Capítulo 3

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— Se você não vai dormir mais, apaga a porra da luz! – Mia rosnou, com raiva pela súbita claridade. Eu não a culpava, também ficaria irritada se ela me acordasse seis hora da manhã de um domingo por motivo nenhum.

— Desculpe! – Murmurei, saindo do quarto com minhas roupas e toalha em mãos.

Eu tinha passado um maldito sábado regado de uma enlouquecedora ansiedade. Olena havia marcado um encontro comigo no domingo às 8 horas da manhã no Brew's. Ela preferia que fosse no dia anterior – sábado –, mas eu tinha aula de propedêutica num hospital quase na saída da cidade, onde eu carinhosamente chamava de Fim do Mundo. Que culpa eu tinha se levava quase uma hora de ônibus até lá?

A preferência da mulher, na realidade, era que pudéssemos ter conversado um acordo e naquela mesma noite eu já começasse a trabalhar. Olena estava realmente ansiosa, ou as coisas no restaurante estavam indo realmente mal.

Saber que talvez eu teria um trabalho havia me feito passar a noite em claro. Se não fosse pelas duas horas de cochilo na tarde de sábado, eu poderia claramente dizer que estava há mais de vinte e quatro horas acordada. Nem ao menos precisei do despertador para me acordar. Quando o relógio marcou seis horas da manhã eu me convenci que poderia me levantar, começar a me arrumar e tomar um café da manhã reforçado. Isso se meu estômago nauseado da ansiedade colaborasse.

Era um malabarismo tomar banho sem molhar o cabelo e depois me vestir naquele minúsculo banheiro do hostel. Entre acordar a Mia novamente e o malabarismo, optei pela segunda opção. Ter a menina de mau humor por todo o resto do dia não valia a pena, certamente. Na verdade, eram duas opções péssimas já que no microespaço do cubículo do chuveiro eu consegui ter a barra da minha calça jeans molhada. Com o vapor da ducha quente e o esforço de vestir a calça jeans justíssima que grudava sobre a grossa meia calça úmida, eu já estava suando e frustrada.

O meu melhor suéter – e o mais novo, considerandos os outros surrados – vermelho    Deu-me algum conforto e eu quase me senti sexy àquela hora da manhã. Havia algo no vermelho que me fazia sentir poderosa. Eu precisava de toda essa confiança para o que estava por vir. Caso contrário, eu nem ao menos conseguiria descer as escadas do hostel.

Satisfiz-me com um lanche já que isso era tudo o que eu tinha para cafés da manhã. Eu era mais do tipo de acordar atrasada para a aula, sair correndo para chegar dentro do horário e sofrer até o almoço. Eu não achava uma boa ideia descongelar um dos potes de arroz, batatas e frango às 7 horas da manhã.

Pior de tudo, que a essa manhã, apenas um Mc Donald's estaria aberto há muitos quilômetro de distância. Eu não tinha mais tempo e nem dinheiro para um taxi. O lugar mais próximo para um café da manha era o Brew's e abriria em duas horas, logo depois da nossa reunião. Talvez eu teria sorte de ter umas rosquinhas da noite anterior e eu poderia convencer Olena a me vender de café da manhã antes da nossa reunião.

Suspirando e com pouco menos de uma hora me sobrando, terminei minha higiene pessoal, fiz uma maquiagem rápida e simples. Usar base, corretivo, pó compacto a essa hora da manhã, não estava nos meus planos. Mesmo com a noite mal dormida eu não tinha olheiras suficientes para me convencer à esse monte de trabalho a essa hora da manhã. Um rímel e um lip balm para proteger meus lábios do frio rigoroso foi suficiente.

Mia provavelmente estava planejando me matar quando eu entrei no quarto pela terceira vez. Tentei fazer o máximo de silêncio, minhas habilidade ninjas precisavam estar perfeitas ou a loira iria passar o resto do dia tentando me matar. Passei meu usual perfume e peguei minha jaqueta e acessórios de inverno, ou eu congelaria pelo caminho. Eu mal podia acreditar que em pleno domingo, praticamente madrugada, e com temperaturas congelantes de quase vinte graus Celsius negativos, eu estava indo para um lugar distante da minha cama.

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