CAPÍTULO 59

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Como tudo chegou a esse ponto?

Como eu deixei chegar a isso?

A culpa era toda minha. Deveria saber melhor, Jo não se cuidava quando o assunto era prevenção contra gravidez. Eu imaginava que ela o fazia, mas deveria ter verificado sobre isso.

No fundo, não achava necessário, já que tinha para mim que todas as mulheres cuidam-se quanto a isso. Mas deveria ter cuidado de mim, de nós dois. Só que não pensava em mais nada quando estava com ela.

Quando estava com ela eu perdia minha mente. Eu perdia o rumo. Era da mesma forma quando estava longe dela, mas quando ela estava longe, eu me perdia de uma maneira totalmente diferente.

De uma maneira escura.

De uma maneira triste.

De uma maneira que não gostava de sequer pensar.

Quando ela confirmou o que eu já sabia, por causa do conteúdo do envelope, eu não acreditei.

Eu não quis acreditar.

Era muita desgraça para uma pessoa só. Como eu diria a ela que deveria acabar com o problema? Eu não queria essa gravidez. Eu não queria crianças em minha vida. Não. Isso nunca!

Quando ela chorou como se eu a houvesse esbofeteado, eu duvidei de minha escolha. Mas eu simplesmente não conseguia aceitar isso. Eu sabia que nunca ia ser um bom pai. Mas esse não era o principal motivo, eu simplesmente não queria uma criança. Eu não as suportava. Seu choro doeu em mim e eu quis me matar por fazê-la infeliz. Eu sabia que para tirar sua angústia, eu deveria aceitar a gravidez, mas eu não queria. Eu não conseguia. Eu não podia.

Quando ela rejeitou meu toque e correu de mim, foi como se mil facas estivessem atravessando meu peito. A dor era insuportável. Eu queria que ele entendesse.

Queria que ela soubesse que isso seria o melhor para nós, para todo mundo. Queria principalmente que ela não me empurrasse e que não me afastasse. Como seria uma criança comigo como pai?

Isso não seria bom, eu sabia. E cada vez que o seu pranto crescia, a dor em meu peito também o fazia.

Quando ela gritou em meu rosto que eu não mataria a seu filho, eu me senti o pior ser humano da terra. Mas eu não enxergava as coisas dessa forma. A maneira como ela falava, fazia tudo parecer pior do que realmente era.

Novamente afastou-se de mim, mas quando o fez, suas pernas amoleceram e ela desmoronou. Ela perdia suas forças, se desgastava ao discutir comigo. Quando caiu e foi ao chão, corri desesperado ao seu encontro, pegando-a em meus braços.

Mesmo fraca, tentou me rejeitar, mas fiz olhos cegos e a carreguei até a cama, deitando-me com ela em meu colo. Seu choro aumentava a cada segundo, juntamente com a dor em meu peito. Eu tentava fazê-la entender.

Por que ela não entendia?

Ela se agarrava a mim como se eu fosse a sua tabua de salvação. A ironia disso tudo é que eu era o motivo de sua dor, isso eu sabia bem, mas eu era aquele que a consolava. O único que podia fazê-lo. Quando ela ficou estranhamente calada após alguns minutos, eu temi.

Tive medo, pois sua histeria era melhor do que o seu silêncio.

O silêncio escondia pensamentos. Quando chorava, estava muito mergulhada em sua dor para que pudesse pensar claramente. Mas quando ficava quieta, pensava, pensava muito, e isso me assustava. Eu não a queria chorando, eu não a queria sofrendo. Mas estava com medo de seu silêncio.

Apavorado para dizer no mínimo. Chamei seu nome e ela, como se acordasse de um estupor, empurrou-me longe e virou-se para o outro lado da cama.

Eu não queria isso, eu não a queria longe. Puxei-a para mim, obrigando ela a encarar-me. Ela o fez, um pouco relutante, mas o fez. Deixei minha alma transparente, mostrei toda minha dor através dos meus olhos, que também já estavam brilhantes como os seus.

You Are Mine, Love { Livro 1 Adaptação Herophine}Onde histórias criam vida. Descubra agora