Não acredito que já era seis horas da tarde! Eu tinha feito um plantão de doze horas e, por mais que isso não soe um absurdo, eu estava há doze horas longe da minha filha. Então sim, eu tenho todo o direito de estar desesperada para fugir desse hospital. Interessante como os médicos sênior pensavam que o fato de eu ser uma médica – estrangeira e – novata, eles poderiam me escravizar. Não que isso seja pessoal, eu vi muitos russos novatos passando por isso também, mas pelo menos eles não eram tradutor oficial para o professor do primeiro ano da universidade. Eu tinha dó daqueles pobres coitados, lembrando-me de quando eu estava em seus lugares há mais de sete anos atrás e também não entendia uma vírgula de russo. No entanto, isso não significava que eu tinha batalhado tanto pelo meu diploma para ser tradutora. Parece justo que eu esteja desesperada para ir embora então, certo?
Suspirei quando a liberdade chegou e eu pude correr para a sala dos médicos para trocar os meus scrubs pelas roupas que eu viera mais cedo. Tudo bem que só tinha um mês que eu tinha recebido a minha permissão para atuar como médica em solo russo, mas não era justo que até agora eu ainda estivesse sendo usada como Google tradutor, enquanto eu poderia estar sendo útil no pronto socorro.
Era, particularmente, irritante eu sair de casa sabendo que eu estarei à serviço de tradutora ou professora quando o médico responsável não estava muito afim de fazer seu trabalho ou ocupado demais para isso. Não que eu me negue a ensinar meus futuros colegas de profissão. Como eu disse, já estive no lugar deles uma vez e sei o quando é difícil e aterrorizante. Mas isso não me deixava menos infeliz de ouvi um "Hathaway, você vai cobrir a aula do doutor, porque ele foi chamado para cirurgia." Nunca entendi qual o sentido de colocar um médico como professor e bem... Médico no mesmo horário. Como ele poderia ensinar se estava sendo, constantemente, chamado para uma consulta ou cirurgia e os alunos não podiam participar?
— Oi, Hathaway. É a primeira vez que te vejo por aqui. – Um colega disse. Na verdade, não um colega, mas um ex-professor e alguém que eu admirava e respeitava muito. Alguém que me ensinou muito. — Ah, me desculpe! É doutora Hathaway agora.
— Oi, doutor Mikhail! – Saudei, feliz com uma risadinha orgulhosa pelo meu novo status. — Pois é, demorou, huh? – Brinquei.
— Sempre soube que você conseguiria. – Ele comentou com uma olhadela gentil, vestindo seu jaleco sobre os scrubs. Horário da visita da tarde, eu sabia. — Como está a sua filha?
— Bem! Crescendo rápido demais para o meu gosto. – Ainda parecia ontem que ela tinha saído de mim. Às vezes, eu até podia sentir a antiga sensação dela mexendo. Era nostálgico.
— Aproveita! – Ele sorriu. Era bem estranho estar falando sobre nossos filhos com um antigo professor. Nem parecia que há alguns anos atrás, ele tinha me dado sermões para estudar mais e operado o meu Camarada. — O meu entrou na faculdade esse ano.
— Mentira? – Eu o encarei, chocada, a meio caminho de tirar o meu jaleco. — Eu lembro dele pequeno ainda!
— Pois é! Por isso eu estou te falando para aproveitar. – Ele passou o estetoscópio pelo pescoço e pegou sua touca cirúrgica. Ele devia ter uma coleção delas! — Eu soube da novidade também.
— Soube? – Eu o olhei em choque de novo, mas o sorriso orgulhoso brotou no meu rosto. Esse hospital só tinha gente fofoqueira, mas como ele não saberia?!
— É claro! – Ele deu uma risada como se eu estivesse sendo absurda. E, aparentemente, eu estava mesmo.
— Dimitri vai ficar louco! – Eu ri e enfiei as coisas que estavam nos bolsos do meu jaleco e scrubs dentro da bolsa. — Ele ainda não sabe. Não tive tempo de contar.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...