CAPÍTULO 47

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Olho para meus dedos vendo todas as unhas roídas, e meio hesitando olho para as unhas dos pés, pensando que talvez...

Como um furacão, Jo surge na sala, abrindo a porta de repente interrompendo meus pensamentos e trazendo um alívio imediato para meu corpo. Agora que possui uma licença para dirigir, não precisa de mim para levá-la aos lugares. E isso me mata, mesmo que eu não o demonstre, por medo de que se sinta sufocada com meus medos e cuidados, fazendo com que me deixe.

Apesar de ainda querer levá-la por aí, ela provou um ponto ao me levar em um passeio na cidade e nos trazer vivos para casa no fim. Desde então, não encontrei maneiras de fazê-la me deixar dirigir para ela, sem parecer um Neandertal. Maldita hora em que fui comprar um carro. Forçando um sorriso, eu a encontro no meio do caminho.

— Como foi sua primeira aula?

— Bem, muito bem. — Ela diz ansiosa.

— E... — Incentivo-a.

— E... e foi muito bom, Hero. O que posso dizer?

— Bem, eu não sei. Afinal, você é a única aqui que chegou de seu primeiro dia de trabalho. — Digo divertido.

Após uma semana somente seguindo os passos do tal Senhor Begin, Jo finalmente conheceu seus alunos.

— Bem. — Ela começa desviando o olhar. — Sou tutora de uma menina coreana e um menino canadense.

— Um... menino... homem. — Afirmo.

— Sim. Mas tenha certeza, Hero, que ele nunca, nunca e eu quero dizer isso, nunca tentaria nada comigo outra... — Ela se interrompe arregalando os olhos.

Saindo dos meus braços, ela coloca sua bolsa na mesa perto da janela e encara a rua lá fora.

— Eu confio em você, meu amor. — Digo abraçando-a por trás.

Entendo sua hesitação como medo de minha reação, ao saber que irá passar metade da tarde, três vezes na semana, na companhia de algum homem.

Homem esse que pode tirá-la de mim. Homem esse que irei matar. Eu vou matá-lo. Eu vou torturá-lo. Eu vou cortar seu pau e dar para os cachorros. Eu vou...

Chega!

Respirando fundo, eu tento tirar os pensamentos sobre formas de assassinato da minha cabeça.

— Quais os nomes?

— Bem, sabe que eu esqueci. É, é isso, eu esqueci. — Ela diz virando e escondendo o rosto em meu peito.

— Certo. — Respondo estranho, achando curioso seu comportamento inseguro. — Bem, vamos sair para jantar e comemorar?

— Só vou lá em cima e já volto. — Diz saindo dos meus braços.

Ela foge escada acima, antes que eu possa dizer alguma coisa. Por um momento, tive impressão que me escondia algo, mas posso estar equivocado. E mesmo com minhas dúvidas, eu tenho que confiar em minha garota.

Quando Jo demora mais de meia hora para descer, eu resolvo subir e verificá-la. Abrindo a porta do quarto, eu a encontro deitada entre os lençóis, em um sono profundo.

— Mas o que... ?

Caminho até a cama e acaricio seus fios de ouro, macios e sedosos. Chamando-a levemente para que não se assuste.

— Meu anjo... Jo?

Tento por alguns minutos acordá-la, até que finalmente consigo. Ela pisca várias vezes até focar seus grandes olhos amarelos em mim.

You Are Mine, Love { Livro 1 Adaptação Herophine}Onde histórias criam vida. Descubra agora