Quando a sexta noite do meu remédio chegou, eu não conseguia andar e sentar era um pesadelo. Estava tudo doendo demais e eu tinha quase certeza que aquilo iria me matar antes que eu completasse o tratamento. Além da dor, eu tinha entrado na sessão tosse pós-faringite e Mia estava querendo me matar por eu não parar de tossir nem de madrugada. Que culpa eu tinha se meu pulmão queria deixar de fazer parte do meu corpo?
Eu estava na minha mesa de sempre do Brew's, minha tosse controlada com um chocolate quente, remédios e xaropes que eu estava tomando aos montes para tentar melhorar. Eu precisava melhorar logo para poder ir trabalhar e porque eu sabia que a Mia ia me colocar para dormir do lado de fora do quarto dessa vez.
As pessoas no café me encaravam não apenas pela minha tosse insistente, mas porque alguns me reconheceram pelas noites no Vkus ou pelo video do dia que toquei no próprio Brew's. Eu estava tentando administrar a vontade de me levantar e sair correndo de lá. Eu só queria poder ser invisível ou apenas a garota tomando uma bebida quente. Os olhares na minha direção diminuíram drasticamente a minha privacidade. Embora ninguém tenha me abordado até aquele momento.
Eu estava estudando – ou tentando, sem ter muita paz com a tosse – quando alguém puxou a cadeira na minha frente e sentou-se. Eu estava pronta para lançar meu olhar irritado para seja lá quem fosse e pedir para sair. Eu não podia acreditar que depois de finalmente ter conseguido entender aquele parágrafo que eu li mais de quatro vezes, alguém ia me atrapalhar.
— Você transa com o meu irmão e nunca mais fala comigo? – Uma Vika totalmente irritada, cruzou os braços à frente do peito.
— Primeiro, eu não transei com seu irmão. – Comecei, falando baixo. Sério, Vika? Achei que eu já tinha deixado claro no nosso grupo quando meu celular carregou naquele mesmo dia em que eu havia chegado da casa de Dimitri. — Segundo, se vocês não pararem, eu nunca mais vou nem conseguir olhar na cara do seu irmão mais uma vez.
E se meu azar já fosse pouco, sobre o ombro de Vika, vi Dimitri entrando no Brew's. Que péssimo momento para eu ter voltado atrás na minha ideia de que "a Mia precisava aprender a dar uma injeção" e ter recorrido ao meu Camarada. Eu estava precisando daquela mágica incrível que Dimitri fizera ao dar uma injeção quase indolor. Mia estava me matando e eu precisava de uma pausa.
Eu queria muito acenar para ele não se aproximar agora. Foi difícil me afundar no sofá sem gemer com a minha bunda dolorida em ambos os lados e me esconder dos olhos de águia do russo. Da mesma forma que eu estava louca para me esconder, eu também percebi que eu não tinha tido tempo suficiente para aproveitar do quão lindo ele estava. Tive que desviar meu olhar para as loucuras que a Vika ainda falava enquanto seu irmão, o alvo da conversa, se aproximava.
— Vocês deviam parar de besteira e se pegarem de uma vez só. – A morena continuou, sem a menor ideia de que seu irmão estava atrás dela e eu estava com todo o meu sangue concentrado em meu rosto, tamanha a minha vergonha.
— Vika! – Murmurei, para que ela calasse a boca, mas eu só consegui o contrário.
— Para de besteira, Rose, você sabe que meu irmão e você iam ficar ótimos juntos. E você sabe... Dima precisa ser feliz de novo. – Variei meu olhar entre a morena e seu irmão. Dimitri tinha perdido um pouco do brilho ao ouvir Vika falando sobre ele.
— Тиха, Виктория! (Quieta, Viktoria!) – Foi tudo o que ele falou para calar sua irmã. O jeito que ela arregalou os olhos dizia claramente que sua missão cupido falhou de forma miserável e vergonhosa.
— Olá, Camarada! – Falei em um sorriso, feliz em vê-lo antes de sábado e para quebrar o clima estranho entre nós três. — Eu tentei te avisar, Vika.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...