Acho que fazia muito tempo que eu não ficava tão nervosa como eu estava agora. Meus exames da faculdade até pareciam brincadeira de criança considerando o quão nervosa eu estava. Nem mesmo o dia em que eu ousara em fazer uma surpresa para o pedido de casamento ao meu Camarada foi tão complicado. Meu estômago esteve enjoado há duas semanas, desde que Dimitri e eu colocamos os pés em Missoula – talvez, uns dois dias antes de partir de Baia também –, na minha antiga cidade. Tinha se intensificado no nível máximo àquela manhã, por um motivo bastante concreto.
Eu ainda não acreditava que fui convencida a usar o começo das minhas férias de verão para voltar para casa. Dimitri tinha tirado essas duas semanas de férias para me acompanhar, porque nós todos sabíamos que eu ainda não conseguiria voltar e fazer isso sozinha. Na verdade, até acho que eu daria conta, mas o quanto me quebraria no processo.... Não sei afirmar. Então Dimitri me emprestou toda a sua força e seu amor para que eu conseguisse estar sentada nesse café hoje.
Eu tinha procrastinado o encontro com os pais do Mason até o último segundo – ou dia, melhor dizendo –. Nós já voltaríamos para Baia na manhã seguinte e eu sabia que esse era o último passo para me livrar dessa dor que me prende ao Mase – ou ele à mim – e ao sacrifício que é voltar para casa por esse mesmo motivo. Ele tinha que descansar em paz e se nós não resolvêssemos essa situação, ele não o faria tão cedo. No dia que eu enviei a mensagem para a mãe do Mase, dizendo que eu estava em Missoula e que nós deveríamos nos ver, Dimitri passou, pelo menos, metade da manhã acariciando a minha coluna enquanto eu vomitava – e chorava – tudo o que já não mais existia em mim, apenas por ter recebido a confirmação de que ela iria nos encontrar.
Eu queria desistir, queria muito, mesmo já estando aqui, no nosso local de encontro. Eu ainda não estava pronta, mas o Camarada, com seu braço ao redor dos meus ombros e seu dedo rodando a pequena aliança no meu dedo, era quem estava me mantendo ali, sentada. Não firme e nem forte, mas eu estava ali e esse já era um passo muito importante nas nossas vidas.
O capuccino morno à minha frente, estava intocado. Eu não confiava no meu estômago para colocar nada dentro até que esse encontro estivesse finalizado e eu estivesse na segurança da minha casa. Nós tínhamos chegado quase dez minutos adiantado, fruto da minha insônia e ansiedade. Da mesma forma que eu queria que isso acabasse, eu também não queria nem que começasse. Era um paradoxo, mas qualquer uma das opções que me livrasse desse encontro, eu topava de bom grado.
Quando eu comecei a balançar meus pés, incansavelmente, Dimitri desceu seus lábios para a minha cabeça por longos segundos. Fechei meus olhos tentando absorver um pouco da paz e força que ele estava tentando me transmitir. Respirei fundo e segurei o ar por alguns segundos, libertando-o o mais lento possível. E repeti mais algumas vezes. Eu me senti um pouco mais dona de mim por praticar o exercício de respiração, mas isso não fazia a situação menos pior.
O sino da porta do café tocar, fez Dimitri e eu encarar quem estava entrando e para o meu total pavor, eram os pais do meu amigo. Eu senti que poderia desmaiar. Os cabelos ruivos da mãe dele era o mesmo tom de fogo dos do Mase. Ela tinha mudado tanto... Parecia mais velha do que eu me lembrava, mas não aparentava estar sofrendo o mesmo pandemônio que esteve me assolando nos últimos anos. Eu me levantei imediatamente. Não sei dizer se por um costume herdado do sistema rígido da faculdade ou se era por puro respeito. A senhora Maddelyn – quem eu sempre chamara, carinhosamente, de Maddie – sorriu para mim e me analisou com um olhar doce e saudoso. A mesma avaliação que eu fizera dela, ela devia estar fazendo comigo.
Os últimos dias, que precederam o encontro, tinham sido um verdadeiro inferno para mim e nem a maquiagem conseguiu disfarçar o quão afetada eu estava. Até tentei me distrair ao levar Dimitri em lugares que eu frequentava e gostava, para que ele aprendesse um pouco mais do meu passado, ainda assim, tinha sido difícil. Eu tinha lembranças em todos os cantos dessa cidade com o Mason. A saudade nunca foi tão vívida. Ali, olhando para a Maddie e o George, eu não me importava que eles vissem as semanas desgraçada que eu vivi. Eles me conheciam, eles me entendiam.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...