto o grupo de adolescentes obedecia e se dispersava, correndo como se as palavras do vampiro fossem um estilingue lançando-os na noite.

De onde Dorin tinha vindo? Por que não havia chegado a tempo? Corri até ele, batendo os punhos manchados de sangue em seu peito.

–Você deixou isso acontecer! Devia ter protegido Ele!

–Saia, Yoongi – insistiu Dorin, segurando minhas mãos. Ele era surpreendentemente forte.

A tristeza enchia seus olhos. – Esse é o destino de Seokjin. É o que ele deseja.

Não. Não pode ser. Nós acabamos de nos beijar...

–Como assim, “o que ele deseja”? – choraminguei, correndo de volta para Seokjin, caindo de joelhos. – Nosso destino é ficarmos juntos, certo? Diga, Jin!

–Não, príncipe – respondeu ele, a voz fraca e sumindo. – Seu lugar é aqui. Tenha uma vida feliz. Uma vida longa. Uma vida humana.

–Não, SeokJin. – Solucei, implorando que ele vivesse. Ele não podia desistir. – Quero viver com você, para sempre.

–Não é para ser, Min Yoongi.

Juro que vi lágrimas em seus olhos negros, logo antes de eles se fecharem. Comecei a gritar e depois só me lembro das mãos de meu pai me levantando, puxando-me para longe, carregando-me – lutando contra nada e contra tudo – até a Kombi. Eu não sabia quando eles haviam chegado nem como tinham me encontrado.

Não importava.

Seokjin havia morrido.

Fora destruído.

O corpo desapareceu. Dorin desapareceu. E, seguindo a instrução do vampiro, ninguém mencionou o que acontecera. Era como se a coisa toda tivesse sido um sonho. Não fosse o cordão no meu pescoço, o modo como o fecho parecia queimar no ponto onde os dedos dele o haviam lacrado, talvez eu mesmo não acreditasse.

🌷

😭😭😭😭😭

Vai dar tudo certo! Prometo 😭😢

Timeless • [YoonJin]Onde histórias criam vida. Descubra agora