Eu comecei a morar no banheiro nos últimos dias, desde que eu contara ao meu Camarada sobre o bebê. Os remédios aumentaram o meu enjoo e isso era uma certeza já que era mais hormônios em cima dos loucos que já estavam me regendo. Sem contar no tanto que eu estava estressada. Era esconder a notícia de Dimitri, esperar por sua reação, meu próprio medo de que algo ruim pudesse acontecer. Então não parecia tão estranho que eu estivesse para morrer debruçada sobre o vaso sanitário. O meu repouso tinha passado da cama para o chão do banheiro, só me restava trazer o travesseiro. O remédio para conter o enjoo só dava alívio na primeira hora e, às vezes, na metade da segunda e esse era o momento que eu tentava enfiar algo mais substancial no meu estômago.
Eu tinha pensado que no sábado, o primeiro dia que eu experimentei o mal estar, achei que logo fosse parar, afinal, foi o meu auge de estresse. No domingo seguinte, o quinto dia que eu soube que seria mãe, Dimitri tinha me mimado. Ele tinha feito cada uma das minhas vontades de manhã até ele ter que ir para o Vkus. Péssimo momento para o Mark sair de férias, mas nós tínhamos conversado sobre a situação do nosso bebê. Nós não contaríamos até que nós e os médicos tivéssemos certeza de que tudo ficaria bem. E isso incluía que Dimitri continuasse a trabalhar no restaurante normalmente.
Ele não estava feliz. Primeiro, porque ele queria sair contanto para todo mundo e segundo, porque não queria me deixar sozinha. Tanto que ele me fez prometer – pelo nosso amor, palavras dele – que eu ia mandar mensagens o dia todo e se alguma coisa acontecesse, mesmo que eu pensasse ser uma bobeira, era para eu ligar que ele viria correndo. Eu estava proibida de esconder qualquer coisa dele, mesmo que seja o mais banal. Ele não tinha me dito isso, mas eu sabia que estava em provatória e precisava recuperar a confiança dele a todo custo. Então eu me policiei para mandar mensagens a cada vinte minutos, mesmo que nada tivesse mudado.
Os dias até que correram relativamente bem desde então, exceto na noite de terça para quarta-feira que foi quando eu reconsiderei seriamente a minha mudança para o banheiro. E a do Dimitri também, consequentemente. O que eu tinha tido episódios de enjoo que, algumas poucas vezes, resultaram em vômito agora aumentaram exponencialmente e eu descobri que dormir enjoada daquela forma é impossível. Essa noite a coisa foi selvagem e eu estava reconsiderando o quanto romantizavam a gravidez. Nem tudo é lindo e agradável. E agora, enquanto eu me dividia em gemer pelo meu estômago perturbado e pela cólica incômoda bem na porção mais ao sul da minha barriga, menos eu achava que estar grávida era incrível. Gerar uma vida... Sim, era incrível, mas o meio do caminho era uma loucura... Desagradável.
Eu tinha chegado ao nível de ficar de regata e calcinha, derrotada e ajoelhada no banheiro. E enquanto eu tinha aquela dorzinha chata e constante, eu estava totalmente alerta para qualquer indício de sangramento. Eu queria dizer que estava envergonhada por estar daquela forma, quase semi-nua, debruçada no vaso ou sentada sobre os meus calcanhares na presença do Dimitri, mas eu não estava. Não que eu nunca tivesse ficado em poucas, ou sem nenhuma, roupas na frente dele e isso era óbvio, mas não por esse exato motivo. Eu nunca tinha ficado em poucas roupas enquanto passava mal e eu não tinha muita força e nem cabeça para me importar menos com isso.
Honestamente, depois que ele me assistiu aplicar o comprimido de hormônio bem... Lá. Então não acho que eu tenho muito mais a esconder dele. Era também uma segurança que ele estivesse me observando a todo segundo, ele não precisava ter estado enquanto eu colocava o remédio, mas tudo bem. Não tenho certeza se eu perceberia de imediato estar sangrando, enquanto eu estivesse focada em vomitar no lugar certo. Não é como se ele estivesse olhando as minhas partes íntimas como um tarado, mas eu tinha pedido que ele também ficasse atento se caso acontecesse antes que eu pudesse me dar conta. Imagino que se acontecer além dos pequenos escapes que já tinha acontecido ao longo da semana, seja como uma menstruação e eu sentiria, como sempre, o fluxo descer. O que eu esperava não passar por, mas agora que eu tinha esse enjoo agravado, eu estava receosa que mais coisas pudessem piorar – como os escapes, principalmente pela cólica chatinha –.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...