Capítulo 25

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POV Dimitri Belikov

Rose estava na banheira há mais de trinta minutos. Janine viria para jantar em nossa casa, o nosso último jantar juntos antes que sua mãe voltasse para a América. Noites como essa eram estressantes para ela, principalmente, pelo histórico de aparecimentos inesperado do Abe. Minha morena ainda não estava aceitando a presença do pai como algo bom. Entendo que as coisas tenham sido difíceis por causa da ausência dele no passado, mas espero que um dia ela entenda que o importante é o futuro, que ela pode começar uma nova história com seu pai. Era como as histórias do nosso passado, se não deixássemos ir, hoje nós não estaríamos felizes juntos.

A história de seu pai e uma nova chance à ele tinha se tornado um assunto recorrente e isso estava trazendo um mal humor desigual à Rose e a casa. Eu tenho tentado contornar a situação não forçando-a a interagir com o pai ou a continuar nos jantares. Por mais que ela tentasse evitar de descontar essa frustração em mim – eu sabia que ela estava –, tem sido inevitável. Então eu também tenho deixado o assunto de lado, quem sabe o tempo cure essa aversão ao pai... E talvez, se Rose voltasse a interagir mais com a mãe, isso também mudaria. Janine ainda era apaixonada pelo Abe, mesmo vinte e cinco anos depois e todas as dificuldades.

Eu entendia a Janine depois de me colocar em seu lugar. Amava tanto a filha dela que, mesmo se nós passássemos por isso, não importa quantos anos levássemos para nos reencontrar, eu ainda a amaria e ainda voltaria para seus braços. Eu sempre voltaria para ela. E acho que ela sempre voltaria para mim. Ao menos, era o que eu mais queria acreditar, que ela procurasse em mim tudo o que o que eu procuro nela. Rose fez tanto por mim em tão pouco tempo, deu tanto de seu amor e coração que eu nunca seria capaz de recompensa-la. Eu, com certeza, não a merecia.

Pensar nela e no quanto eu a amo com toda a minha vida, me fez diminuir a potência do fogão que cozinhava os pelmeni e ir até ela. Dei um sutil toque na porta do banheiro e o suave "entra, Camarada" aqueceu o meu coração. Eu jamais esperaria que um apelido tão tolo faria meu peito arder em amores. Minha morena estava linda e relaxada, a cabeça escorada na beira da banheira, os cabelos nadando na água quente e colando em sua pele molhada. O banheiro estava abafado, quente e úmido, trazendo uma coloração avermelhada para as bochechas dela. O perfume de rosas da bomba efervescente de espuma da banheira envolveu o banheiro deixando-a tranquila e sem aquela ansiedade pré-compromisso.

— Ah, céus, eu já estou atrasada? – Ela murmurou, um pequeno biquinho em seus lindos lábios.

— Ainda não. – Entrei no banheiro para conseguir vê-la melhor. — Vim ver se você precisava de alguma coisa.

— Você, pode ser? – Rose esticou uma mão na minha direção, o usual sorrisinho safado.

— Assim que a gente voltar de Omsk. – Segurei a mão delicada, quente e úmida.

— Vou ficar te esperando, exatamente assim. – Rose lançou um pequeno e quase inocente olhar para o próprio corpo submerso.

— Mal posso esperar. – Segui o olhar dela. Era uma pena que ainda tinha tanta espuma cobrindo-a.

Ajoelhei-me ao lado da banheira, Rose me observou com curiosidade. Seus lindos olhos castanho brilhando e atenciosos. Era tão óbvio que ela também tinha os mesmos pensamentos que eu, ela emanava sentimentos. Paixão, amor e admiração. Esperava que ela conseguisse ver isso tudo em mim também. Sua mão na minha subiu para o meu rosto e ela acariciou suavemente a barba que eu precisava fazer antes que Janine chegasse.

— Você tem certeza que não precisa de ajuda? – Ela sussurrou a mesma pergunta que vem feito desde que me viu montando uma infinidade de pelmenis.

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