Capítulo 24

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Eu estava totalmente derrotada quando chegamos em casa, meu reflexo no espelho do banheiro mostrou o que eu já sabia e sentia. O caminho, desde a casa da Olena até o apartamento, foi feito em total silêncio. Mal parecia o mesmo casal que tinha saído aos amassos e cheio de promessas de um final de noite quente. A calcinha sexy que Dimitri havia escolhido não teve utilidade além de ficar atolada em meu traseiro durante toda a maldita noite. Esta sumiu antes mesmo que eu escovasse meus dentes e meu cabelo ao me preparar para ir para a cama. A famosa camiseta branca do pijama substituiu o vestido logo depois de uma rápida ducha e eu fui me deitar antes mesmo do Dimitri voltar para o quarto.

O misto de frustração e raiva dentro de mim do que havia acontecido no jantar não ia me deixar dormir tão cedo, mas eu também não tinha vontade de fazer mais nada até o final dessa noite e madrugada adentro. Também, a situação merda com a Tasha era outra coisa que estava tirando o meu sono. Por mais que eu não quisesse falar sobre essa noite, fingir que nada tinha acontecido, eu sabia que essa conversa ia acontecer ainda hoje. Pelos olhares do Dimitri no caminho de volta, eu não ia fugir disso. Eu só fugiria dessa conversa se eu estivesse, nos próximos vinte minutos, dentro do hostel. Onde eu tinha zero interesse de passar o final dessa noite. De braços cruzados na cama e o edredom até o meu colo, vi a beldade do meu amor passar pela porta.

Nós continuamos em silêncio até que ele estivesse pronto, a luz apagada e deitado ao meu lado. Escorreguei na cama e deitei, suspirei olhando para o teto. Sob a escuridão, pude deixar a vulnerabilidade me atingir e a vontade de chorar emergiu. Não deixei que ela extravasasse, no entanto. Eu não ia chorar por uma besteira como essa. Foram vinte e cinco anos acreditando que eu não tinha um pai. Ok, ele existe. Isso é tudo. Ou quase tudo, porque o meu cérebro e coração não pararam de deixar de pensar o quão diferente as coisas teriam sido se ele tivesse sido presente ou algo próximo a isso. Ele não precisava ter compartilhado da minha vida, mas teria sido bom se ele tivesse ajudado minha mãe enquanto eu crescia.

Minha mãe e eu tínhamos passado por tanto estando apenas nós duas. Talvez, se Abe tivesse existido em nossas vidas – mesmo que à distância – de alguma outra forma além de engravidar a minha mãe, muita coisa teria sido evitada, muitas brigas não teriam acontecido, nós teríamos sido uma família. Eu não teria procurado um modelo paternal na família do Mason com seu próprio pai. Ele teria me dado força quando Mase morreu. Infernos, muita coisa podia ter sido diferente. Até mesmo, Mase poderia estar vivo. Eu não teria atravessado o planeta para estudar Medicina na Rússia. Eu, provavelmente, teria estudado Biologia e trabalhado com pesquisas. Ao mesmo tempo, refleti que eu nunca teria conhecido o Dimitri, nunca teria considerado ter a minha própria família. Nunca teria pensado uma segunda vez que eu estava disposta a me casar e – talvez – ter um filho. Eu só não queria que o meu bebê passasse pelo mesmo que eu passei. Ele – ou ela – não ficaria sem o pai de jeito nenhum. Então eu sabia que, se um dia eu tivesse um filho, não seria em uma relação instável e sim bem sólida, com alguém que realmente queira. Alguém como o Dimitri.

Pensar sobre um bebê me fez lembrar da história maluca da senhora Yeva e de como o Dimitri poderia estar afetado por isso agora. Eu querendo ou não, ele já tinha sido pai uma vez e amava seu filho. Uma mentira como essa poderia ser nociva. Colocar-me distante dele não ia ajudar, principalmente, porque eu não queria que ele sofresse com algo que não é verdade e, se eu quisesse que nós déssemos certo, nós precisávamos começar a se expressar melhor. Um relacionamento só funciona se a comunicação for decente, se conversarmos. Pior, eu tenho esse costume de pensar demais e não compartilhar, ser e estar sozinha, mas eu tinha que aprender e entender que agora, tem alguém que me ama ao meu lado. Alguém disposto a compartilhar sua vida comigo, seu amor, me ensinar a confiar em outra pessoa e me deixar ser cuidada. Tudo de um modo bem diferente do que eu tinha com o Mase, algo que vai muito além da amizade e do sentimento fraternal.

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