Dimitri Belikov
Tudo o que eu mais queria era abraçar a minha Roza. Ela não fazia ideia do quão linda estava ali naquela banqueta enquanto cantava. Uma mão ela segurava com firmeza o microfone preso no pedestal, a outra estava acariciando discretamente a barriga mais linda do universo. A barriga que carregava a minha princesa Maya, meu verdadeiro sonho se tornando realidade. Eu não via a hora de poder conhecê-la, segurá-la, niná-la. A demora estava me deixando louco, mas eu sabia que valeria a pena cada mísero segundo. Sabia que a minha Roza estava esculpindo uma verdadeira obra de arte em seu ventre e quando fosse a hora certa, ela nos trará essa alegria.
Agora, eu só queria segurar a minha mulher e cuidar desse tesouro que o universo colocou na minha vida. Eu não sabia o que de tão certo eu tinha feito para merecê-la, não importava, porque tudo o que eu queria era poder dedicar a minha vida à ela. À elas. Rose estava tão emocionada que ela tinha pensado que ninguém percebera, mas nós percebemos. E eu tinha que dizer, tinha sido a coisa mais linda do mundo. Ela nunca se deixava parecer vulnerável na frente dessas pessoas, mas o que nós estávamos vivendo agora a deixava sensível demais. Isso tinha feito do seu trabalho, hoje, algo indescritível.
Obviamente, as músicas que se seguiram não facilitaram nenhum pouco para que ela ficasse estável. Como eu sabia? Rose e eu tínhamos um acordo de que todas as músicas que ela tinha a intenção de que fossem para mim, ela me mostraria. Não precisava ser antes para não perder a surpresa, mas eventualmente, eu tinha shows particulares de domingo de manhã no Vkus quando eu abria o restaurante, especialmente para ela ensaiar. Não era muito fácil, porque uma vez que eu tomava consciência de cada uma das declarações de amor dela, mais eu não conseguia manter minhas mãos e minha boca longe dela. As playlists variavam muito pouco, atualmente, então eu sabia que ela tinha montado um show sob a sua afeição à mim. Agora, essa mesma paixão que ela tinha por mim, pelo seu trabalho e os hormônios da gravidez estavam dificultando esse momento.
Rose estava nervosa. Não era tão perceptível, mas eu conhecia demais a minha mulher para saber que ela estava passando um momento difícil. Já tinha bebido goles d'água para deixar sua voz mais estável – sim, eu já tinha assistido minha Roza cantar e chorar ao mesmo tempo por mais vezes do que eu gostaria de me lembrar –. Ela tinha apertado os fones nos ouvidos mais de uma vez na tentativa de ter certeza que não estava desafinando e entregando o trabalho que seu público e ela mesma gostariam de receber. Principalmente, porque isso envolvia dinheiro e ela não queria as pessoas insatisfeitas.
Rose não deve ter visto uma dúzia ou mais de pessoas ali fungando e limpando as lágrimas por quão lindo aquilo parecia e soava. Como a emoção dela e a paixão casaram para fazer mais uma obra de arte. Ela não devia ter percebido por ter dividido sua visão entre mim, fechar os olhos e ao Eddie que cantou muitas das músicas com ela. Até ele parecia um pouco chocado com o que estava acontecendo. Ele estava sendo um privilegiado por poder ouvir minha Roza cantar diretamente em seus ouvidos. Eu estava até enciumado, mas eu me apeguei em cada uma das palavras que ela cantou para mim e a certeza de que depois, eu teria meu show particular dentro da banheira.
Eu a assistia ansioso, sabia que era uma música difícil e pelas minhas contas era a última daquela sessão. Tentei manter meu rosto não exatamente em branco, mas deixei que ela lesse todo meu amor por ela. Queria que ela se acalmasse um pouco, que ela conseguisse empurrar seus sentimentos de volta para o seu coração. Ela tinha oscilado bastante entre emocionada demais e estar bem. Todo mundo devia saber que isso eram os hormônios da gravidez e minha Roza vinha sendo uma guerreira apenas por levar aquela loucura adiante. Ela deveria estar descansando ao contrário de estar se desgastando, mas eu também não podia negar que eu estava com saudades de assistir ela cantar dessa forma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...