CAPÍTULO 37

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Após deixar Ray na pizzaria, seguimos para minha casa. O silêncio do carro torna-se desconfortável e os olhares de esguelha que recebo de Chad, me tornam desconfortável. 

— Então... — Tento quebrar a tensão. — Como vai sua namorada? 

— Suzan? Terminamos. 

— Oh! — Surpreendo-me. — Mas por quê? — Pergunto solicita e curiosa. Ele dá de ombros
antes de responder. 

— Ela não era quem eu queria realmente. E quando percebi isso, achei melhor terminar, para que ela não saísse mais magoada do que já iria obviamente. 

— Sinto muito. 

— Não sinta. — Ele ri. — Não há o porquê disso, fui eu quem terminou. Mas... conte-me mais sobre esse seu namorado. Hero, não é mesmo? 

— Ah, Hero. — Sorrio com a lembrança. — Hero é... perfeito a sua maneira. Ele é... tudo aquilo que nunca sonhei, ele é mais do que poderia imaginar para mim. Eu o amo muito. 

— Parece que sim. — Ele resmunga e eu franzo a testa diante seu tom. — Há quanto tempo estão juntos mesmo? 

— Mais de três meses. 

— E já estão morando juntos? — Surpreende-se. 

— Quando você encontrar alguém que o faça sentir o mesmo que sinto por Hero, verá que tempo não significa nada. — Suspiro. — Podem dizer que foi uma decisão precipitada, mas não me arrependo. Eu o amo, quero estar sempre ao seu lado, e é isso que importa. 

— Certo. — Ele encerra a conversa e fazemos o resto do trajeto em silêncio. Chad desce do carro para abrir a porta para mim, quando estaciona em frente à minha casa. Saindo, despeço-me com um sorriso e ele surpreende-me quando me abraça. 

— Já está entregue. — Ele diz rindo quando me solta. 

Afastamo-nos e eu subo em cima da calçada. Ele segue-me, olhando algo além de mim. Viro-me para ver o que há atrás, mas ele segura meu rosto, sela nossas bocas, rapidamente. 

Ofego com a surpresa. Tudo acontece rapidamente, em um momento, ele estava beijando-me e em outro, ele está dentro do carro. Saindo rapidamente, ele canta pneus, deixando marcas no asfalto. 

— Mas que merda foi essa. — Penso raivosa. 

Balançando a cabeça, viro em direção à entrada. E travo no meio do caminho quando vejo Hero.  

Droga

— Hero. — Chamo-o e ele tira os olhos do lugar vazio onde antes estava o carro de Chad. 

— Onde você esteve? 

— Hero, eu... — Ele interrompe-me. 

— Por que não avisou que iria sair? — Sua voz sai fria, mas quebra no final — Um maldito recado, Jo, a porra de uma ligação do caralho. Você desapareceu a tarde toda e parte da noite.
Você poderia ao menos ter me avisado. 

Troco meu peso entre os pés.
Constrangida e envergonhada. 

Droga, Chad, por que você foi fazer isso? 

— Eu ia, é só que... 

— Não diga nada. Você consegue imaginar o quanto sofri? Eu imaginei você morta. Sofri por antecipação. — Lágrimas saem de seus olhos. 

Ando até ele e passo levemente meus dedos em seu rosto, enxugando-as. Segurando meu pulso, ele me afasta. Dor crava em meu peito como uma faca, por conta de sua rejeição. 

— Não. — Ele sussurra. — Eu quase morro quando acordo e não te encontro e depois você some por horas a fio e chega acompanhada por aquele bastardo. — Respira fundo. — E ele a beijou. Ele... foda-se. — Ele grita, socando a parede. Assustada, eu sugo o ar, antes de tentar justificar-me mais uma vez. 

— Hero... Chad e eu fomos... 

— Não importa mais, Jo. — Ele vira, jogando o que me parece ser as chaves de sua moto no aparador. Corre em direção à escada. Eu fecho a porta atrás de mim antes de segui-lo. 

— Hero, me escute. Desculpe por não avisar, eu só achei que... 

— Achou o que? — Para na porta de nosso quarto e vira-se para me olhar. — Achou que estava tudo bem sumir a tarde toda e não me avisar? 

— Meu celular ficou sem bateria e... 

— E não havia outra pessoa onde vocês estavam que tinha um maldito celular? Por acaso o tal de Chad não tinha a porra de um telefone para emprestar? Não havia telefones públicos por perto? Diga-me, Jo! Pois eu não entendo! — Ele grita. — Onde vocês estavam que não havia nenhum modo de me avisar?! O maldito motel não tinha telefone? 

— Hero! — Exclamo assustada. — Não o trai. Você ofende-me ao falar assim. 

— Oh, certo. Porque você simplesmente some por horas e volta com aquele imbecil e ele a beija antes de ir embora. Eu definitivamente não tenho motivos para pensar nisso. Desculpe-me, ok? — Ele ironiza, magoado e furioso. 

— Olha, desculpe-me. Não foi assim. — Tento explicar. — Eu não imaginei que ao sair... 

— Eu iria ficar preocupado? Eu te amo, porra. — Passa as mãos pelos cabelos. — Claro que eu fiquei preocupado quando você sumiu! Você é inocente, é nova em Berkeley, na verdade você é nova nesse mundo, praticamente. 

— Já pedi desculpas. — Sussurro. 

— Desculpas, não irão arrancar a dor que estou sentido no meu peito. Desculpas não irão me fazer esquecer que você sumiu para aparecer horas depois, acompanhada de um homem. — Fecha os olhos por um instante. — Ele a beijou. 

— Eu sei que errei ao não avisá-lo. Eu tentei te ligar uma vez, mas meu celular descarregou antes que a chamada se completasse. 

Culpa me consome. 

— Como você se sentiria se fizesse amor comigo e dormisse confiante enrolada em meu corpo, para acordar e não me encontrar. Ligasse no meu celular e ele não chamasse, ligasse para meus
amigos e ninguém soubesse onde eu estava. Como se sentiria se ficasse esperando-me por horas a fio, sentado no maldito sofá, para desistir de aguardar a minha volta e sair a minha procura, somente para ver-me chegando com outra mulher e beijando-a ao despedir-me. 

— Eu... eu não iria gostar, eu iria odiá-lo, me sentiria usada. 

— Exatamente. 

Ele vira-se, entrando no quarto. Joga-se de barriga na cama e afunda o rosto nos travesseiros. O colchão afunda quando sento ao seu lado. 

— Você me odeia? — Pergunto com a voz quebrada. 

Angustiada e triste, lamento a maldita hora em que resolvi sair para fazer esse trabalho, e minha burrice que não me deixa aprender dirigir meu próprio carro. 

— Nunca conseguiria. — Ele sussurra. Ganhando coragem, acaricio seus cabelos antes de beijar sua omoplata. 

— Então me perdoe, eu juro que não fiz de propósito. E sobre o beijo... 

— Eu sei, mas no momento, quero ficar sozinho. — Ele interrompe, desviando de meu toque, encolhendo-se em uma bolha no outro lado da cama. 

— Hero. 

Tampa seus ouvidos não querendo meu ouvir. Rodeando a cama, ajoelho-me a sua frente. Ele fecha os olhos como se minha visão o machucasse. 

— Não faça isso, meu amor. — Digo chorosa. 

— Só quero ficar sozinho, por favor. 

— Ok. — Cedendo, levanto e saio do quarto. 

Fechando a porta, eu escorrego até o chão e choro, arrependida por algo que não tive culpa.  

Choro por conta desse amor sem medidas que, de tão grande, dói. 

Choro principalmente pelo meu menino quebrado que está no quarto.

You Are Mine, Love { Livro 1 Adaptação Herophine}Onde histórias criam vida. Descubra agora