Capítulo 13

965 82 65
                                    

Eu estava me controlando loucamente para não revisitar todas as minhas memórias sobre o Mason. Estava sendo especialmente difícil esse ano, se era coincidência ou karma, eu não sei dizer. Qual o tamanho do meu azar de o dia do falecimento de Mason ter caído justamente em um sábado? Justo no dia que eu mais me lembrava dele, afinal, eu estava fazendo o que ele mais amava. Eu estava tocando e cantando em um restaurante. Exatamente como ele adorava fazer.

Como os anos anteriores, tudo o que eu queria fazer era existir nas minhas aulas, voltar para casa, chorar no chuveiro por meia hora, passar o dia todo comendo chocolates e sentindo aquela sensação de estar doente pelo dia todo. Eu sentia tanta a falta dele, chegava a ser ridículo o quanto eu sentia saudades dele. Era como se eu tivesse perdido uma parte essencial de mim.

Conforme a tarde foi avançando, a saudade não diminuiu nenhum pouco, meu estômago enjoado retornou e pela primeira vez, cogitei a faltar no trabalho. Tudo o que eu precisava fazer era mandar uma mensagem para o Mark para avisar que a minha voz não estava melhor do que a semana anterior e que eu não tinha condições de ir. Não era uma exata mentira, eu ainda estava um pouco rouca, mas isso era só a consequência de usar muito a minha voz no sábado anterior e durante a semana. No geral, da faringite, eu já estava curada, mas o coração partido... Faziam apenas cinco anos, é normal que eu ainda estivesse sofrendo tanto.

O meu celular tocando me fez pular em uma sutil ansiedade. Fazia uma semana que eu esperava qualquer tipo de manifestação de Dimitri. Já fazia uma semana que a gente não conversava, na verdade, ele apenas não respondeu as minhas mensagens. Não apareceu no Brew's, não me ligou, nada. Dimitri apenas havia evaporado da face da terra e eu tentei não me preocupar e nem me importar. A verdade é que eu me importava e me preocupava, isso fez a semana passar ainda mais devagar e eu fui obrigada a silenciar todas as minhas outras conversas no WhatsApp, porque cada mensagem nova que vibrava, o meu coração palpitava. Ele não ser o remetente da mensagem era ainda mais frustrante.

— Oi, mãe. – Sussurrei, fechando a porta atrás de mim e já segui para o corredor do andar do meu quarto do hostel. Não queria que ninguém presenciasse o quão desagradável são as nossas conversas.

— Se eu não te ligo, você não me liga mais? – A voz da mulher soou do outro lado do telefone e eu suspirei, convencida de que eu não devia ter atendido a ligação. — Eu mal sabia se você estava viva, do jeito que você me ligou da última vez... Tenho até medo de perguntar o que você tem feito pra se sustentar.

— Se você está preocupada de saber se a sua filha virou prostituta, não, mãe, eu não sou e isso é crime aqui. – Suspirei e esfreguei a minha testa em exaustão. Sabia que as suposições da minha mãe era mais porque ela estava frustrada de não ter notícias minhas. — Estou trabalhando num restaurante na cidade.

— Servindo mesas? – A nota de surpresa na voz da minha mãe era quase palpável. Ou será que era ultraje?

— Algo tipo isso... – Eu ainda não estava pronta para dizer a ela a verdade. Nós ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Você recebeu minha mensagem de feliz aniversário? – Ela perguntou tímida depois de alguns segundos. Todo ano era a mesma coisa. Ela passava o ano inteiro brigando comigo, no meu aniversário eu recebia um e-mail ou uma mensagem e no dia da morte de Mason ela ligava para ter certeza que eu não ia fazer nenhuma loucura.

— Recebi, mãe. – Sussurrei sem saber o que dizer e querendo acabar logo com aquilo tudo. Eu sabia porque ela estava ligando.

— Como você está? – Ela finalmente perguntou o real motivo que a fizera me ligar. Tentei controlar o suspiro, focando no balançar das árvores por causa do vento.

Love on the BrainOnde histórias criam vida. Descubra agora